Sonhar é preciso
Você tem um sonho? O que faria para torná-lo real? Ou é daqueles que sonha, mas, para evitar adversidades, deixa-o quietinho? Convencendo-se de que ainda não é o momento e de que essa hora ainda vai chegar. Sonhar é algo muito importante na vida de cada um de nós. Os sonhos nos movem, nos tira do marasmo, faz a gente mudar de lugar. Transforma-nos! Sonhar é perigoso! Pobre do homem que não sonha e vive condenado à mesmice. Sonhar incomoda. Lutar para realizar o sonho incomoda mais ainda. O sonhador sempre irá encontrar em seu caminho alguém para desestimulá-lo. Alguém que queira prender seu sonho, não deixá-lo alçar voo, porque não teve coragem de dar asas aos próprios sonhos. Para alguém assim, sonhar é lutar contra o vento. Por isso, é preciso não se deixar abater e sonhar! Sempre!
Há aqueles que se gabam de ser pragmáticos. Estão calcados na realidade e acham que sonhos não enchem barriga. É preciso discordar, pois sonhar é bom e inspira a vida. Um homem sem sonho é alguém sem meta, sem brilho no olhar. Os sonhos não existem para ficar guardados na cabeça ou no coração. Eles precisam se soltar para a vida e alcançar a vida das outras pessoas, impulsionando-as.
Sonhos são dignos de virar realidade, e acreditar é o começo. Dependendo do sonho, ele pode fazer toda a diferença no mundo. Assim, sonhar vem junto com trabalhar, porque, para concretizá-lo, é preciso arregaçar as mangas. Correr atrás, não se deixar esmorecer nem se contaminar pela letargia de quem torce contra. É necessário acreditar no possível e fazê-lo, mesmo que se tenha que recomeçar, iniciar-se do zero algumas vezes.
Há quem diga que não sonha. Mas sonha sim, só que tem medo. Um medo que paralisa e que não deixa a pessoa vislumbrar outras possibilidades. Já conheci muitas pessoas assim e, para elas, torço que encontrem a garra para buscar por seus sonhos. Também conheci muitas pessoas sonhadoras que concretizaram os seus sonhos e estão felizes. Mas, conheço muito mais, muito mais mesmo, pessoas que estão no processo de busca de seu sonho, de torná-lo real. Algumas, inclusive, já mudaram de sonho e continuam atrás do novo. Essa demanda, essa diligência também tem a sua graça, a sua significância, pois mantém o sonhador acordado, querendo algo mais.
Resolvi falar sobre a importância dos sonhos nesta coluna e de forma tão redundante, porque, nesta semana, perdi alguém que era movida por um sonho. Nos dois últimos anos em que convivemos, só um desejo movia essa pessoa: a vontade de ser aprovada na seleção de doutorado. Algo que, para ela, já aos 60 anos de idade, seria uma realização pessoal, além da possibilidade de melhorar seus rendimentos. Ela assistiu a todas as aulas que pôde, leu todos os textos que conseguiu, participou de todos os congressos a que teve acesso. Tudo isso enquanto nos brindava com sua simpatia, candura no modo de falar e alegria de viver, mas claro com a insegurança e a ansiedade de qualquer estudante diante de uma seleção de doutorado. Inscreveu-se no processo que ainda está em curso e terá o primeiro resultado no próximo dia 5.
Mas Fátima nos deixou no último domingo, sem aviso prévio, de repente. Assim como tinha pressa em ingressar no doutorado, ela teve pressa em partir, deixando-nos um vazio, que só o tempo irá curar. Sua rapidez foi tamanha que não tivemos tempo de dizer que, para nós, ela já era doutora em generosidade, que é um título muito mais difícil de ser conquistado e que ela já possuía com louvor! Descanse em paz, querida Fátima!