A alimentação de crianças menores de 2 anos de idade não melhorou na última década!
A alimentação de crianças menores de 2 anos não melhorou na última década, foi o que mostrou um relatório divulgado no dia 22 de setembro pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) Segundo o documento, apenas metade das crianças de 6 a 23 meses de idade faz o mínimo de refeições recomendadas por dia e apenas 1/3 consome o mínimo de grupos de alimentos que precisa para se desenvolver. A pandemia da Covid-19 contribuiu ainda mais para agravar a situação.
Esses dados só confirmam o relatório “Situação Mundial da Infância”, lançado em 2019 pela própria UNICEF, que destaca que uma a cada três crianças menores de 5 anos não cresce adequadamente. Esse relatório aponta, ainda, que quase duas a cada três crianças entre seis meses a 2 anos de idade não recebem alimentos suficientes para promover o desenvolvimento do seu corpo e do seu cérebro; levando a uma dificuldade de aprendizagem, diminuição da imunidade, aumento do risco de infecções até a morte.
Crianças com menos de 2 anos de idade são mais vulneráveis a essa desnutrição e a ingestão nutricional precária pode causar alterações irreversíveis para o resto da vida, comprometendo a escolaridade e a perspectiva de futuro. Apesar do declínio da desnutrição dos últimos anos, 149 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de déficit de crescimento, 50 milhões têm baixo peso, 340 milhões sofrem de fome oculta (deficiência de vitaminas e minerais) e as taxas de sobrepeso e obesidade estão subindo rapidamente.
De 2000 a 2016, a proporção de crianças com excesso de peso aumentou de um em dez a um em cinco. O sobrepeso infantil leva ao aparecimento precoce de diabetes tipo 2, além da estigmatização e depressão. Nós passamos de um quadro de desnutrição para um quadro de desnutrição, porque o obeso é desnutrido. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda só leite materno até seis meses de idade, mas apenas duas em cada cinco crianças são amamentadas exclusivamente conforme o recomendado.
A venda de fórmulas à base de leite de vaca cresceu 41% no mundo e 72% nos países de renda média/alta como Brasil, China e Turquia. A introdução alimentar deve ser feita a partir do sexto mês, porém, 445 das crianças de seis meses a 23 meses não são amamentadas com frutas e legumes. Além disso, 51% não são alimentadas com peixe ou outro tipo de carne, 42% dos adolescentes bebem refrigerante pelo menos uma vez ao dia e consomem ‘fast food’ pelo menos uma vez por semana.
A globalização está moldando as opções e escolhas dos alimentos. Segundo levantamento, 77% das vendas de alimentos processados em todo mundo são controladas apenas por 100 grandes empresas.
Investir na alimentação das crianças é fundamental para a formação de um capital humano de qualidade. A nutrição é essencial ao crescimento, ao desenvolvimento cognitivo, ao desempenho escolar e à produtividade futura das crianças.