Eleição é encerrada de forma tranquila em Juiz de Fora
Único episódio de destaque foi a prisão de um presidente de seção por desacato
Eleição é encerrada de forma tranquila em Juiz de Fora
A juíza eleitoral Rosângela Cunha Fernandes enfatizou, na tarde deste domingo (28), que não há motivo de preocupação entre eleitores no que se refere a complicações que possam colocar em risco à votação. “O que tem acontecido é o surgimento de muitas fakes news, boatos mentirosos, mas não há como duvidar, pois as urnas não estão ligadas à internet, não têm wi-fi e não aceitam bluetooth. Qualquer coisa assim que se tente contra elas, o equipamento trava. Não há possibilidade de se fraudar uma urna. A eleição no papel era sim que dava muita fraude. Agora, temos a forma mais segura de votação”, ressaltou a Rosângela.
Ela ainda afirmou que, além do caso do presidente de seção que foi preso em flagrante na Vila Ideal, houve o caso de uma eleitora que foi votar e ficou na dúvida, porque ela disse que houve um problema com ela no primeiro turno e que se repetiu agora na mesma seção. “Ela chegou lá, e o mesário trocou o comprovante de votação pelo nome de uma eleitora homônima, sendo que o comprovante dela acabou sendo entregue para a outra eleitora, mas ela não foi impedida de votar”, afirmou.
Conforme a juíza, para não ficar sem o comprovante de votação, o mesário preencheu um documento, apontando que a mulher exerceu o seu direito de voto. “Foi mesmo um erro humano, mas não trouxe prejuízo para o processo eleitoral. O segundo turno está bem mais tranquilo que o primeiro e não tivemos problemas como no primeiro turno, que teve um maior número de complicações em razão de ser maior o nome de candidatos a serem votados”
O juiz eleitoral Mauro Pittelli explicou que a urna na seção, na Vila Ideal, foi avaliada por uma equipe técnica, que não constatou a necessidade de substituição. Segundo ele, com a prisão do presidente da seção foi determinado novo responsável para o local. “Foi constatada a normalidade da urna e, infelizmente, uma resistência por parte do mesário. Um eleitor nos ligou e disse que estava sendo impedido de votar, o que me fez ir até lá e dar voz de prisão ao presidente da seção”, afirmou Pittelli. Ele disse que orientou os eleitores que, em um caso assim, devem registrar reclamação na seção eleitoral e um boletim de ocorrência. Segundo a Justiça Eleitoral, 39 urnas foram substituídas em Juiz de Fora. Foram 14 na zona 349, oito na zona 153, 12 já zona 315 e cinco na zona 152.
Presidente de seção que desobedeceu ordem de juiz eleitoral é multado
(16h42) Durou cerca de 20 minutos a audiência, no Fórum Benjamin Colucci, envolvendo o presidente de seção, que atuava em uma creche na Vila ideal, e foi preso em flagrante por desobedecer uma determinação da Justiça Eleitoral, no início da tarde deste domingo. Ao final da audiência ele conversou com a imprensa e disse que as pessoas que estavam na fila queriam quebrar a urna e exigiam a troca do equipamento. “Eu liguei para o juiz e ele mandou continuar a votação. Eu expliquei aos eleitores os fatos e disse que votariam por sua conta e risco “, afirmou o mesário, acrescentando que o juiz alegou que ele estava impedindo as pessoas de votarem.
O advogado do presidente da seção, Alexander Dantas, explicou que houve uma audiência como se fosse no juizado especial e que foi realizada uma transação penal, determinando seu cliente a fazer o pagamento no valor de um salário mínimo. “Assim ele não reconhece algum tipo de culpa e, sendo feito o pagamento, o processo não prossegue”, ressaltou o advogado, pontuando que esse procedimento é comum para os crimes de menor potencial ofensivo, com pena de até dois anos de reclusão ou detenção.
Presidente de seção é preso por desobedecer ordem de juiz eleitoral
(15h38) O presidente da seção 039 da 349ª Zona eleitoral, no Bairro Vila Ideal, Zona Sudeste de Juiz de Fora, foi preso em flagrante, por determinação do juiz eleitoral Mauro Pittelli, depois de desobedecer uma ordem verbal do magistrado. A ocorrência foi registrada por volta do meio-dia deste domingo (28), em uma creche na Rua Altivo Halfeld. De acordo com o boletim de ocorrência, o juiz relatou que recebeu uma ligação de uma das mesárias da seção, que passou o telefone para o presidente, um homem de 37 anos. Ele alegou que havia problemas de funcionamento na urna eletrônica daquela seção e que, durante a votação, diversos eleitores reclamavam que a barra de encerramento da urna não fazia o carregamento total da operação antes de indicar a finalização do voto.
Ainda conforme o documento policial, durante o telefonema o juiz determinou que o presidente da seção explicasse aos eleitores que tal acontecimento não configurava falha no equipamento e que tranquilizasse os cidadãos de que seus votos estariam sendo computados normalmente. O juiz ainda determinou o prosseguimento do processo de votação. Todavia, o mesário continuou a questionar a “anomalia” e afirmou que a urna eletrônica deveria ser substituída.
