Empresariado de Juiz de Fora teme ‘colapso econômico’

Fiemg apresentou plano para esferas federal e estadual; em JF, empresários também discutem alternativas


Por Tribuna

25/03/2020 às 07h06- Atualizada 25/03/2020 às 07h47

Preocupados com a possibilidade de um “colapso econômico” por conta da pandemia do coronavírus, empresários sugerem medidas ao poder público que possam contribuir para que as empresas sobrevivam ao momento e consigam manter a empregabilidade. Na última quinta-feira (19), a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) apresentou um plano econômico emergencial contemplando as esferas federal, estadual e o município de Belo Horizonte. Esta semana, representantes do empresariado de Juiz de Fora estão se reunindo para discutir alternativas.

Dentre as principais preocupações apresentadas pelo empresariado local está a incerteza sobre até quando a situação irá perdurar. “Estamos vivendo um momento turbulento, sem precedentes. Nós temos, como cidadãos, que nos atentar à questão humana, pois estamos falando de um problema de saúde. Mas também existe a preocupação econômica. É importante que o poder público encontre uma solução para estas duas vertentes”, diz o empresário e vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz e Fora (ACE-JF), Guilherme Duarte.

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Para ele, a medida de fechar o comércio da cidade foi prudente, mas é necessário definir quanto tempo a paralisação irá permanecer. “O isolamento dos mais vulneráveis, que são aqueles que integram o grupo de risco, deveria continuar por tempo indeterminado. Mas as atividades precisarão ser retomadas, de forma lenta e gradual.”

Um empresário do setor industrial que preferiu não se identificar concorda com a manutenção das atividades em ambos os setores. “Fechar o comércio significa sacrificar toda a base. O país tem 12 milhões de desempregados, e a maior preocupação é que este número aumente e provoque um surto de violência. Se isto acontecer, vamos viver um colapso na saúde, na economia, na segurança”, analisa. “O ideal seria proteger as pessoas do grupo de risco e garantir a continuidade do funcionamento das empresas. Vivemos uma crise durante cinco anos e ainda não estamos capitalizados para arcar com a interrupção das atividades.”

A flexibilização do pagamento e a redução das alíquotas de impostos como IPTU e ISS também são sugestões dos empresários ao Município.

Âmbito federal

Guilherme salienta, ainda, medidas de âmbito nacional. “Seria interessante que os bancos cortassem os juros do cheque especial e das contas garantidas. Além disso, a linha de crédito subsidiado para pequenas empresas precisa ser disponibilizada de forma imediata.”

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-JF), Marcos Casarin, acredita que o momento pede uma atuação direta dos bancos. “Eles deveriam adotar medidas para que empresas e trabalhadores possam atravessar esta situação com mais tranquilidade. A redução dos juros para os clientes é uma alternativa viável e que já daria segurança à população.”

Medidas trabalhistas

Na avaliação de Guilherme, também poderia ser criada uma portaria que assegurasse o pagamento parcelado de férias coletivas. “Abril será o mês mais complicado, por isso, poder dividir em quatro vezes, por exemplo, seria uma boa alternativa.

O sócio da Rezato, Wilson Rezende, diz que o adiamento de tributos federais poderia ser considerado. “Sabemos da medida sobre o FGTS, mas o recolhimento do INSS também tem um peso grande para as empresas. Este pagamento poderia ser jogado para frente”, pontua. “No mais é cada empresa definir junto aos funcionários como enfrentar a situação. Nós optamos por paralisar as atividades por tempo indeterminado.”

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Para Fiemg, MP 927 contempla pleitos da indústria

Nesta terça-feira (24), a Fiemg informou que os pleitos defendidos para minimizar os impactos da Covid-19 foram acatados pelo Governo federal, a partir das medidas trabalhistas determinadas pela Medida Provisória (MP) 927. A MP foi reeditada para exclusão do artigo 18, que permitia a suspensão em até quatro meses do contrato trabalho, sem nenhum benefício. A MP 928 mantém todas as demais resoluções da anterior.

A regulamentação do teletrabalho, a concessão de férias coletivas, o uso do banco de horas, a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho, o direcionamento do trabalhador para qualificação e o adiamento do recolhimento do FGTS são algumas das medidas solicitadas pela Federação que foram incluídas no texto. “A MP 927 seguiu, em sua maior parte, a estrutura dos temas que sugerimos e será essencial para a sobrevivência da nossa economia, evitando que milhões de pessoas fiquem desempregadas”, declarou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.

Para ele, a edição do texto que levou à revogação do artigo sobre a suspensão dos contratos de trabalho por até quatro meses deve ser repensada. “Esperamos que o governo apresente uma alternativa viável para evitar que milhares de empresas venham à falência.”

Tópicos: coronavírus

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