Justiça Eleitoral faz campanha para combater abstenção
Em JF, número de eleitores que não vão às urnas em eleições presidenciais é crescente desde 1998
Na tentativa de conscientizar os eleitores sobre a importância da participação no processo eleitoral e incentivá-los a votar, a Justiça Eleitoral tem realizado campanha contra a abstenção nas eleições de 2018. A ação consiste na veiculação de peças publicitárias em emissoras de TV, rádios e redes sociais que alertam sobre a relevância do voto e os impactos do não comparecimento às urnas, da anulação ou da escolha do voto em branco. A preocupação com a participação do eleitorado é justificada pela evolução dos números de ausentes nas últimas eleições presidenciais. Em 2014, o nível de abstenção no país chegou ao patamar mais alto em 16 anos: um total de 27,7 milhões de brasileiros não votaram, o que correspondeu a 19,4% dos 142,8 milhões de eleitores que o país possuía.
Em Juiz de Fora, a abstenção nas eleições presidenciais foi crescente entre 1998 e 2014. Enquanto, no primeiro ano, 14% dos eleitores não compareceram às urnas, no último, o percentual chegou a quase 19%. Para se ter ideia, neste intervalo de 16 anos, a quantidade de juiz-foranos aptos a votar aumentou 30%, passando de 301.199 para 392.193, conforme dados da Justiça Eleitoral. Paralelamente, o número daqueles que não compareceram às urnas subiu 76%, indo de 42.167 para 74.281.
De acordo com a assessoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha contra o absenteísmo nas eleições 2018 alerta que “não ir às urnas contribui para a escolha de governantes e legisladores com legitimidade reduzida e baixa representatividade”. A iniciativa também desmitifica boatos de que o pleito pode ser invalidado, caso a maioria vote em branco. “As peças publicitárias enfatizam que voto em branco, aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos, não é mecanismo de protesto e só contribui para a escolha de políticos com um número menor de votos.” O órgão também reforça que “o voto é a manifestação de maior relevância na democracia, sendo fundamental para sua consolidação”.
Desânimo com cenário político
Na análise do cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jorge Chaloub, o desânimo com o cenário político e o fato da justificativa à ausência nas urnas ser feita de forma simples são os principais fatores que contribuem para a abstenção do eleitorado. Este ano, ele considera que as eleições trazem um aspecto que também pode interferir na participação. “O fato de se ter o candidato que lidera as pesquisas fora da disputa pode implicar na desistência de um número maior de pessoas. A representação política é muito delicada e, quando rompida, o eleitor pode não reconhecer aquela eleição como legítima. Isto não é apenas sobre o Lula, mas qualquer figura política que estivesse nesta situação de ter a maior intenção de votos, mas não concorrer.”
Quanto ao episódio de agressão contra Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, o especialista acredita que não deve interferir na abstenção. “O efeito deve ser contrário, de motivar os eleitores dele a comparecerem às urnas”, pontua. “O que eu não acredito é que possa interferir na rejeição, no sentido de que quem não votaria nele mude de opinião por causa do ocorrido.”
Para Chaloub, a melhor maneira de combater a abstenção é a Justiça Eleitoral informar sobre o funcionamento do sistema político. “É preciso maior compreensão das relações entre os cargos e como funciona a dinâmica política no nosso país. Seria mais eficiente campanhas neste sentido.”
Tópicos: eleições 2018