O presidente da seção relatou para a Polícia Militar que, durante o telefonema ao juiz, teria dito que o carregamento da urna que estava sob sua responsabilidade não chegava a 100% e a votação se encerrava, fazendo com que muitos eleitores questionassem a lisura do processo. Assim, o mesário solicitou que o equipamento fosse trocado, pois os próprios eleitores estavam começando a ficar exaltados e alguns ameaçando danificar o aparelho. Neste momento, segundo o presidente da seção, o juiz teria dito que qualquer dano seria de responsabilidade do mesário. Ele ainda relatou que em nenhum momento impediu os eleitores de votarem, mas apenas os alertou que votariam por conta e risco. Por não ter seguido a ordem do juiz, o presidente da seção foi preso em flagrante com base no artigo 347 do código eleitoral, que é a recusa de cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços para sua execução. O artigo prevê pena de detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa. Ele foi conduzido para o Fórum Benjamin Colucci.
Dois mesários morrem após enfarte no Rio de Janeiro
Dois mesários morreram neste domingo (28) no Rio de Janeiro após passarem mal durante o processo de votação. João Carlos Felix teve um enfarte fulminante na manhã deste domingo, 28, em uma zona eleitoral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No início da tarde, Andreia Cristina Duarte Gouveia, 51, passou mal em uma seção eleitoral no Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte da capital. Ela foi levada para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) próxima à seção, mas não resistiu. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), ela também teve um enfarte.
“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e, em nome do TRE-RJ, prestar nossos sentimentos às famílias desses mesários que estavam ali num momento tão importante para a cidadania”, disse a diretora-geral do TRE-RJ, Adriana Brandão.
O Estado do Rio de Janeiro teve 111 urnas substituídas até agora, o que equivale a 0,003% do total do Estado. A maior parte – 57 urnas – estavam em seções na capital. Segundo a diretora do TRE-RJ, não há nenhum caso de prisão registrado até agora. A votação está mais rápida do que no primeiro turno, e as seções eleitorais estão sem fila.
“O processo está muito tranquilo. Temos registro de uma ligação para a central telefônica a cada 3 minutos. Isso é muito pouco”, disse Adriana.
Cinco pessoas são presas em Minas em ocorrências ligadas às eleições
(14h56) – Agência Estado – Cinco pessoas foram presas em Minas Gerais até as 13h deste domingo (28) em ocorrências relacionadas às eleições, conforme informações da Polícia Militar. Do total, duas detenções ocorreram em Belo Horizonte e três em Lagoa da Prata, região Centro-Oeste do estado.
Na capital, uma juíza deu voz de prisão, por desacato, a uma eleitora que tinha como zona eleitoral colégio na região Oeste da cidade. A mesma juíza mandou prender também um mesário que estaria fazendo boca de urna. Nos dois casos a Justiça Eleitoral foi acionada pelos presidentes das seções eleitorais. As ocorrências ainda estão em andamento.
Em Lagoa da Prata, as três prisões ocorreram por desrespeito à Lei Seca. Houve ainda ocorrências sem prisão no interior do estado. Em Josenópolis, Norte de Minas, um mesário não compareceu para trabalhar. Foi feito registro na PM. Em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte, um eleitor chamou a polícia depois de afirmar que uma tarja preta apareceu na tela da urna eletrônica. Em Patos de Minas, material de propaganda política foi retirado da porta de escola.
Conforme o TRE, até as 13h, 267 urnas haviam sido substituídas no estado. Do total, 17 faziam parte de zonas eleitoral da capital.
Vereadora do PSL é presa em Alagoas por suspeita de compra de voto para Haddad
(14h43) – Agência Estado – A vereadora Josefa Eliana da Silva Bezerra, do PSL, partido do presidenciável Jair Bolsonaro, foi presa em flagrante, no início da tarde deste domingo (28), em Santana do Ipanema – município a 206 km de Maceió, distribuindo lanches e brindes a eleitores com adesivos do candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT), próximo a uma seção eleitoral do município
A prisão foi feita pelo promotor de Justiça Luiz Tenório, que, após receber a denúncia, dirigiu-se ao local e constatou que a vereadora do partido de Bolsonaro estava com um veículo repleto de adesivos de Fernando Haddad. “Diante do flagrante, a vereadora foi encaminhada à delegacia da cidade”, informou o promotor, por meio de assessoria. Um inquérito foi instaurado para saber se a vereadora estava praticando suposta compra de votos.
Em nota, o Ministério Público Estadual informou que o promotor que efetuou a prisão não pode afirmar nada por enquanto, para não emitir juízo de valor. “A instauração do inquérito já foi solicitada por ele, exatamente para que sejam apuradas as circunstâncias do ocorrido”, informou o órgão, por meio de assessoria.
Rosa Weber tem segurança reforçada para votar
(13h46) – Agência Brasil – A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, chegou na Escola Parque da 313 Sul, em Brasília, para votar por volta das 13 horas. Diferentemente do primeiro turno, apesar do clima de tranquilidade no local, além do segurança do TSE que a acompanha, a escolta foi reforçada por uma policial federal.
Rosa Weber entrou na sala de votação sorridente. Cumprimentou eleitores, mesários e o presidente da seção. “Festa bonita da democracia, muito bem organizada. Imprensa bonita”, disse quando estava na seção de votação.
Na saída, após votar, perguntada se estava aliviada com o clima de tranquilidade na votação do segundo turno, a presidente do TSE respondeu: “Dá uma sensação de alegria. Uma festa da democracia. Trabalho realizado, mais um passo”.
A ministra fará um balanço das eleições às 20h no TSE.
Futuro presidente deve respeitar instituições, diz Toffoli
(13h17) – Agência Estado – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou neste domingo que o candidato eleito para comandar o País deverá “jurar a Constituição” e “garantir a pluralidade política”. O ministro foi votar em uma escola de Brasília com a Constituição nas mãos.
