Distúrbios alimentares

Por Alice Amaral

09/03/2022 às 16h44 - Atualizada 09/03/2022 às 16h44

O distúrbio alimentar se caracteriza por hábitos alimentares inadequados, sofrimento ou preocupação excessiva com o peso ou com a aparência.

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O mais comum é a chamada anorexia nervosa. Anorexia significa falta de apetite, mas na anorexia nervosa não existe, necessariamente, uma perda de apetite, mas uma restrição forçada da ingestão alimentar. O paciente sente fome, mas não se permite saciar essa fome e isso leva a um emagrecimento acentuado, podendo chegar a um quadro de caquexia. Existe uma distorção da imagem corporal, ou seja, a pessoa se sente gorda, mesmo estando abaixo do peso. A anorexia nervosa pode causar uma diminuição da imunidade, amenorreia – ausência da menstruação, irritabilidade, ansiedade, depressão, isolamento social, diminuição da autoestima e do desejo sexual (perda da libido), cansaço excessivo, dor de cabeça, desidratação, arritmia e pode levar até à morte.

O segundo é a bulimia, caracterizada pelo consumo excessivo de alimentos, em curto espaço de tempo, seguindo de um comportamento compensatório inadequado, como o uso de laxantes, diuréticos, indução de vômitos ou exercícios físicos excessivos. Geralmente, ela vem acompanhada por uma sensação de culpa após o ato de comer. Muitas vezes, a pessoa evita comer perto das outras e passa a comer escondido. A bulimia também pode causar problemas dentários, refluxo gastresofágico, fadigas, desmaios, câimbras, menstruação irregular, anemia, osteoporose, prisão de ventre, alteração da pressão arterial, problemas cardíacos, ansiedade, depressão e pode levar até ao suicídio.

A compulsão alimentar se caracteriza por episódios de comer grandes quantidades de comida em intervalos curtos de tempo. Algumas pessoas chegam a ingerir até 15 mil calorias em poucos minutos. Existe uma sensação de perda de controle sobre o ato de comer e, em seguida, um arrependimento de ter comido. Diferente da bulimia, não existe nenhuma tentativa de eliminar esses alimentos, como indução de vômitos ou uso de remédios.

O outro é a ortorexia, sendo que orthos significa “correto” e orexis significa “apetite”, ou seja, é um transtorno obsessivo-compulsivo, que se caracteriza pela busca obsessiva de alimentos saudáveis, com rigorosas restrições alimentares. Portanto, exclui alimentos com substâncias químicas, agrotóxicos, aditivos, gorduras trans, excesso de sal e de açúcar. É uma dieta extremamente restritiva que acaba comprometendo a vida social. A pessoa que tem esse problema quer convencer a todos a seguir a sua dieta.

Nesse caso, a comida é a parte mais importante da vida, por isso uma preocupação excessiva com a qualidade e o preparo, exigindo técnica e materiais muito especiais. Com isso, a pessoa acaba não comendo na rua, ficando em casa para preparar a sua própria comida.

Além disso, o cardápio acaba sendo muito repetitivo e isso pode levar a deficiências nutricionais sérias, causando anemia, hipovitaminose, cansaço, diminuição da massa muscular e da massa óssea (osteoporose), unhas fracas e queda de cabelos.

O outro é a vigorexia, também chamada de “overtraining”, ou síndrome de Adônis. Ela nada mais é do que uma anorexia nervosa reversa. Ela se caracteriza pela preocupação excessiva em ficar forte, mesmo já sendo extremamente musculoso. São pessoas muito preocupadas com o corpo, insatisfeitas e buscando a perfeição. Essas pessoas acabam fazendo de três a quatro horas de treinos por dia, causando um prejuízo social e no trabalho.

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Por isso, é sempre bom lembrar que o importante é o equilíbrio.

Alice Amaral

Alice Amaral

Médica - Título de Especialista em Nutrologia – RQE 9884 - Título de Especialista em Medicina do Esporte – RQE 9895 - Título de Medicina Física e Reabilitação - RQE 44090

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