Secretário de Esporte reitera diretriz da utilização do Estádio Municipal: “arena de uso misto”

Festa Country irá ocorrer no espaço do gramado, que será coberto; Baeta e Tupi terão que buscar outro campo para dois jogos do Módulo II


Por Bruno Kaehler e Davi Sampaio, estagiário sob a supervisão do editor Bruno Kaehler

08/03/2022 às 16h53

A notícia de que o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio será palco da Festa Country e estará indisponível para os clubes da cidade entre os dias 8 e 20 de maio tem gerado forte repercussão no município, visto que Tupi e Tupynambás não irão poder realizar um jogo cada pelo Módulo II do Campeonato Mineiro, programados para este período. Diante disto, o secretário de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Marcelo Matta, respondeu a perguntas, na tarde desta terça-feira (8), à Rádio Transamérica JF, e reforçou que o evento vai ao encontro de discurso já exposto à Tribuna desde o início de seus trabalhos na pasta: “transformar o espaço em uma arena de uso misto.”

Na última sexta-feira (4), foi publicada nova portaria que normatiza o uso do principal palco esportivo da cidade. “No nosso entendimento, um dos objetivos é transformar aquele espaço em uma arena de uso misto, tal qual acontece no mundo inteiro. Essa regulação determina regras entre Prefeitura e terceiros. A gente despersonifica a relação, ela se torna pública, baseada na regra para todos e todas com o mesmo critério, evitando privilégios. Foi publicado um anexo apresentando os valores para jogos de futebol e qual o comportamento que se dá quando um empreendedor quer fazer um show, e todo o procedimento já está registrado. Ou seja, a relação vai ser igual para todos, não vai ser uma relação pessoal que vai acontecer”, esmiúça Marcelo.

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Neste sentido, a Festa Country foi confirmada, com shows nos dias 13 e 14. “Não é um evento da PJF, a Prefeitura está locando um evento. Lógico que temos interesse em criar políticas de fomento na cidade, e esse evento mobiliza, a cada dia, 20 a 30 mil pessoas. Eu levantei que mais de metade vem de fora da cidade. Hotel, táxi, restaurante têm movimento. As pessoas que vão a esses shows compram roupas, adereços, isso movimenta a cidade. A PJF, ao assumir aquilo ali como uma arena de uso misto, ela está trabalhando outros vetores importantes na cidade”, explica o secretário.

Shows em área do gramado

O evento irá ocorrer no espaço do campo, mas Marcelo garante que estão previstas providências para evitar prejuízos, como a cobertura do solo por meio de um tablado. “Todo o gramado, a área interna do alambrado – para quem conhece o Estádio Municipal, é aquela área que envolve o campo -, o banco de reservas, a área de aquecimento próxima do vestiário e a parte atrás do gol vão ser cobertos através de um material de alta tecnologia e que a montagem, segundo a empresa, é muito rápida. Dessa maneira, vai se iniciar de quinta para sexta essa cobertura, e sábado, ficando três dias com o gramado coberto. Após o show no sábado, cuja previsão é terminar 2h, a desmontagem inicia, evitando o impacto negativo na grama. No entanto, se tiver um impacto, está em um contrato, assinado, que a empresa que está promovendo é responsável por recuperá-lo. Não existe utilização de prego que possa causar perigo e depois tenha que fazer algum pente fino na grama.”

A Tribuna buscou contato com a Prefeitura, que confirmou que o gramado tem sido revitalizado, e tanto Baeta quanto Tupi poderão utilizar o espaço para treinos e jogos – o Módulo II irá começar em 27 de abril. “Desde o início de 2021, quando a nova gestão assumiu a Prefeitura de Juiz de Fora, percebemos que o gramado não estava em boas condições. Desta maneira, começamos a trabalhar na perspectiva de uma revitalização. O gramado foi acometido por um ataque de uma praga para qual não existe tratamento, ou seja, é necessária a retirada desta praga através do replantio de novas placas de grama. Hoje, o estádio está em condições de receber eventos esportivos. A revitalização no gramado segue sendo realizada, pensando na melhoria do campo para receber os jogos do Campeonato Mineiro – Módulo 2 – no mês que vem”, declarou a PJF.

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Estádio recebia, nesta terça-feira o corte do gramado (Foto: Fernando Priamo)

Regra que pode inviabilizar jogos do Tupi será analisada

Por causa da nova portaria publicada pela Prefeitura sobre o uso do Estádio Municipal, o Tupi pode não conseguir sediar jogos no palco esportivo nas partidas do Módulo II. De acordo com o parágrafo VII, do Art. 4º do documento, é obrigação das empresas que pretendem utilizar o complexo a ”regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei, demonstração de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A consolidação das Leis de Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.”