“É importante lembrar que o futuro presidente terá como seu primeiro ato jurar a Constituição. É importante lembrar o artigo 3º, que diz: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Primeiro: construir uma sociedade livre, justa e solidária; segundo: garantir o desenvolvimento nacional; terceiro: erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e quarto: e, importantíssimo, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, afirmou Toffoli.
Sem citar nenhum candidato, Toffoli disse que o futuro presidente deverá respeitar a democracia, as instituições, o Judiciário e o Poder Legislativo.
“Ele (presidente eleito) também deve garantir a pluralidade política, como está na Constituição, respeitando a oposição. Aqueles que não lograrem êxito deverão ser respeitados também, porque a sociedade tem suas forças distintas e é o somatório que forma uma nação”, disse Toffoli.
TSE registra 1,9 mil urnas trocadas e 35 prisões
(12h48) – Agência Brasil – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou para 1.956 mil o número de urnas eletrônicas que apresentaram defeito e foram substituídas em todo o país até as 11h50. Segundo o tribunal, o número representa 0,38 do total de 454,4 mil urnas utilizadas no pleito de segundo turno deste ano. Até o momento, não foram registrados locais com votação manual.
O TSE também registrou 35 prisões de pessoas por propaganda eleitoral, que é proibida no dia da eleição.
‘Tento fazer a minha parte’, diz eleitor que vota pela primeira vez
(12h36) O estudante André Luís Domingos, 19 anos, vota pela primeira vez nessas eleições. Acompanhado da namorada, ele chegou no início da tarde deste domingo (28) na Escola Estadual Maria Elídia Rezende de Andrade, no Bairro Furtado de Menezes, Zona Sudeste. “Está muito difícil escolher o candidato à presidência, mas acho muito importante votar porque, senão, outras pessoas vão escolher por mim. Tento fazer a minha parte.”
Votação no exterior é encerrada em 33 países
(12h26) – Agência Brasil – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou há pouco que a votação para eleitores brasileiros que estão no exterior foi encerrada em 33 países. De acordo com o TSE, o balanço se refere aos locais de votação que estão à frente no fuso horário.
Os primeiros países a encerrarem a votação foram Nova Zelândia, Austrália, Japão, Coreia do Sul, China, Taiwan, Cingapura, Filipinas, Malásia, Hong Kong, Timor Leste, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Índia, Nepal, Omã, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Israel, Palestina e Rússia.
Os 500 mil eleitores que estão aptos a votar fora do país, em 99 nações, votaram somente para Presidente da República. O resultado da votação no exterior será divulgado somente após o término da votação no Brasil.
Moradora de Cabo Frio (RJ) justifica voto em Juiz de Fora
(12h21) O segundo turno das eleições foi diferente para a diarista Rosimar do Nascimento de Souza, 49 anos. Pela primeira vez na vida ela justificou seu voto. “Mudei para Cabo Frio e transferi meu voto para lá, mas como viajei este fim de semana, precisei justificar, para depois não ter que pagar multa.” Como está hospedada no Bairro Costa Carvalho, Zona Sudeste, ela escolheu a Escola Estadual Batista de Oliveira. “Foi a primeira vez que justifiquei, mas não tive dificuldade.”
Balanço nacional: 912 urnas foram substituídas e 17 pessoas foram presas
(11h55) – Agência Estado – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou um pouco antes das 11h que, até o momento, 17 pessoas foram presas no País em ocorrências relacionadas às eleições, 912 urnas tiveram de ser substituídas (representando 0,17% do total), mas em nenhum lugar houve necessidade de votação manual.
A presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, disse há pouco que as votações neste segundo turno ocorrem dentro da normalidade e que não há nenhuma notícia sobre problemas em todo o País.
Urna eletrônica com defeito causa longa fila no Colégio Pio XII
(11h44) No Colégio Pio XII, na Rua Espírito Santo, Centro, uma urna eletrônica apresentou defeito e interrompeu as votações na seção 51, zona 152. De acordo com o chefe de cartório Gliter André da Silva, a Justiça Eleitoral foi comunicada do fato pelos mesários. Técnicos foram levados para avaliar a situação. Por enquanto, o equipamento não foi substituído.
A eleitora Izaura Castegliani, 60 anos, encontrou muita fila para votar na seção 51. Após três travamentos na urna, cerca de 40 pessoas aguardam sua vez, mas muitas já desistiram e foram embora, já que a espera chega a duas horas. Uma urna foi levada agora há pouco para garantir a continuidade da votação no caso de mais uma pane, mas ainda não houve substituição.
“Cheguei às 10h e não sei quando vou votar”, disse Izaura, com cerca de dez pessoas à sua frente. A espera é ainda maior para Márcia Aparecida de Assis, 52, que compareceu ao local às 9h30. “É um absurdo. Além de ser obrigada a votar, sou obrigada a ficar nesta fila. Meu domingo acabou”, desabafou.
Trânsito lento no Bairro Santa Terezinha
(11h15) O fechamento da Rua Tenente Luiz de Freitas, no Bairro Santa Terezinha, deixa o trânsito tumultuado na Avenida Rui Barbosa. Agentes da Settra controlam a passagem pela via de acesso ao 2º Batalhão da PM, permitido apenas a moradores e pessoas que vão à unidade militar. Assim como aconteceu no primeiro turno, o tráfego é restringido na rua devido ao transporte das urnas pela manhã e no fim da tarde.
