Juiz-foranos disputam o Mundial de Ironman em Kona

Hugo Amaral e Thiago Alvim estão na maior competição de triatlo do mundo, e que este ano completa 40 anos


Por Fabiane Almeida, estagiária sob supervisão da editora Carla da Hora

11/10/2018 às 07h00

Hugo vai nadar 3.800m, correr uma maratona (42km) e pedalar 180km em Kailua-Kona, no Havaí, em sua terceira participação da prova de triatlo mais tradicional do planeta (Foto: Felipe Couri)

Neste sábado (13), os juiz-foranos Hugo Amaral (VidAtiva) e Thiago Alvim disputam o Mundial de Ironman em Kailua-Kona, no Havaí, na competição que é considerada o crème de la crème do triatlo mundial. A prova acontece duas semanas após os atletas serem campeão e vice da categoria 30 a 34 anos, respectivamente, no Ironman 70.3 no Rio, quando carimbaram o passaporte para o Ironman 70.3 Nice, na França, em setembro de 2019. No desafio na ilha norte-americana, Hugo busca melhorar sua marca para perto de 9h20min e ficar entre os dez primeiros na sua categoria, enfrentando os melhores do mundo nos 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.

Desde que começou a carreira no triatlo há oito anos, o sonho do atleta era competir a maior prova da modalidade no arquipélago. Esse ano, Hugo realiza o feito pela terceira vez, tendo disputado também em 2016 e 2017. A classificação para a edição deste ano no Havaí aconteceu em maio, em Florianópolis (SC), quando concluiu a prova em 9h5min, alcançando o 4º lugar na categoria e 17º geral. Com a experiência de provas anteriores, Hugo avalia as características do próximo desafio. “O percurso no Havaí é muito desafiador. Na maioria das provas vale usar roupa de borracha na natação, que flutua e esquenta o corpo. Como lá é muito quente, essa roupa não vale, então o atleta não flutua tanto, o que torna a prova mais lenta. Além disso, o mar é mais agitado que no Brasil. No ciclismo é um calor insuportável e venta também, um clima parecido com o do Nordeste. Como eu já conheço o circuito, vou com uma visão melhor do que quem vai pela primeira vez.”

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Estratégia

É a primeira vez que Hugo disputa duas provas longas em um intervalo tão curto. No entanto, com planejamento desde maio, ele acredita estar bem preparado e destaca seus pontos fortes. “A minha natação é muito forte, sempre saio na frente na água e começo a pedalar entre os primeiros. Como eu vim da natação, tenho essa facilidade. No ciclismo, eu pedalo bem legal, consigo pedalar entre os primeiros colocados, já na corrida eu sofria um pouco. Fiz um trabalho do ano passado para cá para melhorar o ciclismo e a corrida. Se eu fizer o mesmo ciclismo, mas sair descansado para correr, vou correr melhor. Meu foco foi esse em Florianópolis e foi o que deu certo, corri quase 20 minutos melhor. É isso que quero fazer no Havaí.”, avalia.

De obrigação a paixão

A inserção do esporte na vida de Hugo Amaral começou por segurança. Aos três anos de idade, os pais do atleta o matricularam na natação por precaução para quando a família fosse à praia. “Começou como uma obrigação, mas a partir de um certo momento comecei a gostar, e o meu castigo se tornou não ir à natação. Foi meu maior hobby até os 19 anos. Já fiz outros esportes, mas o que mais foquei foi a natação, fui campeão e recordista mineiro e participei de campeonatos brasileiros”, relembra.

Formado em educação física pela UFJF, em 2009 Hugo fundou a empresa VidAtiva com outros sócios, que também presta consultoria em corridas, e ele começou a praticar a modalidade para ensinar. O ciclismo veio por influência do pai, a quem acompanhava em passeios de bike ainda adolescente.

