Em debate final, Bolsonaro e Haddad viram alvo de ataques

Candidato do PSL, líder das pesquisas de intenções de votos não compareceu ao encontro promovido pela TV Globo


Por Agência Estado

05/10/2018 às 09h03

No último debate entre os presidenciáveis antes da votação em primeiro turno, promovido pela TV Globo, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, foi alvo de críticas contundentes dos participantes por ter se ausentado do encontro. No estúdio da emissora, o petista Fernando Haddad, que está em segundo lugar nas sondagens eleitorais, foi constantemente confrontado pelas denúncias de corrupção durante as gestões de seu partido no Palácio do Planalto.

Mais uma vez, os candidatos que ocupam posições intermediárias nas pesquisas tentaram se colocar como alternativas à polarização entre Bolsonaro e Haddad. Na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 4, o candidato do PSL soma 35% das intenções de voto, ante 22% do presidenciável do PT.

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A ausência de Bolsonaro, que alegou recomendações médicas para não ir ao debate, mas concedeu uma longa entrevista à TV Record, foi questionada pela maioria dos participantes.

Os candidatos que estão no segundo pelotão nas pesquisas também tentaram reforçar a versão de que os líderes representam os extremos do espectro político. Bolsonaro, além das críticas pela ausência, foi tratado como um risco à democracia. Além do tema corrupção, Haddad precisou responder sobre a crise econômica gerada após os governos petistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ciro defende revogação da emenda do teto e faz novas críticas a Bolsonaro

O candidato Ciro Gomes (PDT) voltou a defender a revogação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 95, conhecida também como PEC do teto. Para o pedetista, a emenda impede crescimento dos gastos em saúde, educação e segurança.

O ex-governador do Ceará, que fez pergunta a Henrique Meirelles (MDB), aproveitou ainda para criticar o candidato Jair Bolsonaro (PSL), dizendo que gostaria de dirigir perguntas a ele, mas este “fugiu” do debate e preferiu conceder entrevista a uma outra emissora.

Esta é a quarta vez que o pedetista e o emedebista perguntam um ao outro. Em todas, houve críticas ao capitão reformado do Exército. Entretanto, Meirelles, que foi ministro da Fazenda quando a PEC 95 foi aprovada, disse ser uma “má informação” a ideia de que a emenda impede crescimento dos gastos em saúde e educação.

“O que tem é piso, teto é só para os privilégios, que serão combatidos com as reformas”, defendeu.

Com acenos, perguntas de Haddad foram para Boulos e Ciro

Mesmo com um tom mais enfático e direcionando críticas duras ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) buscou ao longo do debate da TV Globo endereçar as perguntas aos concorrentes Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT), alinhados à esquerda.

Com Boulos, foram ressaltadas as políticas sociais dos governos petistas e os dois discorreram da necessidade de melhoria da educação até políticas de moradia.

Por sua vez, com Ciro, Haddad evitou entrar em temas muito divergentes e fez dobradinhas para criticar Bolsonaro e as propostas do governo de Michel Temer, como as reformas trabalhista e da Previdência.

Ciro, por sua vez, procurou direcionar as questões a Henrique Meirelles (MDB), a quem já elogiou publicamente, apesar de ele ter trabalhado no governo Temer. Os candidatos trataram de temas como a Emenda 95 e educação.

Boulos, no entanto, foi na contramão e priorizou ataques. Ele escolheu fazer perguntas somente para Meirelles, a quem prometeu mais uma vez “taxar”, e Geraldo Alckmin (PSDB), a quem tentou relacionar com o governo Temer.

Marina volta a atacar polarização e diz que PT não faz autocrítica

A candidata Marina Silva (Rede) voltou a criticar a polarização entre as candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e o PT nas eleições deste ano. Se voltando a um dos polos desse embate, a ex-senadora disse que o Partido dos Trabalhadores ainda não fez uma autocrítica e perguntou se Fernando Haddad (PT) pode fazê-lo.