Da mesma forma que saem do batalhão, onde ficam armazenados neste período eleitoral, os equipamentos são recolhidos ao fim dia e transportados até o local por mais de 40 ônibus. Segundo agentes da Settra, o trânsito está fechado na via desde a tarde de sábado para evitar que veículos fiquem estacionados no trecho, possibilitando melhor fluxo dos coletivos.
Por causa da interrupção, o tráfego de veículos é lento no entorno, principalmente na Avenida Rui Barbosa.
‘Não podemos perder a esperança’, diz eleitor da Zona Norte
O açougueiro Wendel Rodrigues Machado, 26 anos, também preferiu comparecer às urnas pela manhã em Benfica, Zona Norte de Juiz de Fora. Ao chegar na Escola Estadual Ana Salles, ele foi surpreendido por uma fila com cerca de dez pessoas, mas não desanimou. “É através do voto que vamos escolher nossos representantes. Não podemos perder a esperança.”
Haddad vota em São Paulo e diz que ‘lutará até o fim’
(10h57) – Agência Brasil – Com camisa azul e calça jeans, ao lado da mulher, Ana Estela, vestida de lilás e branco, o candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, votou por volta das 10h, em São Paulo. Desta vez, o vermelho, cor de seu partido, não apareceu. Na parte de fora do prédio da Brazilian Internacional School, em Indianópolis, eleitores ouviam a música Alerta, Desperta, ainda Cabe Sonhar e seguravam rosas e livros. Otimista com a possibilidade de vitória, Haddad disse que lutará “até o fim”.
“Meu sentimento é que hoje o que está em jogo é a democracia no Brasil. Considero que hoje é um grande dia para o país, que está em uma encruzilhada. O projeto de nação que nós representamos ganhou as ruas nas últimas semanas. A nação está em risco, a democracia está em risco e as liberdades individuais estão em risco. Nós representamos a retomada do processo de aprofundamento da democracia, as liberdades e o combate à desigualdade no nosso país”, afirmou.
Apesar dos apoiadores, Haddad enfrentou resistência de opositores no caminho para Indianópolis, no bairro de Moema, zona sul da cidade. No prédio em frente ao local de votação, moradores batiam panela enquanto aguardavam a chegada do presidenciável.
Balanço da Justiça Eleitoral – Zona 315
(10h51) Até o momento, cinco urnas eletrônicas foram substituídas na Zona Eleitoral 315, conforme a juíza eleitoral Rosângela Cunha. As trocas foram necessárias nas seções 198 (Escola Municipal Santa Cândida, em bairro homônimo), 81 (Escola Municpal Manuel Bandeira, Bairro Noss Senhora Aparecida), 160 (Escola Estadual Duarte de Abreu, Bairro Vitorino Braga), 107 (Escola Municipal Dante Jaime Brochado, Bairro Santo Antônio) e 31 (Escola Municipal Meireles Mendes, Bairro Alto Grajaú). A informação é da Rádio CBN Juiz de Fora.
Mesmo sem acessibilidade, cadeirante exerce o direito de votar
(10h31) A falta de acessibilidade foi um grave problema enfrentado pelo cadeirante Paulo César de Lima, 65 anos. Para votar na Escola Estadual Almirante Barroso, em Benfica, na Zona Norte, ele enfrentou o degrau na calçada e também a ausência de rampa na entrada da instituição de ensino. Para a filha dele, Thalita de Lima, 34, a situação “é uma vergonha”. “Sempre votamos aqui porque moramos perto. Ninguém nem ajuda.”
Aposentado por invalidez, o caminhoneiro afirma que sempre deu preferência aos outros quando trabalhava, mas agora não encontra a mesma postura. “Eu tenho que vir votar porque sou cidadão brasileiro. Senão as coisas ficam piores ainda. Mas minha situação não ajuda.”
A Almirante Barroso também recebe eleitores que antes votavam na Escola Estadual Professor Francisco Faria, situada bem próxima. A mudança de algumas seções teria ocorrido por causa da reforma na instituição. O morador de Benfica José Lopes de Oliveira, 68, está nesta situação, mas disse ter conseguido chegar à sua seção sem transtornos. “Acho importante votar e tenho esperança de que o Brasil vai melhorar.”
Segunda urna eletrônica é substituída em Juiz de Fora
(10h18) A Justiça Eleitoral em Juiz de Fora confirmou a substituição da segunda urna eletrônica, que também apresentou defeito na manhã deste domingo. O equipamento trocado estava na seção 300, zona 349, da Escola Estadual Batista de Oliveira, no Bairro Costa Carvalho, Zona Sudeste.
‘Votar é um ato de patriotismo’
(10h13) Para agilizar o processo de votação e “fazer tudo direitinho”, a recepcionista Marília Emília Ferreira, 41 anos, optou pela biometria este ano.
“Quis ser mais prática. Funcionou muito bem para mim e sem demora.” Na visão dela, votar é também um ato de patriotismo.
Bolsonaro vota no Rio sob forte esquema de segurança
(10h05) – Agência Estado – O candidato Jair Bolsonaro (PSL) votou na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, em Marechal Hermes, zona norte do Rio, por volta das 9h20. O comboio com batedores da Polícia Militar e agentes da Polícia Federal entrou pelos fundos da escola, despistando jornalistas. Depois de votar, o candidato fez uma breve aparição na frente do local e acenou para apoiadores que esperavam desde cedo por sua chegada, gerando correria e breve tumulto. Ele não deu declarações.
