Transtornos alimentares em tempos de Covid-19
Estamos há um ano vivendo esse isolamento social por causa da pandemia da Covid-19. Com isso, a maioria das pessoas sofreu mudanças drásticas na rotina. Essa perda do convívio social associada ao convívio das pessoas dentro de casa está favorecendo o aumento de casos de distúrbios de ansiedade, irritabilidade, insônia e depressão.
A perda financeira, a falta de oportunidade de realizar atividade física, o tédio e o medo da doença, favorece para o aparecimento de doenças como anorexia, bulimia e transtorno de compulsão alimentar.
Na anorexia nervosa ocorre uma restrição calórica severa que pode levar a um quadro de magreza. É importante destacar que embora o paciente esteja muito abaixo do peso, ele tem um distúrbio da imagem, fazendo com que ele se sinta gordo, mesmo estando muito magro.
Já a bulimia é um transtorno alimentar grave, marcado por um desejo compulsivo de comer seguido de métodos para evitar o ganho de peso. Neste caso, o paciente tem um apetite exagerado, com grande ingestão de alimentos (às vezes bem misturados) e com a sensação de falta de controle. Após essa refeição exagerada, ele cria um método compensatório: o mais comum é o vômito, mas pode ser o uso de diurético, laxante, atividade física excessiva, jejum prolongando, tudo para evitar o ganho de peso.
O Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico (TCAP) se caracteriza por episódios de comer grandes quantidade de comida, em intervalos curtos de tempo, também com essa sensação de perda de controle sobre o ato de comer, seguido de um arrependimento por ter comido. Ele é diferente da bulimia, que tem um comportamento compensatório inadequado.
Problema mundial
Todos esses casos favorecem o aumento da obesidade. Vários países como Itália, França, Reino Unido e Israel já relataram o aumento de peso da população durante o período de isolamento. O sedentarismo impulsionado pela pandemia (com a redução de atividades rotineiras como fazer uma caminhada) associada à alteração de hábitos alimentares, com maior consumo de ‘fast food’, industrializados, biscoitos, salgadinhos e refrigerantes, está causando um aumento de peso na população.
A obesidade é uma doença crônica, que muitas vezes está associada a diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, pulmonares. Além de promover alterações hormonais, que leva a um estado inflamatório permanente e maior suscetibilidade às complicações da Covid-19. O obeso tem mais chance da infecção se desenvolver rapidamente para síndrome respiratória aguda grave, insuficiência respiratória aguda e outras complicações.
A obesidade é uma epidemia, que atinge 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças no mundo. Ela é responsável por 4 milhões de mortes por ano. No Brasil, um em cada cinco habitantes é obeso, sendo que metade está acima do peso.
Emoção
O alimento está muito ligado às nossas emoções. A criança quando nasce tem o prazer oral, em contato com o seio materno. Às vezes, acontece um distúrbio dessa função do alimento. Por exemplo, se a criança chora e a mãe alimenta logo achando que é fome, mas pode ser frio, fralda suja ou alguma dor. Com isso, a gente costuma usar o alimento para compensar as nossas dores, ansiedades e frustrações. É muito comum a pessoa ansiosa comer, mas esse ato causa outros problemas.
A sugestão para driblar essa compulsão é manter uma rotina, com horários para acordar, fazer as refeições, além de inserir o exercício físico no dia a dia.
Se você está com tempo em casa, comece a preparar refeições mais elaboradas, com alimentos naturais. Abuse das frutas, legumes e verduras. Se não quiser sair de casa, dance, pule uma corda, faça um agachamento, suba e desça a escada, ou ande de ‘bike’. É preciso achar uma maneira de manter o corpo saudável.
É importante destacar que durante o exercício, o paciente libera hormônios antidepressivos, além de melhorar o sistema imunológico. A atividade física é ótima para a mente e para o corpo. O ser humano não foi inventado para ser sedentário. Fomos inventados para fazer exercícios durante o dia e dormir à noite.