Ações da PM freiam criminalidade violenta nas cidades da região

Levantamento feito pelo 2º e 27º Batalhões apontam rotina ainda tranquila em 29 municípios sob responsabilidade das unidades


Por Michele Meireles

19/09/2021 às 07h00

Um levantamento feito pela Polícia Militar, a pedido da Tribuna de Minas, sobre o panorama da criminalidade na região aponta uma rotina ainda tranquila nas 29 cidades que estão sob responsabilidade do 2º Batalhão e 27º Batalhão, ambos sediados em Juiz de Fora. Em nove delas ocorreram casos de homicídios e apenas quatro tiveram registros de tentativas de homicídios, por exemplo. Em cidades que foram observados um aumento nos crimes violentos, em números absolutos, continuam pequenos, no máximo 27. Os comandantes das unidades apontam que esforços são voltados para a prevenção, mas que também estão atentos para os pequenos delitos, como os furtos, que tiveram um pequeno acréscimo em alguns locais e incomodam a rotina dos moradores acostumados com uma vida pacata.

Comandante do 2º Batalhão, tenente-coronel Henrique Aleixo atribui os bons resultados a um trabalho específico que está sendo feito em todas as cidades sob seu comando (Foto: Jéssica Pereira)

Conforme a PM, entre janeiro e agosto deste ano, nas 29 cidades, foram registrados 116 crimes violentos, que englobam os casos de homicídios, estupros, roubos, extorsões mediante sequestro, cárceres privados e sequestros. Sendo Além Paraíba a cidade com mais registros, 27, seguida por São João Nepomuceno, que teve 14 casos, porém apresentou redução de 42% em comparação com os dados de 2020.

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Em relação aos casos de homicídios, foram 15 e outros seis tentativas de assassinatos nos oito primeiros meses deste ano. Em 2020, no mesmo período, foram 18 assassinatos e 13 tentativas de homicídios na região sob responsabilidade das unidades.
Ambos os batalhões também são responsáveis pelo policiamento em Juiz de Fora, que, como já noticiado pela Tribuna, apresentou queda média de 30% nos crimes violentos, este ano, no comparativo com o mesmo período de 2020.

2º Batalhão

O 2º Batalhão da PM, que fica no Bairro Santa Terezinha, região Nordeste de Juiz de Fora, é o responsável pelo policiamento nas regiões Sudeste, Nordeste, Leste e Centro de Juiz de Fora. Na região, o batalhão responde por outros 12 municípios: São João Nepomuceno, Bicas, Rio Novo, Descoberto Goianá, Pequeri, Rochedo de Minas, Chácara, Maripá de Minas, Guarará, Coronel Pacheco e Piau. Conforme o levantamento da PM, entre janeiro e agosto de 2020, foram 56 crimes violentos na região. No mesmo período deste ano, 37. As maiores quedas nos oito primeiros meses de 2021 foram observadas em Goianá (75%), que registrou quatro casos em 2020 e um este ano, e em São João Nepomuceno (63,64%), com 24 episódios de crimes violentos ano passado e 14 em 2021.

Em relação aos homicídios, a PM registrou sete casos em quatro das 12 cidades da área do 2º Batalhão. O município de São João Nepomuceno acumula quatro registros, porém, na cidade houve queda de quase 40% nos assassinatos. Em 2020 foram sete mortes, e este ano, quatro. Ocorreram homicídios também em Rochedo de Minas, Chácara e Guarará, com um caso em cada. Conforme a PM, tentativas de homicídio ocorreram apenas em São João Nepomuceno e Rio Novo, com um registro cada uma. Em 2020, foram 11 tentativas de assassinato em seis cidades.

Para o comandante do batalhão, tenente-coronel Henrique Aleixo, os bons resultados em relação aos crimes contra a vida podem ser atribuídos a um trabalho específico que está sendo feito em todas as cidades sob seu comando. “No ano passado, devido a pandemia, tivemos uma redução nos índices de criminalidade. Neste ano, mesmo com as atividades terem praticamente voltado ao normal, conseguimos manter esta queda. Aqui no batalhão, desde março, estamos fazendo um trabalho diferenciado em relação aos homicídios.