Atualmente, Tupi e Tupynambás não possuem as certidões negativas de débito exigidas. No entanto, o presidente do Baeta, Cláudio Dias, afirmou à Tribuna que o Leão do Poço Rico tem uma pendência em relação a pagamentos de IPTU que seriam normalizadas no início desta semana. Desta forma, o Baeta teria a situação regularizada e poderia atuar no palco esportivo juiz-forano. Já o Tupi confirmou não possuir as certidões e, em comunicado divulgado nesta terça, relata que ”uma série de regras e condições foram impostas sem que ao menos nosso clube fosse procurado para apresentar alguma proposta e contribuirmos para que fosse construída uma solução amigável, democrática, participativa, justa e que favorecesse a todos os atores envolvidos com o esporte em geral na cidade”, e que continua em busca do diálogo para resolver as pendências, as quais, atualmente, impedem o time de utilizar o Estádio Mário Helênio.

Sobre a reclamação da busca por diálogo, Marcelo reiterou que “em momento algum foi enviado à SEL algum documento solicitando aquele espaço pelos clubes da cidade. Já participei de vários arbitrais da FMF devido às competições de base sub-15 e sub-17, e tem um momento em que perguntam qual o estádio que o clube indica. Foi indicado o Estádio Municipal sem sequer a SEL receber uma solicitação de uso. É importante ressaltar que aquele espaço é da Prefeitura, e assim deve ser tratado”, destaca o secretário. “Eu entendo a dificuldade dos clubes, não é fácil disputar uma competição em função dos recursos, da logística, mas desde o início estamos falando que é um espaço de uso misto. O grande desafio hoje, a partir de agora, é harmonizar, e já está assinado o contrato. Nos dias 13 e 14 vai ter a Festa Country. Se os clubes tivessem enviado um ofício para nós, poderíamos ter falado também. No dia seguinte que eu vi na Tribuna que eles participaram do arbitral e indicaram o estádio, fiz um ofício, recebido por parte dos dois clubes. Eu sinto muito, mas agora temos um evento dessa magnitude, com vetor econômico de turismo muito bacana para a cidade, vai ter que ter essa harmonia. Nos outros jogos, o Tupi e o Tupynambás vão jogar no estádio de maneira gratuita, atendendo aos documentos de termo de utilização desse espaço e que nós vamos tratar no futuro”, completa Marcelo.

O secretário adiantou, ainda, que o Tupynambás já estaria atendendo aos requisitos para o uso do estádio. Questionada pela reportagem se os clubes, sem as certidões negativas, realmente irão ficar impedidos de utilizar o palco esportivo, a PJF declarou que está analisando a situação. ”A Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) e a Procuradoria-Geral do Município (PGM) estão verificando a necessidade ou não, da alteração da portaria nº 5439, que dispõe sobre a autorização de uso de bem público por terceiros das instalações do Estádio, para que tanto os clubes profissionais quanto a Prefeitura tenham segurança para a realização das partidas no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio”, informa a Prefeitura.

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Caso a PJF opte por não flexibilizar as diretrizes instituídas na nova portaria, o Tupi terá que mandar seus jogos fora da cidade, sem outro palco em Juiz de Fora que possa receber, atualmente, as partidas válidas por competições da FMF com público. ”Não mandar jogos em Juiz de Fora, nesse momento de retomada do clube, nos implicará em incalculáveis prejuízos técnicos, de competitividade e financeiro. O cenário de incertezas nos limita em ações de marketing e relacionamento com o nosso torcedor e reduz a melhoria de receitas para que o clube possa honrar seus compromissos”, se posiciona o Carijó, também no comunicado. “Em relação ao Tupi, vamos ter que estudar isso em um órgão superior. Vamos criar uma harmonia, eu entendo a situação, não quero prejudicar, mas a função pública exige tomada de decisões públicas, então vamos tratar com muita inteligência para não prejudicar a ninguém, nem ao poder público e nem ao Tupi”, afirma Matta.

“Esporte de alto rendimento não é fácil ser feito. A verba que a Prefeitura e a Secretaria de Esporte têm não possui destinação para esporte de alto rendimento. A política que pode ser feita acho que vem mais pelo lado econômico, de tentar fomentar a economia da cidade. Dessa maneira, os clubes, com a governança, seguindo todas as regras, podem ter um apoio, parceria de empresas e patrocinadores envolvendo o projeto. Agora, criar uma dependência exclusiva da Prefeitura e querer dizer que a PJF que tem que assumir as responsabilidades, eu sou extremamente contrário. Existem projetos sociais, a SEL tem 85 núcleos espalhados de futebol, de natação, de hidroginástica. O Parque Municipal está bombando, assim como projetos como Praça para toda gente e Bom de bola. Essas coisas a gente têm que fazer. Agora, esporte de alto rendimento, eu entendo que também existe a necessidade de governança, de seguir regras para se tornar competitivo, respeitado, com credibilidade. No estádio, é um jogo de cada clube (perdido). Nos demais jogos, vai estar ali à disposição”, encerra Marcelo.

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