Grandes desafios

As economias de todo o mundo enfrentam o desafio da sobrevivência, enquanto a ciência corre em busca de vacinas contra o coronavírus


Por Tribuna

24/03/2020 às 06h30

O coronavírus desafia a ciência – ainda em busca de uma vacina -, mas suas consequências não se esgotam na saúde, a despeito de ser o dado mais relevante de sua incidência. Bancos centrais de todo o mundo estão sendo induzidos a conter os danos na economia, que podem ser bem mais acentuados do que as crises recentes, como a de 2008. Há claros esforços na contenção de danos econômicos, com injeção de recursos nunca vista antes em qualquer parte do mundo.

O Brasil também está na mesma trilha, embora de forma bem mais modesta. O ato mais drástico foi a medida provisória anunciada ontem, estabelecendo, mesmo temporariamente, novas relações de trabalho. O presidente Jair Bolsonaro recuou e tirou o artigo 18, que tratava da suspensão de contratos, mas manteve as outras medidas, como antecipação de férias. É incerto saber as consequências, quando há necessidade de novas ações não apenas na instância federal, mas também nos estados e nos municípios. As instâncias precisam trabalhar coordenadas, o que tem sido um problema até agora.

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Os governadores da região Sudeste, liderados pelo paulista João Doria, tentam se descolar do Governo federal, mas trata-se de uma ação temerária, sobretudo por ser a União a matriz de repasses importantes que não podem faltar nesse momento. Os ministros instalados no gabinete de crise precisam coordenar uma conexão, sob o risco de várias decisões serem ineficazes por ausência de interlocução entre os poderes.

Para isso, porém, todos têm que colaborar, não bastando o discurso. Da Presidência ao prefeito, passando pelos governadores, há a necessidade de um entendimento capaz de garantir atendimento a todos os segmentos e, no âmbito econômico, garantir o funcionamento do setor produtivo com a consequente manutenção dos empregos.

A despeito das peculiaridades de cada país, em um cenário em que todos estão no mesmo barco – países ricos e pobres -, é necessário também avaliar as experiências de sucesso que estão sendo adotadas, respeitadas as devidas proporções. O mundo passa por um momento único, e ampliar o diálogo na busca de uma saída comum é a melhor maneira de vencer a doença.

Para tanto, a política do enfrentamento tem que ser deixada de lado, pois em nada ajuda. Esse é um momento sem lado que deve ser observado por todos.

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Tópicos: coronavírus

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