Com queda de 8,19%, planos de saúde individuais terão reajuste negativo pela 1ª vez

Decisão não se aplica aos planos coletivos, sejam empresariais ou por adesão


Por Luiza Sudré, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

25/07/2021 às 07h00

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) confirmou que o reajuste anual dos planos de saúde individuais e familiares será negativo. A queda é de 8,19%. A decisão foi tomada por unanimidade pelos cinco diretores do órgão regulador. De acordo com a Agência Brasil, o índice negativo reflete a queda da demanda por serviços que ocorre em meio ao isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19.

O mapa assistencial da saúde suplementar referente à 2020 apresentado na reunião da ANS mostrou que, no ano passado, houve queda de 25,1% no número de consultas, 14,6% nos exames e de 15,6% nas internações.

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O reajuste anual definido pela agência fixa o percentual máximo que as operadoras podem usar para atualizar as mensalidades. Nesse caso, significa que elas deverão promover a redução de, pelo menos, 8,19% nos valores a pagar. É a primeira vez que um reajuste negativo é anunciado pela ANS desde sua criação, em 2000.

Redução compulsória

O diretor-presidente da ANS, Rogério Scarabel Barbosa, disse que as operadoras não podem deixar de reduzir os valores das mensalidades, ou seja, elas não têm essa opção. Na avaliação dele, essa é uma medida justa, “visto que houve redução dos atendimentos assistenciais em 2020”.

Planos de Saúde
Índice negativo reflete a queda na demanda por serviços que ocorre em meio ao isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19

Decisão não se aplica aos planos coletivos

A determinação, no entanto, não se aplica aos planos coletivos, sejam empresariais ou por adesão, valendo apenas para os contratos individuais e familiares firmados a partir de janeiro de 1999. São aproximadamente 8,1 milhões de beneficiários, o que corresponde a cerca de 17% do mercado de saúde suplementar. Para planos adquiridos antes de janeiro de 1999, mantidos por quatro operadoras, foram definidos os seguintes percentuais: -7,83% para Amil e -7,24% para Bradesco, Sulamérica e Itauseg.

O valor final das mensalidades depende ainda do reajuste do ano passado, que começou a ser cobrado neste ano. A ANS permitiu que as operadoras subissem até 8,14% o preço dos planos, porém suspendeu os aumentos entre setembro e dezembro de 2020 devido à pandemia. Os valores referentes a esse reajuste anterior puderam voltar a ser cobrados em janeiro deste ano, parcelados em 12 vezes.

Rol de procedimentos

Na reunião, a diretoria colegiada também aprovou, por unanimidade, mudanças no processo de atualização do rol de procedimentos que deve ter cobertura garantida por planos de saúde privados. Até então, a lista era renovada a cada dois anos.

A última mudança foi anunciada em março deste ano, quando foram adicionadas 69 coberturas obrigatórias, sendo 50 relativas a medicamentos e 19 referentes a exames, terapias e cirurgias indicadas no tratamento de enfermidades do coração, intestino, coluna, pulmão e mama, entre outras.

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A norma aprovada acaba com os ciclos bianuais de atualização. As propostas agora serão analisadas de forma contínua durante todo o ano pela área técnica da ANS. A consulta pública, seguida da aprovação da resolução normativa que fixa as atualizações nas listas dos procedimentos com cobertura obrigatória, se darão a cada seis meses.

Tópicos: coronavírus

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