Setor lácteo nega risco de desabastecimento

O risco dos consumidores juiz-foranos enfrentarem o desabastecimento de leite e derivados foi negado por representantes do setor lácteo. A cadeia produtiva segue na ativa mesmo em meio à pandemia da Covid-19. Para reduzir os riscos de transmissão do coronavírus, produtores e laticínios têm adotado medidas de segurança no trabalho, como cuidados específicos de higienização e revezamento de funcionários nas fábricas para evitar aglomeração.

A preocupação sobre a possibilidade de redução do estoque dos produtos e possível desabastecimento ocorreu após a divulgação do comunicado da Flórida, indústria de alimentos de Juiz de Fora, informando que irá suspender a coleta de leite a partir de 1º de abril. A medida ficará em vigor por tempo indeterminado.

No texto, a empresa justifica a decisão por conta do atual momento de pandemia. “Diante dos fatos e da crescente preocupação com a evolução e futuras consequências econômicas e financeiras decorrentes da pandemia da Covid-19, temos agido de forma rápida, consistente e responsável na busca de melhores soluções para o impacto deste problema na nossa empresa”, esclarece. “Reduziremos nossa operação industrial tendo em vista a necessidade da restrição do contato social entre nossos colaboradores, bem como, a notória diminuição da demanda dos nossos produtos nos mercados de nossa atuação. Assim sendo, a partir de 1º de abril suspenderemos, por tempo indeterminado, a coleta de leite.

Procurada pela Tribuna, a Flórida informou que não irá se posicionar.

Em Minas

O Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg) informou que a indústria juiz-forana foi a primeira do estado a informar a interrupção da coleta de leite. “É uma decisão particular, e nós entendemos perfeitamente a razão. Mas precisamos enfatizar que a cadeia láctea segue funcionando bem”, declarou o presidente da entidade, José Antônio Bernardes.

Produção de leite segue sem interrupções

A rotina de trabalho dos cerca de 600 produtores de leite de Juiz de Fora segue sem interrupções, apesar de algumas adaptações. “Há a orientação sobre as medidas de segurança a serem tomadas neste momento”, destaca o presidente do Sindicato Rural, Domingos Frederico Netto.

Nas propriedades são produzidos em torno de 40 mil litros de leite por dia que são comercializados, sobretudo, para laticínios locais e de outros municípios. Os impactos da suspensão da coleta de leite anunciada pela Flórida ainda não podem ser mensurados. “É algo que ainda vai acontecer, e até o momento é a única empresa que tomou esta medida.”

Segundo Domingos, os produtores seguem trabalhando, mas a principal apreensão é com relação ao momento que todos enfrentamos e a incerteza em relação ao que virá depois dele. “A nossa preocupação é sobre até quando essa pandemia irá perdurar, o que ninguém sabe responder por se tratar de uma situação nova, então, todo dia vem uma informação diferente.”

Com relação ao risco de desabastecimento aos consumidores, ele também nega a possibilidade. “Isto não vai acontecer. Os supermercados, por exemplo, possuem estoques de leite em pó e longa vida, que são mais duradouros.” O presidente do Silemg, José Antônio Bernardes, corroborou a informação. “Não há risco de desabastecimento. É fato que o leite sofre uma sazonalidade da produção, mas está tudo dentro da normalidade na cadeia láctea. Pode haver um pequeno impacto em alguns produtos, como queijos finos, pois o consumo também diminuiu neste momento.”

Por outro lado, ele diz que foi identificado crescimento da demanda por leites longa vida e em pó. “Muitas pessoas fizeram uma corrida aos supermercados com medo do desabastecimento. Mas podemos dizer que a produção está sob controle e estamos seguros de que o setor lácteo irá atravessar esta crise. Os laticínios adotaram medidas de proteção, e nós temos feito muitas orientações neste sentido.” Dentre as medidas, ele destacou os cuidados com higienização, acesso limitado de pessoas nas fábricas e a manutenção de funcionários que integram o grupo de risco em casa.

Supermercado
A Associação Mineira de Supermercado (Amis) reforçou que “não há motivo para que a população se desespere e armazene produtos, pois a indústria não sinaliza nenhuma dificuldade para abastecer os estoques”.