M. Dias Branco espera consultoria para validar investimento em JF
Incerteza sobre a vinda da líder nacional em massas e biscoitos para o município continua com a chegada de mais um ano
Entra mais um ano, e o juiz-forano continua sem saber se a cidade contará, de fato, com o projeto milionário da M. Dias Branco de construir um parque fabril na cidade. Em posicionamento divulgado nesta sexta-feira (25), a líder nacional em massas e biscoitos limitou-se a afirmar que “aguarda a conclusão da consultoria contratada para analisar a estrutura industrial e logística da companhia, bem como o portfólio de produtos de cada unidade, para validar os investimentos em novas unidades industriais”. A empresa não confirmou o investimento no município. A última vez que o fez foi em abril do ano passado. A M.Dias Branco trabalhava com a expectativa de conclusão da unidade em 2019 e início das operações em 2020.
O processo de reavaliação do parque fabril foi confirmado em outubro do ano passado, motivado pela compra da Piraquê, em maio daquele ano, em uma operação avaliada em R$ 1,55 bilhão. A Piraquê possui duas fábricas, uma na cidade do Rio de Janeiro e outra no município de Queimados, também no estado do Rio, o que representa ganho de mercado na Região Sudeste. A intenção de instalar um parque fabril na cidade seria, exatamente, atender esse nicho de mercado. Em agosto do ano passado, durante a conferência de resultados do segundo trimestre, o vice-presidente de investimentos e controladoria da empresa, Geraldo Luciano Mattos Júnior, afirmou que, “após a compra da Piraquê, é necessário repensar algumas coisas que estavam programadas, inclusive a fábrica de Juiz de Fora”. Por isso, foi contratada a consultoria. O prazo para a conclusão da análise, na época, era de até 90 dias.
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Também procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), afirmou que aguarda a apresentação do novo estudo de implantação pela empresa, tendo em vista a readequação do projeto anunciada após a aquisição da Piraquê. “Tão logo apresentados os planos da empresa, o assunto será levado ao novo governador do estado.” A Prefeitura reafirmou a importância do investimento, que, além da geração de empregos diretos e indiretos, “representará um aumento considerável na arrecadação de ICMS, que poderá melhorar a qualidade de vida da população da cidade”. A Secretaria de Estado de Governo, ocupada pelo ex-prefeito Custódio Mattos, também foi procurada, mas não se posicionou sobre o assunto.
Anunciado em 2016, o empreendimento incluiria a instalação de uma fábrica de massas e biscoitos, um moinho de trigo e um centro de distribuição na cidade. O investimento seria de R$ 300 milhões, em números defasados. No ano passado, houve a especulação de que a empresa teria desistido do moinho. Caso a possibilidade fosse concretizada, o investimento inicialmente estimado precisaria ser revisto, assim como a perspectiva de criação de 800 a mil empregos diretos. A assinatura do protocolo de intenções com o Município aconteceu em março de 2015.
Liberação de acesso se arrasta desde 2017
Desde novembro de 2017, a Tribuna tem informado sobre a preocupação de que a demora para a concretização do acesso entre a BR-040 e o terreno adquirido pela M.Dias Branco pudesse comprometer os planos da empresa de efetivar o investimento em Juiz de Fora. Para a companhia, a obra, que seria de responsabilidade do Estado, sempre foi considerada imprescindível para o início dos trabalhos propriamente ditos.
O acesso pretende fazer a ligação da BR-040 até o Porto Seco, em Dias Tavares. A primeira etapa, orçada em R$ 7 milhões, estava prevista até a entrada de onde seria instalada a indústria, com recursos da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Em agosto de 2017, a Codemig encaminhou os projetos viários entregues pela Prefeitura à Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). A documentação estava em avaliação no Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG). Procurado esta semana, o DEER/MG não se posicionou sobre o assunto. Sobre o acesso, a Prefeitura afirmou que também depende da apresentação do novo estudo.
Em setembro do ano passado, a M. Dias Branco foi eleita a melhor empresa na categoria alimentos e bebidas pelo Prêmio Empresas Mais, que elencou os cem negócios de maior impacto na economia nacional. Sediada em Eusébio, no Ceará, a companhia, que possui atuação nacional, registrou, em 2017, receita líquida de R$ 5,4 milhões (alta de 1,6% ante 2016) e lucro líquido de R$ 844,3 milhões (aumento de 7,6% na comparação com o ano anterior). Naquele ano, a M. Dias Branco investiu R$ 8,6 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos, que resultaram em 36 novos itens. A companhia possui 19 marcas de massas, biscoitos e margarinas, entre elas Adria, Piraquê, Vitarella, Fortaleza e Isabela. A estrutura operacional conta com 15 unidades industriais e 37 filiais comerciais distribuídas em diferentes estados do país.
Tópicos: negócios / serviços públicos