Macrorregião de Juiz de Fora tem mais de 92% de ocupação de leitos Covid do SUS

Entre os municípios de referência, pelo menos seis tinham lotação esgotada nesta quarta


Por Carolina Leonel

24/03/2021 às 21h47- Atualizada 25/03/2021 às 15h57

Ainda vivendo o período de piora epidemiológica, Minas Gerais continua sofrendo pressão hospitalar na maioria das regiões do estado. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em consulta realizada nesta quarta-feira (24), a macrorregião Sudeste, que abrange Juiz de Fora e mais 93 municípios, é uma das que ultrapassou o índice de 90% de ocupação de leitos intensivos destinados ao tratamento da Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com os dados, a taxa atingiu 92,65% na tarde desta quarta na região – 252 dos 272 leitos UTI SUS para o tratamento da Covid-19 estavam ocupados. O índice também ultrapassou a casa dos 90% em mais onze das demais 13 macrorregiões mineiras. Conforme o Governo do estado, somente Jequitinhonha e Noroeste apresentavam ocupação abaixo do índice, com taxas de 68% e 83%, respectivamente.

Na microrregião de Juiz de Fora, o índice era ainda maior, chegando a 95% de taxa de ocupação dos leitos UTI Covid credenciados ao SUS. Conforme a SES-MG, neste levantamento não estão incluídos pacientes internados em Unidades de Pronto Atendimento (Upas), salas vermelhas e hospitais de pequeno porte.

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A intensa pressão hospitalar na região e em praticamente todo o estado levou o Comitê Extraordinário Covid-19, grupo que se reúne semanalmente para avaliar o avanço da pandemia no estado, a deliberar, nesta quarta-feira, pela manutenção das medidas mais restritivas do plano Minas Consciente até o dia 4 de abril. Inicialmente prevista para durar até o fim de março, a onda roxa (lockdown), na avaliação do comitê, é necessária para que o sistema de saúde restabeleça sua capacidade assistencial à população. A SES-MG estima que os resultados do isolamento aparecerão com, ao menos, 14 dias de onda roxa nos municípios mineiros.

Em reunião nesta quarta, prefeitos de 26 municípios consorciados à Acispes discutiram o impacto da pandemia na região (Foto: Fernando Priamo)

Municípios têm lotação esgotada UTI SUS

Entre os municípios de referência na macrorregião Sudeste, pelo menos seis, até a consulta realizada pela reportagem, tinham 100% dos leitos UTI Covid ocupados. As situações mais graves ocorrem nos municípios de Visconde do Rio Branco, Rio Pomba, Santos Dumont, Ubá e Muriaé. Na microrregião de Muriaé, inclusive, a taxa de ocupação de leitos intensivos Covid do SUS também atingiu 100%.

Nesta quarta-feira, o município de Santos Dumont, de acordo com dados da Prefeitura da cidade, tinha saturação total da rede pública hospitalar intensiva. Todos os 12 leitos UTI da cidade, destinados ao tratamento da Covid-19, estavam ocupados. Dois destes equipamentos, inclusive, foram montados no último dia 8 para aumentar a capacidade de atendimento intensivo pelo Hospital Misericórdia de Santos Dumont, que atualmente está esgotada.

Em Visconde do Rio Branco, a taxa de ocupação UTI Covid SUS chegou a 100% nesta quarta. Cinco dos dez leitos intensivos ocupados na cidade tinham pacientes de outros municípios da região. Em Rio Pomba, a situação também era grave em relação aos leitos clínicos. Na cidade, todos os leitos SUS, intensivos e clínicos, estavam com lotação esgotada, de acordo com boletim epidemiológico da Prefeitura local.

A situação também é crítica em Ubá. De semana passada pra cá, a cidade teve aumentada sua capacidade de atendimento intensivo em dez leitos, que também estavam todos ocupados nesta quarta. De acordo com o levantamento epidemiológico do município, todos os 32 leitos UTI Covid da cidade estavam ocupados, sendo 13 por pacientes de municípios da região. A cidade também tinha 29 dos 38 leitos clínicos com pacientes internados vítimas do coronavírus. Cinco eram de cidades vizinhas.

