Investigado pela PF nega participação no atentado a Bolsonaro

Ainda internado no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, Hugo Bernardo afirmou à Tribuna não conhecer Adelio Bispo de Oliveira, autor do ataque


Por Pedro Capetti, estagiário sob a supervisão da editora Marise Baesso

10/09/2018 às 08h25- Atualizada 10/09/2018 às 11h06

Uma das pessoas inicialmente investigadas pela Polícia Federal após o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), na última quinta-feira (6), Hugo Ricardo Bernardo, 27 anos, disse não conhecer o esfaqueador Adelio Bispo de Oliveira, 40. Ele também negou estar envolvido com a agressão ao candidato do PSL. “Nunca o vi na vida. Esse cara que fez isso é um louco, sem cérebro, com problemas na cabeça”, afirmou à Tribuna o jovem, que está internado no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.

Morador de um bairro na região Leste de Juiz de Fora, ele está hospitalizado desde a última quinta-feira (6), quando se envolveu em uma briga no Parque Halfeld com um apoiador de Bolsonaro e policiais militares. Com a mão inchada e enfaixada após colocar quatro pinos e uma placa depois de passar por uma cirurgia na clavícula, Hugo, que é pizzaiolo, revelou detalhes sobre os incidentes ocorridos, quando foi qualificado como investigado no caso. Ele foi intimado a depor na Polícia Federal após receber alta hospitalar. Como não está preso, Hugo permanecia no hospital como qualquer outro paciente, sem qualquer tipo de proteção ou escolta da polícia.

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Ao lado da mãe, que está como acompanhante no hospital e dormia ao seu lado durante a entrevista, Hugo contou que se envolveu em uma confusão ao ver um apoiador do candidato do PSL agredindo uma mulher que se manifestava contrariamente a Bolsonaro. Revoltado com a ‘covardia”, ele discutiu com pessoas que se diziam seguranças de Bolsonaro, vestidos de preto e com laço amarelo na camiseta. “Ele estava agredindo uma mulher, aí eu o abordei e disse: ‘briga com alguém do seu tamanho’. Aí ele disse: ‘pode ser você’, e começamos a brigar”, relata.

Após o conflito, o pizzaiolo e lutador de muay thai se envolveu em novo confronto, desta vez com policiais militares, nas proximidades da Rua Marechal Deodoro com a Rua Santo Antônio. Na ocasião, segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) da Polícia Militar, o homem estaria insuflando os demais a agredir pessoas que vestiam a camisa com a imagem de Bolsonaro. “Chegaram com cacetete e tudo, muita gente, igual quando você abre um pacote de Mendorato”, comparou. Além disso, uma testemunha chamada Fábio disse que Hugo estaria envolvido na tentativa de homicídio de Bolsonaro.

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Após a briga, ele foi algemado e levado para a delegacia de Polícia Federal, onde foi qualificado como investigado. Ele foi ouvido e liberado na sexta-feira. No entanto, questionado sobre seu envolvimento no caso, Hugo alega só ter ficado sabendo da facada a Bolsonaro quando chegou ao Hospital Doutor Mozart Geraldo Teixeira (HPS). Nem na Polícia Federal, onde ficou cerca de dez minutos, soube do atentado. Disse sequer ter cruzado com Adelio. “Só vi pela televisão a imagem dele (Adelio), porque estou sem celular”, contou.

Hugo estava acompanhado de alguns amigos no ato de Bolsonaro. Seu objetivo era mostrar a indignação com a postura e as declarações do candidato. Politicamente ele se declara “meio anarquista”. Alega não fazer parte de nenhum grupo de militantes e que não iria votar nessas eleições, assim como nas demais. A única vez que compareceu às urnas foi quando tinha 18 anos de idade. Desde então, está com o título de eleitor em situação irregular.

Hospitalizado recuperando-se da cirurgia, Hugo deve receber alta ainda nesta semana. Ainda não há indícios que o liguem ao crime contra Bolsonaro, mas o pizzaiolo ainda é considerado suspeito no caso.

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Tópicos: eleições 2018

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