“Comecei a treinar o ciclismo aos 22 anos e focava provas off road, com mountain bike e participava do XTerra. Em 2010 ganhei na minha categoria no circuito e, em 2012, comecei como profissional. Em 2015 tive uma mudança na carreira, abandonei o mountain bike e foquei nas provas de asfalto e Ironman, quando consegui a primeira classificação para o Mundial no Havaí.”

 

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Aos 31 anos, Hugo considera que ainda tem muito a evoluir no esporte. “Oito anos é uma carreira curta, porque no esporte de enduro se chega no auge próximo a dez anos de prática. Sei que depois dos 36 ou 37 anos o rendimento cai, mas ainda estou jovem e posso melhorar bastante.”
No dia-a-dia, o atleta concilia o esporte com o trabalho na consultoria esportiva. Como treinador, ele atende a mais de 40 triatletas em Juiz de Fora e região. Em 2015, quando começou a focar nos mundiais de Ironman, procurou o auxílio do treinador Eduardo Braz, de São Paulo. Em Juiz de Fora, o atleta conta com o apoio de Pedro Itaberano na musculação e do fisioterapeuta Guilherme Mendonça. A alimentação fica por conta da esposa Anelise Rezende, especialista em nutrição esportiva.

Influências

A dedicação ao triatlo também é influência do primo Lucas Leite e do atleta Thiago Machado (falecido em 2005), com quem nadava no clube Bom Pastor. “O Thiago foi um dos grandes triatletas brasileiros de provas curtas. Eu sempre via os dois participando de provas e trazendo resultados. E é legal que, da mesma forma que me espelhei neles, agora meus alunos se espelham em mim. Eu tento mostrar o caminho que fiz, os erros e acertos e ensinar a melhor forma para alcançar os objetivos. O triatlo é um esporte que precisa ter paciência e ser dedicado, é uma maneira mais saudável e divertida de se viver e conheço gente do mundo inteiro graças às provas que fiz.”

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Para sentir o clima

Hugo Amaral desembarcou no Havaí em 2 de outubro e junto com ele está seu ex-aluno, o atleta Thiago Alvim, que se prepara para seu primeiro mundial. Thiago se classificou para a competição em abril deste ano, no Ironman de Porto Elizabeth, na África do Sul. Com a marca de 9h37, terminou em 12º na categoria 30-34 anos e 62ª colocação geral. No último Ironman 70.3 no Rio, há 13 dias, Thiago chegou logo atrás de Hugo, como vice-campeão, com a marca de 4h19min.

Thiago Alvim participa pela primeira vez do Mundial e diz que os treinamentos foram intensos desde 1º de agosto (Foto: Arquivo Pessoal)

A antecedência para chegar ao local de prova é uma precaução para que os atletas se recuperem da competição anterior e se acostumem com as características climáticas do arquipélago. “O circuito é muito bonito, mas extremamente quente, quase quarenta graus o tempo todo. Temos que tomar muito cuidado com a hidratação e reposição de sais minerais”, ressalta Thiago.

Com treinamento intenso desde 1º de agosto, ele define a última semana como um período de polimento. “Diminuímos os treinos e procuramos descansar mais. O circuito de natação no mar já está demarcado e estamos treinando lá. Fazemos as três modalidades com menos tempo de treino, mais ou menos três horas por dia. Nadamos no horário da prova para sentir a maré e pedalamos também no horário pra sentir se tem vento. É importante treinar junto com o Hugo, pois dá estimulo e ele é um cara experiente, embora seja mais novo.”

No próximo mês, Thiago completa cinco anos como triatleta. Desde então já esteve em mais dois pódios na maior competição do mundo: além da conquista deste ano, foi o quinto colocado na categoria no Ironman da Flórida e quarto lugar no Ironman 70.3 no Rio, ambos em 2017. Neste sábado, o atleta planeja fazer um tempo abaixo de 10 horas de prova e destaca a competitividade na sua categoria. “De 30 a 34 anos e 35 a 39 são as categorias mais difíceis, pois é quando o corpo está na melhor forma para o enduro. Nas provas que fazemos, quem ganha na classificação geral costumam estar nessas faixas.”

Tópicos: triatlo

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