Bem-vindo 2020 e que seja brando!

Por Marcos Araújo

09/01/2020 às 07h12 - Atualizada 09/01/2020 às 07h16

Para esta primeira coluna de 2020, confesso que faltou inspiração. Depois de um 2019 com tantos dissabores, queria que o texto de hoje fosse cheio de otimismo, já que guardo muita esperança de boas novas para este ano que se inicia. Eu e muitas pessoas que me cercam agarramos na crença de que, depois da meia-noite do dia 31 de dezembro do ano passado, algo mágico pudesse acontecer para que o mundo voltasse para o eixo, para que não houvesse mais um pingo de dúvida sobre a esfericidade de nosso planeta.

Todavia, 2020 foi chegando e, logo nos primeiros dias, mostrou que a Terra terá que dar mais voltas ao redor de si mesma para que as coisas cheguem ao seu lugar e tomem um rumo de harmonia. Digo isso porque, de férias com a família em Cabo Frio, acordamos no último dia 3 com a ameaça de uma grande guerra entre Estados Unidos e Irã. Desde então, o que mais se noticia na mídia escrita e falada são as consequências genocidas de um conflito mundial com uso de força nuclear.

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Minha filha de 8 anos, que naquela manhã só pensava em ir para a praia, quis saber sobre o que era uma guerra e perguntou se quando eu era criança já tinha visto uma guerra. Expliquei para ela que a guerra era algo para o qual os homens poderosos apelavam quando não mais conseguiam conversar, deixando a arrogância e a ganância subirem para suas cabeças. Também expliquei que nunca tinha visto de perto uma guerra e que não gostaria de ver jamais, assim como também não gostaria que ela, meus netos e as futuras gerações de nossa família vissem.

Toda essa conversa com minha filha me fez lembrar de quando eu era criança e existia a Guerra Fria, com uma ameaça constante sobre nossas vidas, e que terminou no início dos anos 1990. Mas, infelizmente, hoje, temos a certeza de que o medo da possibilidade de um conflito nuclear ainda paira sobre a humanidade. Se naquela época o risco nuclear viria quase que exclusivamente de um embate entre Estados Unidos e União Soviética, atualmente, o perigo pode vir de outros países. Em uma pesquisa rápida no Google, é possível constatar o número de nações que ainda investem em armas nucleares. Coreia do Norte, Índia e Pasquistão estão entre eles.

Logo que as notícias sobre a tensão entre EUA e Irã começaram a repercutir nos jornais e TVs, o Brasil, país ainda partido, reagiu. Mas a grande maioria dos brasileiros pede ponderação e inteligência por parte de nosso governo para lidar com a questão. Seria uma imbecilidade irresponsável colocar mais lenha na fogueira em um momento como esse.

Além do mais, o Brasil tem suas próprias guerras para eliminar. Nossos ouvidos não se esquecem do barulho dos tiros que ceifam as vidas de pessoas nas nossas ruas, cotidianamente. Há ainda muito o que se fazer para combater a violência urbana, o tráfico de drogas, o descaso com a educação e com a cultura, a corrupção na política e o desemprego. Essa é a guerra que precisa ser compreendida e declarada com urgência, para que nós, brasileiros, voltemos a ter otimismo e a acreditar que cada ano novo seja, realmente, de boas novas, de renovação de ciclo, a fim de que a vida siga seu rumo para o bem individual e de todos!

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Marcos Araújo

Marcos Araújo

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