Todas as ocorrências em que o policial detecta que pode desenrolar em um homicídio posterior, como agressões, violência doméstica e atrito verbal mais grave, são encaminhadas para análise do nosso Núcleo de Prevenção de Homicídios. Após análise, é decidido quais delas serão enviados policiais para fazerem visitas e acompanhamento dos autores e vítimas. Não podemos mensurar se evitou ou não os crimes, mas os números são um indicador. Acredito que este trabalho ajudou bastante”, disse o oficial.

Furtos

Na área do 2º Batalhão, houve aumento nos casos de furtos em metade das cidades cujo policiamento é de responsabilidade da unidade. Porém, se comparar os números gerais deste ano com o mesmo período de 2020, observa-se uma queda. Foram 450 ocorrências este ano e 529 em 2020. A cidade com mais casos é São João Nepomuceno, com 118 registros, porém, houve queda de 33% de casos em relação a 2020. Em seguida, aparecem Bicas, 84 ocorrências, mas também em queda de 12%, e Rio Novo, com 70 registros, com redução de 33% dos episódios de furtos este ano. Em alta, aparecem Rochedo de Minas, que dobrou os casos entre janeiro e agosto, passando de quatro para oito, e Guarará, com aumento de 83% nos casos em 2021, subindo de 12 nos oito primeiros meses de 2020 para 22 este ano.

Em Chácara, cujo aumento foi de 41%, subindo de 42 casos entre janeiro e agosto de 2020 para 59 no mesmo período deste ano, a PM fez duas manobras consecutivas em conjunto com a Polícia Civil, entre o fim de agosto e o início de setembro, para conter o avanço. As ações culminaram com a prisão de 14 pessoas, a maioria delas reincidentes nos delitos.

O tenente-coronel Henrique Aleixo, comandante da unidade, destacou que os crimes de furto não eram um problema, mas começaram a apresentar uma elevação este ano em algumas cidades. Entre os fatores para o aumento, ele cita o atual momento econômico do país e ainda a sensação de impunidade que tem o infrator que, quando preso, não costuma ficar mais do que três meses na cadeia. “O furto é um crime que causa uma invasão de privacidade. Quando, por exemplo, seu celular é furtado, além da perda material, tem a violação da sua privacidade. Não é um crime fácil de combater, pois também é um crime de oportunidade, do autor agir por um descuido, por exemplo, e que ocorre em todo lugar. A gente tem como estratégia acompanhar os autores contumazes. Quando eles saem da prisão, somos avisados, é a forma que temos de atacar. A gente sabe que é um crime que incomoda muito, nas cidades pequenas principalmente, e é relevante para a população e está entre nossas prioridades”, comentou.

Repressão ao tráfico em São João Nepomuceno

Nos últimos anos, como aponta o comandante do 2º Batalhão, ocorreu um aumento no tráfico de drogas em São João Nepomuceno, município com cerca de 30 mil habitantes. O comércio de drogas acabou servindo de pano de fundo para diversos homicídios, que ocorreram por disputa de pontos ou vinganças. “Depois de Juiz de Fora, São João Nepomuceno sempre foi a principal cidade com mais problemas. Este ano, está uma cidade mais tranquila. Pontualmente, conseguíamos atacar um caso ou outro, junto com a Polícia Civil ou logo após o fato ocorrer. Porém, não estávamos conseguindo entender o contexto como um todo. Após a parceria com o Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e um ano de monitoramento, conseguimos verificar as articulações criminosas na cidade de um homem com o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, de onde vinha parte das drogas”, disse.

Operações, como a realizada na última quinta-feira, em São João Nepomuceno, contribuem para reforçar a sensação de segurança nos municípios da região (Foto: Divulgação)

Para o comandante da 136ª Cia PM, sediada na cidade, capitão Vinícius Araújo Barroso, as ações contra o tráfico de drogas e crime organizado em São João Nepomuceno têm relação direta com a redução da criminalidade violenta. As operações com o Gaeco, batizadas de “Start Over”, prenderam, desde abril, 46 pessoas. “É nítida a redução criminal após essa ação mais incisiva contra o crime organizado. Após a operação Star Over, a 136ª Cia continuou com um trabalho incisivo contra o tráfico, evitando que células criminosas se reorganizassem na cidade e região, com a prisão de mais 15 pessoas. Os dados estatísticos mostram que os resultados têm sido bastante expressivos em relação a anos anteriores, com um aumento de 60% de prisões por tráfico de drogas em relação ao mesmo período do ano de 2020”, disse o oficial.

