Em busca do amor verdadeiro: uma lista de crushes com Cláudio Lins e Ricky Martin
Imagine esta situação. Você está na plateia assistindo ao musical “Sapatinho de cristal”, estrelado por Lucinha Lins. De repente, o príncipe, vivido por Cláudio Lins, desce do palco, vai até você e tenta colocar o sapatinho no seu pé. Se você fez sua “estreia no mundo” nos anos 1980, como é o caso da Isabela, protagonista de “Desencontros de amor” (156 páginas), é óbvio que se apaixonou à primeira vista.
Esse foi o primeiro amor platônico de Isabela. Em seguida, quem a fez suspirar foi Ricky Martin, aquele integrante dos Menudos que arrebatou o coração de muitas meninas que viveram a adolescência nos anos 1990. Logo depois, teve o crush da escola, o da praia… A cada um dos 22 capítulos, embarcamos em mais uma história de amor de Isabela. O cenário por onde Isabela e os outros personagens transitam é o Rio de Janeiro, com seus cartões-postais e boates emblemáticas. Tudo acompanhado por uma trilha sonora que conta com músicas que marcaram época, além de três canções inéditas, compostas especialmente para o livro. Um QR Cord direciona o leitor para a playlist.
“Isabela é uma romântica incorrigível: sonhadora, intensa e um tanto dramática. É apaixonada pela ideia de encontrar o ‘amor verdadeiro’ e passa a vida inteira em busca do seu ‘felizes para sempre’, esbarrando em muitas ciladas nesse caminho tortuoso”, adianta a autora carioca, formada em Comunicação Social, Gisele Fortes, confidenciando que as aventuras do livro foram baseadas em experiências que ela mesma viveu. Claro que os fatos reais ganharam boas doses de ficção.
Assim como sua protagonista, Gisele nasceu em 1980, é romântica e nutriu paixões avassaladoras por Cláudio Lins e Ricky Martin. “Desencontros de amor” é seu terceiro livro. Ela também é autora de “Pronta para viver” e “Todas as curvas do caminho”.
Marisa Loures – Que caminho você percorreu em “Desencontros de amor” para que a jovem leitora de hoje se identificasse com a história da sua protagonista?
Gisele Fortes – Apesar de contar a história de uma garota que vive intensamente as décadas de 1980, 1990 e 2000, o livro traz questões que são atemporais para qualquer jovem: as inseguranças da adolescência, os amores platônicos e, claro, as primeiras experiências reais. Qualquer adolescente, independentemente da época em que vive, tem as mesmas questões com o primeiro beijo, a primeira transa e a primeira decepção amorosa. Isabela é uma personagem muito real, cheia de defeitos e vulnerabilidades, o que torna a identificação com o leitor muito natural.
– “Desencontros de amor” é feito sob medida para os adolescentes. Esse é, realmente, o público que você quer atingir?
– Sim. Os adolescentes são o público principal de “Desencontros de amor”, sobretudo por ser uma leitura muito leve, rápida e divertida. No entanto, também quero atingir pessoas da faixa dos 40 anos que, como Isabela, viveram a infância na década de 1980, a adolescência na década de 1990 e a juventude nos anos 2000. As referências desse tempo são muitas e geram identificação com as pessoas mais maduras, funcionando como uma viagem bastante nostálgica.
– E é um livro que nos mantém atentos o tempo todo. A cada capítulo, embarcamos em mais uma história de amor de Isabela. Como foi o processo de construção desse romance?
– Eu tinha muitas histórias pessoais engraçadas e embaraçosas para contar. A vida inteira ouvi dos amigos que tinha de escrever um livro sobre as situações por que passei ao longo do meu caminho em busca do amor. Então, resolvi colocar essa experiência no papel e decidi que colocaria uma história por capítulo, sempre focando nos desencontros amorosos, de modo a dar ritmo e agilidade à narrativa. Foi muito bacana resgatar o meu passado com um olhar maduro, o que permitiu que eu o fizesse de uma maneira leve e despretensiosa, me fazendo dar risadas até das situações que me fizeram sofrer.
Cada capítulo é embalado por uma trilha sonora. Aliás, três canções são inéditas. Essas músicas ajudaram a construir a personalidade da Isabela? Em que momento você as inseriu na história?
Como eu sou uma pessoa muito musical, as histórias sempre vêm acompanhadas de músicas na minha cabeça. Logo no início do projeto, defini que queria canções originais para o livro. Eu tinha duas letras escritas há anos e resolvi aproveitá-las nesse processo: elas acabaram virando “É culpa do destino” e “Destinada a você”, com a ajuda talentosíssima do meu parceiro “Embarcanções”. Acho que as músicas próprias, além de ajudar a contar a história de Isabela, fazem com que a experiência do leitor transcenda as páginas do livro, tornando a vivência da história mais imersiva e completa.
– Você é jornalista e trabalhou, por 20 anos, no mercado corporativo. Só depois resolveu dedicar-se à escrita de livros. São três obras publicadas. O que a levou para a literatura? Por que decidiu escrever histórias de amor?
– Eu optei pelo jornalismo porque era apaixonada por ler e escrever. Aos 9 anos, já tinha cadernos de poesias, pastas com cartas nunca entregues e rascunhos de histórias ficcionais. No entanto, a profissão acabou me afastando da escrita por muitos anos, fazendo com que esse meu lado ficasse adormecido. Depois de 20 anos no mercado, sempre trabalhando com comunicação corporativa e assumindo cargos executivos, engravidei de gêmeas. Para minha surpresa, fui notificada de que seria desligada da empresa em que trabalhava ainda na licença-maternidade e ouvi que “uma pessoa com dois bebês não pode ocupar um cargo gerencial”. Então, decidi empreender, abri uma consultoria de comunicação e passei a ter mais tempo para mim, para as minhas filhas e para os meus sonhos. Foi nesse momento que resgatei o meu desejo de infância, apostei na literatura e dei voz à minha paixão mais antiga. Escrever histórias de amor foi natural, uma vez que sou uma pessoa muito romântica e, como leitora, gosto de consumir esse tipo de obra. Eu escrevo aquilo que gosto de ler.
– Depois de três livros publicados, já dá para saber o que a jovem leitora de hoje quer ler?
– Eu acho que sim. Na minha opinião, as pessoas querem ler histórias que gerem identificação: elas precisam sentir conexão com os personagens para se interessarem por suas trajetórias. E querem romance, paixão e, claro, muitas emoções. O amor nunca sai de moda.
– Já ouvi que uma boa história precisa de um final feliz, o que acontece em “Desencontro de amor”. O que é um bom final para você?
– Eu amo finais felizes. Acho que a vida real já é difícil demais, então, a ficção serve como um lugar de conforto para o qual podemos nos transportar. Para mim, um bom final é aquele que é realmente condizente com a história e a fecha com coerência. Mas é claro que, se der para deixar o coração do leitor “quentinho” nesse processo, é ainda melhor.
“Desencontro de amor”
Autora: Gisele Fortes
156 páginas