Desde que a seção foi aberta, soldados da Polícia do Exército revistavam todas as pessoas que chegavam para votar. A revista era feita inclusive em crianças e com auxílio de um detector de metais. Ao mesmo tempo, policiais federais faziam varredura nas áreas interna e externa da escola.
Zema vota em Araxá e promete governo de técnicos
(09h57) – Agência Estado – O candidato do Novo ao Palácio Tiradentes, Romeu Zema, afirmou hoje em Araxá não ser “Deus, herói, salvador da pátria” e prometeu, se eleito, um governo de técnicos, por “não ter rabo preso com ninguém”. O candidato votou pela manhã em escola na região central de Araxá, onde nasceu, no Triângulo Mineiro. Em seguida foi para a casa dos pais. O retorno para Belo Horizonte, onde acompanhará a apuração dos votos, está previsto para o início da tarde.
O candidato voltou a dizer que acredita ter sido o que mais rodou o estado no período pré-campanha e durante a campanha. “Tenho afirmado que com toda a certeza fui o candidato que mais viajou, mais percorreu quilômetros, que mais fez reuniões e eventos e, apesar disso tudo, a minha campanha foi provavelmente a que menos custou dentre as que disputaram a eleição”.
Zema disse que isso é uma mostra do que pretende fazer, caso vença a eleição. “Já tenho demonstrado aquilo que eu quero fazer. É gastar pouco e fazer muito. Caso seja eleito hoje vou ter um secretariado totalmente profissional, porque estou sendo eleito sem ter o rabo preso com ninguém. Vamos trazer as melhores pessoas para poder dar um jeito em Minas Gerais”.
Promotor Eleitoral divulga canais para denúncias
(09h55) Promotor eleitoral da Zona 153, Alex Fernandes Santiago orientou os eleitores sobre as manifestações políticas neste domingo. Segundo ele, a legislação eleitoral autoriza apenas atos individuais e silenciosos. Desta forma, agrupamentos, em atos de campanha, são caracterizados como crime eleitoral. Denúncias podem ser feitas através do telefone 148 ou através deste site.
Para mesário, trabalhar na eleição é ‘exercer a cidadania’
(09h50) Há nove eleições o cabeleireiro Brian Rafael de Souza Ferreira, 36 anos, é voluntário. Atualmente como presidente de seção na Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa, no Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste, ele afirma: “Se não tiver mesário, não tem eleição.” Ele acredita que a população está cada vez mais informada para votar, embora a abstenção tenha aumentado ao longo dos anos. “Trabalhar aqui representa o que sou: um democrata. Votar é o grito de liberdade do povo.”
Ao lado dele estava o primeiro mesário e auxiliar administrativo Lucas Fonseca de Lima, 27. “Também trabalho desde os meus 18 anos. Gosto de exercer a cidadania”.
Já a segunda mesária e copeira Naiara Pocílio, 27, está no seu segundo pleito eleitoral como voluntária. “Também estou gostando. Aqui é sempre muito tranquilo”, avalia.
Urna é substituída no Bairro Santa Luzia
(09:45) A Justiça Eleitoral precisou substituir uma urna eletrônica da seção 277, zona 349, que fica no Centro de Educação Interativa (CEI) do Bairro Santa Luzia, na Rua Porto das Flores. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) este é o primeiro caso de troca registrado no município neste domingo de eleições.
Primeira hora de votação é tranquila na cidade, diz Juiz Eleitoral
(09:28) De acordo com o juiz eleitoral Mauro Pittelli, a primeira hora de votações em Juiz de Fora transcorreu dentro da normalidade. Segundo ele, três urnas apresentaram defeitos, mas até o momento nenhuma precisou ser substituída. Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, na Justiça Eleitoral, Pittelli reforçou a necessidade de comparecimento às urnas. “O voto é o maior direito da democracia. Então é preciso exercê-lo, até mesmo para não deixar que os novos governantes sejam escolhidos por uma minoria.”
Eleitor espera quase uma hora para concluir voto
(09h10) Quase uma hora após chegar à seção 070 da Zona 349, na Escola Estadual Duque de Caxias, o administrador de empresas José Lopes finalmente conseguiu concluir seu voto. A urna travou exatamente quando ele tentava teclar o segundo dígito para governador. “É só vermos a situação que nosso país está passando para termos a consciência do voto. É o exercício da cidadania, não abro mão de jeito nenhum.”
A urna foi reiniciada e voltou a funcionar, não sendo necessária sua substituição, apesar de um segundo equipamento ter chegado à seção para garantir a continuidade da votação. O problema foi suficiente para criar uma fila com mais de dez eleitores. “Deveriam ter cédulas para quando acontece esse tipo de situação. Fui um dos primeiros a chegar, mas acabou demorando”, concluiu Lopes.
Anastasia vota em Belo Horizonte e não comenta pesquisas
(09h05) – Agência Estado – O candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, Antonio Anastasia, votou às 8h30 deste domingo (28) em um colégio na região centro-sul de Belo Horizonte. Ele chegou acompanhado do senador eleito, Rodrigo Pacheco (DEM) e recebeu flores de uma apoiadora do presidenciável do PT, Fernando Haddad. “É Haddad e Anastasia”, disse a eleitora.