“Bolsonaro amarelou, deu entrevista para a TV Record e não quis vir aqui”, comentou Marina antes de questionar o ex-prefeito de São Paulo.

Em sua resposta, Haddad disse que é candidato porque o ex-presidente Lula foi injustamente condenado e que o projeto petista de governo deu, sim, certo. “Falam que Lula é radical, mas o ex-presidente abriu as portas do Palácio do Planalto a todos, do servente de pedreiro ao banqueiro. E governou olhando para os mais pobres”, defendeu.

Marina disse que lamentava a falta de autocrítica petista e atacou o “bolsa-empresário” que foi gestado nos governos petistas. Haddad, na tréplica, disse que ela estava sendo injusta. “Dei muitas entrevistas reconhecendo erros que foram cometidos. Mas não vou jogar a criança com a água do banho”, disse, lembrando de conquistas do período, como um saldo de 20 milhões de empregos.

Alvaro Dias é ‘enquadrado’ por William Bonner, Haddad e Meirelles

Com a bandeira do antipetismo, o estilo do candidato do Podemos à Presidência, Alvaro Dias, foi alvo de repreensões do apresentador William Bonner e dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Henrique Meirelles (MDB).

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Bonner pediu a Alvaro Dias que não se movimentasse muito, porque estava saindo da marcação da câmera.

Haddad aproveitou a deixa e disse que o senador paranaense estava “atrapalhado” e que ele estava perdido em “relação ao tempo e ao espaço”. Dias retrucou e disse que “não se engana sobre o PT”.

Depois de dizer que Meirelles era cúmplice de corrupção, o emedebista obteve direito de resposta. “O candidato Alvaro Dias está bastante confuso, inclusive sobre o que é ficha limpa”, disse o ex-ministro.

Em considerações finais, candidatos pedem que eleitor vote contra polarização

À exceção de Alvaro Dias (Podemos), que preferiu centrar seu discurso sobre o combate à corrupção, e de Fernando Haddad (PT), os demais candidatos à Presidência que participaram do debate da TV Globo pediram que o eleitor não leve o ódio para as urnas e vote contra a polarização que tomou conta da corrida eleitoral deste ano.

Geraldo Alckmin (PSDB), que iniciou os comentários finais, disse que o “radicalismo, o ódio e o preconceito não vão levar a nada” “20% do voto se decide nos últimos dias, peço o seu voto”, disse o tucano.

Ciro Gomes, do PDT, disse que o Brasil viveu quatro anos de ódio e esse filme “parece que está querendo se repetir”. “O que temos hoje é um empate entre Haddad e Bolsonaro. Aprofundar essa divisão não permite conciliar Brasil. Estou ali, no terceiro lugar. Ganho de Haddad e de Bolsonaro no segundo turno com grande folga”, disse o pedetista.

“Ódio não gera emprego, vingança não cria segurança ou corrupção”, disse Henrique Meirelles (MDB). “Estou aqui porque sou uma pacificadora, que é muitas vezes mal compreendida. Esse País não tá precisando de força física. Precisa de força moral, de respeito, com seu dinheiro, com a Constituição, com a diversidade”, argumentou Marina Silva (Rede).

“Domingo é dia de barrar atraso. Não vote com ódio nem com medo. Só vamos mudar Brasil enfrentando de verdade os privilégios”, pregou Guilherme Boulos (PSOL).

Um dos polos dessa polarização, Haddad (PT) buscou mostrar sua biografia e oferecer uma esperança ao eleitor. “Sou neto de um líder religioso, filho de agricultor familiar. Eles me ensinaram que é preciso ter trabalho e educação. Aprendi com Lula que é possível ter essa possibilidade para todos. Vou trabalhar para dar isso a todos”.

Segundo um integrante de Marina Silva, os candidatos não foram autorizados a usar adesivos com seu número no debate desta quinta-feira, como aconteceu no debate anterior, da Record. Para driblar essa restrição, Haddad, Dias e Boulos citaram seus números.

Tópicos: eleições 2018

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