Investigação da Polícia Civil sobre atentado contra Bolsonaro não tem prazo para conclusão

Caso segue sendo apurado pela Polícia Federal, que, esta semana, recebeu críticas do candidato do PSL


Por Pedro Capetti, estagiário sob supervisão da editora Luciane Faquini

25/09/2018 às 18h00

O inquérito aberto pela Polícia Civil de Juiz de Fora para investigar o atentado ao candidato Jair Bolsonaro segue sem prazo para conclusão. Desde a rejeição da Justiça Estadual ao pedido para que as provas obtidas pela Polícia Federal fossem compartilhadas, na última quarta-feira (19), o procedimento se encontra paralisado nas mãos do promotor de Justiça responsável pelo caso, Oscar Santos de Abreu. Nesta terça-feira (25), ele encaminhou pedido da cópia do inquérito ao Ministério Público Federal (MPF) e espera um posicionamento ainda esta semana.

Segundo a Tribuna apurou, ainda não se sabe quais serão os próximos passos das investigações, nem onde ela chegará. Inicialmente, o objetivo era investigar as motivações de Adelio, a fim de concluir se o crime poderia ser enquadrado no crime de tentativa de homicídio ou na Lei de Segurança Nacional. A situação contrasta com as críticas feitas pelo candidato do PSL em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (24). Bolsonaro contestou a linha de investigação da Polícia Federal, afirmando que o inquérito conduzido pela Polícia Civil estaria em estágio mais avançado que o conduzido no âmbito Federal.

PUBLICIDADE

“Ouvi dizer que a Polícia Civil de Juiz de Fora está bem mais avançada do que a Polícia Federal. O depoimento que eu ouvi do delegado da PF, que está conduzindo o caso, realmente é para abafar o caso. Eu lamento. O que eu o ouvi falando dá a entender até que age, em parte, como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer”, afirmou.

A investigação feita pela Polícia Civil foi aberta no dia 6 de setembro, horas após o atentado ao candidato do PSL. Apesar da rapidez na abertura do procedimento, Adelio Bispo não foi ouvido pelas autoridades policiais do Estado. A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, Sérgio Luiz Lamas Moreira. O inquérito conta apenas com depoimentos de agentes penitenciários que tiveram contato com Adelio Bispo no Ceresp, pessoas apontadas como eventuais participantes do crime e o proprietário da pensão onde ele se hospedava. “Penso que só vai ser possível dizer o que houve após a conclusão da investigação. Por enquanto, não temos certeza de nada”, afirma o delegado responsável, Sérgio Lamas.

Questionado sobre o futuro das investigações, Lamas afirmou não ter tido contato com o despacho que negou o encaminhamento do pedido de compartilhamento de provas da Polícia Federal. No entanto, ele espera ter acesso ao material após a conclusão do inquérito na Polícia Federal. “Com o fim do procedimento (na Federal), pode ser que o juiz tenha outro entendimento: ‘agora que concluiu, vou compartilhar’. Não sei como isso se daria na prática.”

Na decisão do última quarta-feira (19), o juiz Paulo Tristão declarou ser “prudente” aguardar a conclusão das investigações da Polícia Federal para definir possível compartilhamento de provas. Ele também citou ser “desnecessária” a intervenção dele para decidir sobre o acesso às investigações conduzidas, uma vez que o Ministério Público tem atribuição legal para solicitar cópia do inquérito diretamente ao Procurador da República.

O conteúdo continua após o anúncio

Tópicos: bolsonaro / polícia

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.