Não existe extinção para o jornalismo
O autoritarismo que ora vigora no país e tenta fazer os brasileiros acreditarem que esse seja o melhor caminho para que o Brasil se transforme em grande nação insiste em atacar o jornalismo. Algo que é totalmente contraditório, uma vez que, para se alcançar a grandeza, os países devem zelar por sua democracia, e esta não existe sem que o jornalismo possa ser realizado de forma livre dentro de seus territórios. O autoritarismo que ora vigora no país quer o jornalismo extinto e sopra a quatro cantos que, nós, jornalistas, somos uma espécie em extinção.
Esse tipo de manobra, que tenta a todo custo desacreditar o jornalismo, tem seus objetivos, como embargar o debate e, como consequência, minar a democracia, em uma tentativa de silenciar as vozes que se colocam em posição contrária. Está claro que esses ataques à liberdade de imprensa e a perseguição que vem sendo feita contra jornalistas servem como inspiração para os criadores de fake news, que, a cada dia, sentem-se mais legitimados pelo discurso oficial pautado na mentira.
É óbvio que se trata de estratégia a fim de impedir que críticas e denúncias de mazelas venham à tona, como forma de ludibriar os menos informados. Um retrocesso que jamais poderíamos imaginar estar acontecendo em pleno 2020. E, por falar nisso, neste ano, há as eleições municipais e, com elas, existe o grande desafio de combater as fake news. Como sabemos, a circulação de falsas notícias, em 2018, durante a disputa eleitoral, baniram o debate de ideias e projetos, que são essenciais em qualquer pleito, para um segundo plano. E o resultado disso é diverso, mas, com certeza, o maior prejuízo fica para o povo e para a democracia.
Quando há o propósito de macular o jornalismo, o que se almeja é que as pessoas deixem de confiar na apuração séria e responsável e nos fatos, estimulando-as a acessarem outras fontes. E aí está o perigo, pois o whatsapp, onde as fakes news imperam, tornou-se a principal fonte de informação dos brasileiros, como aponta pesquisa divulgada, em dezembro do ano passado, pela Câmara dos Deputados e Senado. O ambiente possui mais de 136 milhões de usuários no Brasil, sendo a plataforma mais popular juntamente com o Facebook.
Como bem manifestou a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) contra a investida sobre os jornalistas, “enquanto a informação for uma necessidade vital nas sociedades modernas, e ela será sempre, o jornalismo vai continuar a existir”. Nos espaços das redações, existe o costume de chamar aqueles jornalistas mais velhos, da época da máquina de escrever e de quando não existia a internet, de dinossauros, de profissionais que estão quase em extinção.
Mas essa é apenas uma brincadeira carinhosa e de respeito ao trabalho de jornalistas experientes, porque não existe extinção para nós. Em qualquer época em que houver sede de liberdade, haverá jornalistas. Eles poderão até ser chamados por outro nome, mas serão sempre jornalistas, e a história irá tratar de engolir os inimigos da democracia. Se a mentira ganha força, é bom que fique claro que ela serve apenas de oportunidade para que a verdade venha à tona.45