Após votar, o ex-governador disse estar confiante na vitória. “Eu não vou brigar com pesquisas, faltam poucas horas para o resultado. De toda forma, vamos aplaudir o resultado, pois isso é democracia”, afirmou. O senador acompanhará a apuração em casa
Urna apresenta defeito Escola Estadual Duque de Caxias
(09h) Na seção 070 da Escola Estadual Duque de Caxias, na Avenida Rio Branco, a urna apresentou defeito no início desta manhã e precisou ser reiniciada, gerando fila de eleitores.
Cumprimento do dever cívico, aos 83 anos
(08h58) Aos 83 anos, o aposentado Addson Nantes Terra saiu cedo de casa na manhã deste domingo (28) para exercer sua cidadania. “O importante é a democracia. Estou votando pelo nosso direito de cumprir a lei.”
Mesmo se locomovendo com o auxílio de uma bengala, ele não encontrou dificuldades para votar no segundo andar do Senac, na Avenida Rio Branco. “Me colocaram no elevador e deu tudo certo. Não tive problemas.”
Haddad passou a controlar discurso depois de ir ao 2º turno
(08h47) – Agência Estado – Eram pontualmente 8h quando Fernando Haddad abriu a reunião do chamado “grupo das 8” – referência ao horário dos encontros de sua coordenação de campanha – em uma sala do hotel Matsubara, no Paraíso, zona sul de São Paulo. O objetivo era discutir como elevar o tom dos ataques a Jair Bolsonaro na TV e elaborar propostas concretas para a população de baixa renda, eleitorado histórico do PT.
Gleisi Hoffmann, senadora e presidente nacional do partido, sugeriu estipular um teto para o preço do botijão de gás abaixo de R$ 50. Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, garantiu que financeiramente a ideia era viável. Falou-se também em fixar valores para o reajuste do salário mínimo e do Bolsa Família. Haddad demonstrou preocupação com a consistência técnica das propostas. Naquela mesma noite, depois de vários estudos e ajustes, o candidato prometeu fixar um teto de R$ 49 para o botijão de gás, aumentar em 20% o valor do Bolsa Família e reajustar o salário mínimo acima da inflação.
As promessas faziam parte de uma manobra maior. Depois de perder 10 dias de campanha à espera de uma grande “frente democrática” contra Bolsonaro, que nunca veio, o PT decidiu dar uma guinada na campanha. Os acenos ao mercado e outras promessas que tinham como objetivo ampliar a candidatura de Haddad rumo ao centro do espectro político foram deixadas de lado. A ordem agora era concentrar esforços no eleitorado histórico do PT.
Foi a última das muitas inflexões, concessões e reviravoltas que marcaram o caminho do petista de 55 anos entre a nomeação para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa e o dia de hoje.
Haddad foi formalizado candidato no dia 11 de setembro, apenas 28 dias antes do primeiro turno, como “plano B” a Lula, mas seu nome era especulado no PT desde meados do ano passado. Até vencer as resistências internas, ser nomeado candidato e superar o primeiro turno, Haddad fez um movimento de aproximação e distanciamento com seu partido.
A derrota para João Doria (PSDB) na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2016 deixou um clima de desconfiança entre o PT e Haddad. O partido criticava a política de comunicação do então prefeito e o distanciamento em relação à periferia, onde se concentrava o eleitorado petista na capital. Já Haddad dizia que o peso dos escândalos protagonizados por petistas era uma âncora para seu desempenho eleitoral.
Terminada a disputa, o candidato foi até Lula e pediu seis meses para se dedicar à sua vida pessoal. Neste período, ele deixou a USP, onde era professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e aceitou o convite para lecionar no Insper, associado ao pensamento liberal.
Durante essa fase, Haddad contava apenas com o auxílio dos ex-assessores Laio de Moraes, Frederico Assis, Nunzio Briguglio e Leonardo Barchini. Sem dinheiro para bancar uma estrutura política, eles se reuniam em um café da Rua Tomás Carvalhal, apelidado de “Sala da Justiça”, ou no apartamento de Laio, na mesma rua onde Haddad morava.
O ressurgimento para o grande público veio com o artigo “Vivi na pele o que aprendi nos livros” para a revista Piauí, publicado em junho de 2017, no qual faz duras críticas à presidente cassada Dilma Rousseff. Lula leu, adorou e chamou Haddad para uma conversa. No dia 20 de julho, em entrevista ao jornalista José Trajano, o ex-presidente citou pela primeira vez o nome do ex-prefeito como possível candidato do PT à Presidência.
Ato contínuo, Lula o orientou a rodar o Brasil e “cuidar do PT”. Em poucos meses, Haddad viajou para mais de 15 cidades, onde se encontrou com lideranças locais e criou um grupo interno no PT com o tesoureiro do partido, Emidio de Souza, e o ex-presidente de sigla Rui Falcão. Em uma das caravanas no primeiro semestre deste ano, Lula disse a um grupo de petistas que Haddad seria seu ministro da Fazenda. O passo seguinte foi nomeá-lo coordenador do programa de governo, em julho.
Inflexões
Na coordenação do programa, Haddad fez a primeira inflexão. Ele chegou quando o processo já estava em curso, sob comando do economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp, que desde o ano anterior capitaneava um grupo de mais de 70 economistas que se reuniam periodicamente com Lula para formular propostas. Por outro lado, o PT criara uma plataforma digital para receber e elaborar sugestões vindas da base.
Haddad conseguiu incluir ideias próprias, como a reforma bancária, mas o documento de 61 páginas apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está longe de representar o pensamento do candidato. O programa, considerado radical, reflete o arranjo interno que uniu correntes majoritárias e setores da esquerda petista, costurado para garantir a eleição de Gleisi para a presidência do PT em 2017.
