Melhor quibe é impossível!

A deliciosa culinária árabe com receitas familiares vindas de Beirute pelas mãos de imigrantes libaneses. Conheça o Kibe do Mauad

Por Airton Soares

04/04/2019 às 09h19 - Atualizada 04/04/2019 às 09h19

O Kibe Mauad está na minha memória afetiva desde a mais tenra infância. Recordo-me de, todo dia 19 de março, ir à Igreja de São José na comemoração do dia do santo, sempre levado pelos meus pais. E logo ao lado dessa igreja, na minha ótica infantil, sempre existiu o Kibe do Mauad, onde eventualmente comia o prato que está no nome da casa e que nunca mais pude me esquecer. Em março passado, resolvi dar uma ida lá, dessa vez um pouco depois do dia dedicado ao santo, e conversar com o senhor José Amino Mauad, proprietário do lugar. Ele é casado com a Glória e é pai da Elizabeth. Juntos, cuidam deste verdadeiro ícone da culinária árabe há 66 anos, sempre no mesmo endereço. O restaurante foi fundado pelo pai do José Amino, o libanês José Mauad. Com tantos xarás por perto, o santo padroeiro da igreja ali ao lado deve ter abençoado o lugar!

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O José, filho, me contou que as receitas que hoje existem lá foram trazidas diretamente de Beirute pelo seu pai. Antes, eram comuns os quibes com recheio de carne ou com molho de tomate, muito tradicionais na capital do Líbano. Ele contou-me que, ainda jovem, vislumbrou a possibilidade de ampliar o cardápio, sem perder a essência e os temperos da clássica comida árabe e melhorar ainda mais o menu da casa. Hoje podemos escolher entre os quibes cuja massa pode ser preparada com carne, batata ou até bacalhau, uma boa pedida para a Quaresma, né? Já os recheios podem variar entre a tradicional carne ou ainda Catupiry, coalhada, camarão e carne com nozes. Por fora são crocantes, leves e saborosos. O recheio é farto e igualmente delicioso. São sempre fritos na hora do pedido e servidos quentinhos.

Curtiu? Então que tal experimentar também um quibe labanye, cozido na coalhada, ou o quibe cru, que fica muito bem com a salada da casa, tal qual o tabule. Arroz com lentilha, couscous marroquino, charuto de repolho, fattouch, kafta também são ótimas pedidas. Eu, particularmente, recomendaria o meu preferido, o “Três em Um”: coalhada, hamus e berinjela. Acompanhado de um pão sírio e um fio de azeite é sucesso garantido. Aliás, nessa minha última visita à casa, a coalhada estava tão fresquinha que fui obrigado a repetir, algumas vezes, o prato, sob os olhares da família atenta à minha gulodice de repórter gastronômico. Só posso concordar com o que afirmou o senhor José: esse povo libanês é quem sabe mesmo fazer uma boa comida árabe!

O legal é que agora, além da tradicional festa de São José no dia 19 de março, lá naquela mesma igreja milhares de pessoas se reúnem semanalmente na Missa do Impossível, celebrada pelo Padre Pierre sempre às terças feiras. Soube pelo Senhor José que o Padre também é apreciador dos quibes do Mauad! Daí fiquei pensando: tomara que muitos pais levem seus filhos lá, afinal, se funcionou comigo, vai ser ótimo que alguns jovens e crianças guardem essa tradição para a vida. Não só a religiosa, mas a gastronômica também, não é verdade?! Então, não deixe de ir à missa! Mas também vá ao Mauad, porque esse quibe é de comer rezando!

Kibe Mauad

Segunda a quinta, das 17h30 às 22h, sexta e sábado, das 17h30 às 22h30 (Avenida Sete de Setembro 412 – Costa Carvalho). Telefones: 3215-7669 e 99174-4692

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Butecos de JF

Butecos de JF

Airton Soares é gestor público por formação acadêmica mas, por opção e gosto, é conhecido como apreciador da cozinha de raiz, com experiência comprovada e acumulada na cintura. Já foi jurado em diversos concursos de gastronomia, é colunista do Tribuna de Minas, tem programa na rádio Transamérica JF e é dono da fanpage @butecosdejf, onde conta com mais de 100 mil seguidores que acompanham as dicas e comentários sobre comidas, bebidas e bares desse rotundo entusiasta da culinária simples e saborosa, segundo ele, a mais gostosa de todas!

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