27º Batalhão

O 27º Batalhão da Polícia Militar, localizado no Bairro Santa Lúcia, Zona Norte de Juiz de Fora, é o responsável pelo policiamento nas regiões Norte, Sul e Cidade Alta de Juiz de Fora. Já na região, são 18 municípios subordinados ao comando da unidade: Além Paraíba, Matias Barbosa, Lima Duarte, Mar de Espanha, Pirapetinga, Volta Grande, Santa Bárbara do Monte Verde, Santo Antônio do Aventureiro, Belmiro Braga, Santa Rita do Jacutinga, Olaria, Simão Pereira, Pedro Teixeira, Rio Preto, Chiador, Estrela Dalva, Santana do Deserto e Senador Cortes.

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O batalhão concentra o maior número de cidades e também de crimes, foram 79 crimes violentos este ano, sendo 27 deles apenas em Além Paraíba. Além disso, foi também na área da unidade, em Pirapetinga, em junho deste ano, a única explosão de caixa eletrônico registrada na região nos últimos anos. Em contrapartida, o batalhão registrou homicídios e tentativas de homicídios apenas em duas cidades: Além Paraíba e Matias Barbosa.

Tenente-coronel Marcelo Monteiro, comandante do 27º Batalhão, ressalta queda da criminalidade nos municípios sob sua responsabilidade (Foto: Arquivo Pessoal)

Entre as 18 cidades, houve queda na criminalidade violenta em cinco. Porém, naquelas em que houve aumento, não ultrapassou quatro casos, como em Mar de Espanha, que subiu de três para sete casos.

Conforme a PM, em relação aos crimes contra a vida, foram sete homicídios e uma tentativa de assassinato em Além Paraíba, e um homicídio e duas tentativas em Matias Barbosa. O comandante da unidade, tenente-coronel Marcelo de Castro Monteiro, destacou que o 27º BPM não registra casos de homicídios consumados há 51 dias, incluindo Juiz de Fora. “Isso é consequência do trabalho das Patrulhas de Prevenção ao Homicídio, Tático Móvel, e demais ações preventivas adotadas pela Unidade, como o monitoramento de autores contumazes, apreensão de armas de fogo, combate ao tráfico de drogas e cumprimentos de mandados de busca e apreensão”, disse o oficial.

Criminalidade do RJ em Além Paraíba

O município de Além Paraíba é o único que registra aumento na incidência nos casos de homicídio, com três casos a mais este ano em relação a 2020. Conforme o comandante da companhia da cidade, capitão Amarildo de Sá Ferreira, o município faz divisa com o Rio de Janeiro, tendo influência da criminalidade fluminense. Segundo ele, duas facções criminosas atuam no tráfico de drogas em Além Paraíba, sendo este o pano de fundo para todos os assassinatos ocorridos este ano. “Fora deste cenário, não tivemos nenhum homicídio na cidade. Além disso, nosso último caso foi em julho. Estamos há 60 dias sem assassinatos, fruto de diagnósticos que culminaram em intervenções específicas com apoio de outras companhias”, disse.

O comandante do 27º Batalhão destacou as operações com reforço de guarnições Tático Móvel, GER da 4ª Cia PM Independente de Policiamento Especializado, Policiamento de Meio Ambiente, Policiamento de Trânsito Rodoviária e guarnições do Batalhão de Choque, esta última de Belo Horizonte.

Furtos

Em dez das 18 cidades sob responsabilidade do 27º Batalhão, segundo levantamento da PM, houve redução nos casos de furtos. No total, foram 493 registros entre janeiro e agosto deste ano e 490 no mesmo período de 2020. Nas que registraram aumento nas ocorrências deste tipo, os destaques são Lima Duarte, com 78 casos este ano contra 46 no mesmo período do ano passado, e Pirapetinga, que acumula 40 ocorrências em 2021 e 24 em 2020. “Os casos de furto estão em tendência de estabilidade em relação ao ano anterior. O policiamento preventivo realizado tem como foco o monitoramento de autores contumazes, potencialização das redes de proteção e aumento das operações em locais e horários com maior incidência de registros. A autoria repetida, ou seja, os autores contumazes, são um dos fatores que prejudicam a prevenção e repressão dos casos de furto, pois as restrições sanitárias impostas pela pandemia diminui o período de permanência de alguns deles no Sistema Prisional,” finalizou o tenente-coronel Marcelo Monteiro.

Tópicos: polícia

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