Em Muriaé, segundo a Prefeitura, nos hospitais da cidade, os leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 pelo SUS continuavam com 100% de ocupação. O município tinha, nesta quarta-feira, 40 pacientes internados em unidades de terapia intensiva, dos quais 27 estavam intubados. Os municípios de Leopoldina e Carangola também tinham 100% de ocupação de leitos públicos UTI Covid-19 nesta quarta.

Em Juiz de Fora, a lotação da rede hospitalar pública intensiva destinada a pacientes com a Covid-19 era quase completa nesta quarta-feira. Conforme o boletim epidemiológico mais atualizado, a taxa de ocupação das UTIs Covid destinadas ao tratamento de pacientes do SUS era de 97,86% às 18h25. O município também registrou novo recorde no número de internações, com 622 pessoas hospitalizadas em decorrência de agravos causados pelo coronavírus. Deste total, 219 pacientes ocupavam leitos intensivos e 403 de enfermaria.

Minas tem mais de 700 pacientes aguardando vaga em UTI

Até esta quarta-feira, Minas Gerais tinha 714 pacientes, com Covid-19, aguardando vagas em leitos de UTI. Há três dias, o cadastro contabilizava 470 pessoas, conforme afirmou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, em entrevista coletiva à imprensa. De acordo com o titular da SES, o comportamento da Covid-19 é diferente de outras doenças respiratórias e exige internação prolongada, o que dificulta ainda mais o atendimento a todos os doentes. “Um leito de UTI atende, em média, dois pacientes por mês, o que faz com que a pressão sobre o sistema de saúde seja tão grande. O número de pacientes aguardando está aumentando, mostrando que o crescimento da doença é maior que a capacidade de abertura de leitos.”

Ainda conforme Baccheretti, 30% dos paciente Covid-19 que ocupam vaga de enfermaria evoluem para terapia intensiva. “É uma porcentagem muito elevada e por isso o estado busca a abertura de leitos de enfermaria em hospitais mais robustos e tradicionais, que garantam então esse tratamento do paciente grave.” Na última terça, o Estado anunciou a abertura de cem novos leitos de UTI, possibilitados pelo recebimento de cem respiradores doados pela Fiemg. As novas unidades se unem a 30 outras anunciadas na semana passada.

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Municípios consorciados à Acispes cobram celeridade na vacinação

Em reunião geral realizada nesta quarta, os prefeitos dos 26 municípios consorciados à Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) discutiram o impacto da pandemia na região, principalmente nas pequenas cidades. De acordo com o presidente do consórcio, Ormeu Rabello Filho, também prefeito de Rio Novo, a situação chegou a um ponto “insustentável”. “Nos municípios menores a situação estava até então controlada, mas estamos observando um grande aumento no número de casos e também de internação de pacientes da região. Os hospitais estão congestionados, não só as UTIs, mas os leitos clínicos também”, sinaliza.

Ante à situação, conforme o presidente da Acispes, o consórcio fará um manifesto junto a Governo do estado, deputados estaduais e federais, além de Governo federal, cobrando celeridade no processo de vacinação contra a Covid-19. “Existe um ansiedade muito grande por parte dos municípios para que tentemos solucionar a situação, porque sofre mais que está na ponta. É preciso que o Governo federal agilize a compra e distribuição de vacinas contra a Covid-19 porque a pressão está muito forte em todos os municípios, que estão transferidos pacientes para outra cidades da região. Em Rio Novo, até semana passada, precisamos transferir pacientes para Juiz de Fora e região. Das transferências, tivemos dois óbitos por Covid-19.”

Dos 26 municípios consorciados à Acispes, somente Santos Dumont possui leitos de unidade de terapia intensiva. Paciente graves que necessitam de intervenção hospitalar intensiva são todos transferidos para cidades da região.

Tópicos: coronavírus

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