Haddad é considerado dentro e fora do partido um político de perfil moderado, mais próximo da centro-esquerda do que dos radicais petistas que agora têm assento na cúpula partidária. Mesmo assim ele defendeu o programa em diversas entrevistas, inclusive os pontos com os quais não concordava, como a proposta de realização de uma Constituinte, feita pelo PT e da qual chegou a se queixar diretamente a Lula, mas foi obrigado a aceitar.
Com a formalização de seu nome, a estratégia era fazer um amálgama entre Haddad e Lula, líder absoluto das pesquisas, para facilitar a transferência de votos. Com a máscara, o discurso e as propostas de Lula, Haddad saiu de 4% nas pesquisas e chegou a 29%, garantindo o segundo lugar no primeiro turno da eleição com 31.342.005 de votos.
O candidato só passou a ter controle real sobre sua campanha a partir da segunda semana do segundo turno, quando constituiu o “grupo das 8” formado por Gleisi, Emidio, Gabrielli, Falcão, Luiz Dulci, Jaques Wagner e ele próprio em substituição à pesada coordenação do primeiro turno, formada por dezenas de pessoas que representavam as diversas correntes petistas.
A primeira decisão foi ampliar a candidatura para o centro com o objetivo de atrair lideranças como Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e Ciro Gomes em uma frente contra Bolsonaro. Foi a oportunidade que Haddad teve para recuar de propostas como a Constituinte e o “sistema dual” de metas para o Banco Central, do qual já havia se queixado diversas vezes.
“Foi uma decisão de ampliar e não ter no programa de governo pontos que provocassem divergências. Eram concessões claras e calculadas”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho.
Ao mesmo tempo, o PT decidiu trocar as cores da campanha do vermelho para os tons da bandeira do Brasil e, principalmente, eliminar Lula das propagandas. As mudanças geraram ruídos internos. Valter Pomar, líder da minoritária Articulação de Esquerda, publicou um artigo intitulado “Será que FHC vai apoiar Haddad?”, que teve forte repercussão interna. “O esforço inclui desde elogiar Juscelino, Moro, Joaquim Barbosa e a Lava Jato, até impor a alteração de aspectos fundamentais do programa de governo do PT”, escreveu Pomar.
FHC não apoiou Haddad. O “grupo dos 8” reorientou a campanha e, na reta final, conseguiu reduzir a diferença para Bolsonaro. O candidato abraçou a ideia. “Não adianta Bolsonaro dizer que vai dar 13.º para o Bolsa Família se o vice dele fala em acabar com o 13.º. Quem tem legitimidade para propor isso somos nós”, disse na reunião decisiva. A postura do candidato fez com que um velho dirigente petista chegasse à seguinte conclusão: “Haddad melhorou muito desde a eleição anterior. Aprendeu a ouvir. Agora, até a militância gosta dele”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Bolsonaro tomou para si os discursos antipetista e patriota
(08h46) – Agência Estado – Agosto ainda não havia chegado quando o nanico Partido Social Liberal (PSL) oficializou, numa manhã de domingo, a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro à Presidência da República. No evento, realizado em um espaço de convenções da região central do Rio, Bolsonaro foi tratado como já costumava ser recebido nos aeroportos em suas constantes viagens pelo País: sob gritos de “mito”. Respondeu aos apoiadores com uma autoavaliação: “Sou o patinho feio desta história”.
Tentando se descolar dos pares da política tradicional, mesmo após 27 anos exercendo mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, Bolsonaro enfrentou nos últimos 73 dias sua mais contundente campanha eleitoral. Se enfatizou o discurso antipetista, que lhe garantiu lugar em um dos polos da disputa, o candidato do PSL não abandonou o estilo conservador nos costumes. Seu maior ponto de inflexão foi vestir o figurino de liberal na economia, sustentado na parceria com o economista Paulo Guedes, seu “Posto Ipiranga”.
A combinação conservador/liberal de Bolsonaro desbotou ao longo da campanha em meio ao cabo de guerra dos interesses que envolvem uma batalha presidencial. Resiliente na liderança da disputa, ele venceu o primeiro turno com 49.276.990 votos. O candidato do PSL oscilou e recuou sobre temas como privatizações de estatais e fusões de ministérios, além de ser obrigado a desautorizar ideias lançadas pelo vice em sua chapa, o general Hamilton Mourão (PRTB), como uma nova Constituição feita sem representantes eleitos, por “notáveis”, ou mudanças no 13.º salário.
Imutável, porém, foi o discurso agressivo contra o PT, simulando armas de fogo com as mãos em palanques e atacando políticos. Bolsonaro, de 63 anos, só mudou o ritmo de sua cruzada após sofrer um atentado a faca na cidade de Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro.
O ataque mudou o tom de sua campanha, que se deslocou dos encontros com multidões nas ruas para um quarto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Nos 23 dias neste ambiente sua candidatura cresceu nas intenções de voto. Após receber alta, mas ainda em recuperação, Bolsonaro se entrincheirou em sua residência no Rio, intensificando a campanha via redes sociais.
A onda que elevou seu apoio no primeiro turno impulsionou uma bancada parlamentar do PSL que sugere provável maioria no Congresso. Dez dias depois do primeiro turno, embalado pelo desempenho nas urnas e pelas primeiras pesquisas, Bolsonaro chegou a esboçar um discurso de tolerância e moderação ao contabilizar “18 milhões de votos” de vantagem sobre o petista Fernando Haddad. Sentindo-se “com a mão na faixa presidencial”, Bolsonaro disse à época que considerava “difícil” que o adversário tirasse a diferença na urna.
Neste clima, passou a receber em casa delegações de apoiadores, como empresários, religiosos e bancadas setoriais do Congresso, como a BBB (boi, bala e Bíblia) – todos de olho na formação de um eventual governo. Entraram em pauta nas reuniões temas como a folha de pagamento das empresas, a reforma da Previdência e até o projeto de liberação da venda de armas de fogo para civis.
Na reta final, porém, com as pesquisas apontando uma redução na vantagem sobre Haddad, o candidato do PSL voltou a centrar fogo no campo político do adversário. “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa Pátria”, atacou Bolsonaro, retomando a retórica do combate à “petralhada” dos primeiros dias da campanha. Em discurso transmitido por celular desde sua casa para manifestantes que se encontravam na Avenida Paulista, em São Paulo, ele bateu pesado.
A retomada desse tom levou o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) – de quem o deputado, na década de 1990, já defendeu seu fuzilamento – a se manifestar classificando a posição do presidenciável de “inacreditável”. “Um candidato à Presidência pedir às pessoas que se ajustem ao que ele pensa ou pagarão o preço: cadeia ou exílio. Lembra outros tempos”, escreveu FHC.
Em uma “live”, na quarta-feira, Bolsonaro apertou os argumentos também com seu pessoal. Pediu a ajuda dos 52 deputados federais eleitos pelo PSL para uma mobilização nesta reta final da eleição. Ele chegou a criticar o engajamento do grupo que, em sua opinião, estava sendo “muito fraco” e aproveitou para insinuar uma dívida com ele pelas suas votações. “Parece que vocês se elegeram por mérito próprio”, ironizou.
A poucos dias da eleição, Bolsonaro anunciou três ministros: Paulo Guedes para a Economia, o general Augusto Heleno para Defesa e o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para Casa Civil. O astronauta Marcos Pontes também é cotado, para a Ciência e Tecnologia.
Bolsonaro teve de recuar. Pressionado por apoiadores que se movimentam pela formação do governo, ele afirmava que pretendia unir os ministérios de Agricultura e Meio Ambiente. A proposta, no entanto, provocou reações internacionais de países-membros do Acordo de Paris. E, na última quarta-feira, cerca de 40 empresários, de 17 Estados, foram à casa do candidato e saíram de lá carregando a mudança de posição: pelo menos por enquanto, Bolsonaro não lhes garantiu a união dos ministérios. No dia seguinte, ele negou também que vá defender a saída do Brasil do Acordo de Paris.
‘Fake news’
Formado oficial do Exército em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), ex-paraquedista e ex-vereador do Rio, com a carreira marcada pelo ataque às posições políticas da esquerda, Bolsonaro teve de enfrentar nos últimos dias da campanha repercussões negativas provocadas por pronunciamentos de seu grupo político.
Após a divulgação do vídeo no qual o filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, fala que bastariam “um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF)” em caso de a Corte tomar decisões contrárias aos interesses de um eventual governo Bolsonaro, o capitão reformado teve de ir a público declarar que discordava dos argumentos e que já tinha “advertido o garoto”.
Houve ainda o baque sofrido pelo debate sobre notícias falsas (fake news) com um cerco a um dos pilares de sua estratégia eleitoral, o uso das redes sociais, colocado em xeque por denúncias de abusos de WhatsApp e pela suspensão de páginas do Facebook, conforme mostrou o Estado no dia 22.
O remédio adotado por Bolsonaro foi voltar a fincar pé na plataforma conservadora que sustenta restrição ao atual modelo de sociedade e costumes, segundo conceitos religiosos contrários ao aborto e a liberdade de gênero, além de manter o culto com elogios, repetidos há anos por ele e seus aliados mais próximos, a personagens polêmicos dos tempos da ditadura.
Bolsonaro não alterou a decisão de evitar debates da campanha, alegando motivos de saúde, apostando na internet como principal ferramenta. Mas também neste quesito, fez ajustes. Aproveitou os últimos dias de propaganda na TV para trabalhar a imagem pessoal nas inserções no programa eleitoral. Buscando um discurso voltado à família, apresentou sua mulher, Michelle, mãe de sua caçula, Laura – a mesma que ele disse ter “fraquejado” quando nasceu uma menina depois de quatro filhos homens. “Jair tem um brilho no olhar diferenciado. Ele é um ser humano maravilhoso”, disse Michelle, no programa da quinta-feira, na tentativa de reduzir a imagem de “patinho feio” do candidato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Acompanhe o dia de eleições em Juiz de Fora
(08h39) Bom dia! A equipe de reportagem da Tribuna já está nas ruas para acompanhar todo o processo eleitoral em Juiz de Fora. Desde as 8h, as urnas estão abertas para que o eleitor possa escolher o novo Presidente da República e também o novo Governador de Minas Gerais. Para o Governo Federal, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) são os candidatos que avançaram para o segundo turno. Já no Estado, a disputa está entre Romeu Zema (Novo) e Antônio Anastasia (PSDB).
Em Juiz de Fora, serão 397.841 eleitores aptos a comparecerem às urnas até as 17h. A expectativa é que a contabilização dos votos, na cidade, seja concluída por volta das 19h30.
Tópicos: eleições 2018