#fiqueemcasa e assista a um filme, confira três sugestões

Tribuna inicia série de dicas de filmes, livros, séries e outras opções de cultura e lazer sem sair de casa


Por Júlio Black

24/03/2020 às 07h00- Atualizada 24/03/2020 às 07h05

As redes sociais estão cheias de memes sobre o que as pessoas estão fazendo nesses dias em que muitos já estão inseridos no esquema de isolamento social devido à Covid-19, e não importa se é no esquema de home office – caso deste que vos escreve -, ou porque está no grupo de risco, apresentou sintomas, entrou em contato com alguém que foi infectado pelo novo coronavírus. Pelas postagens bem-humoradas, dá até para lembrar daquela música do Biquini Cavadão: “Sabe esses dias em que horas dizem nada / E você nem troca o pijama, preferia estar na cama / Um dia, a monotonia tomou conta de mim / É o tédio, cortando os meus programas, esperando o meu fim.”

(Mas o isolamento social também é coisa séria, não custa lembrar. Já rolam pelas redes desabafos de pessoas que estão se sentindo solitárias, campanhas de voluntariado psicológico para atender a quem está em condições emocionais fragilizadas, gente pedindo, nem que virtualmente, uma frase de conforto. É uma turma que enfrenta uma barra terrível, vamos apoiá-las da melhor forma possível, ok?)

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Por isso, a Tribuna inicia a partir desta terça-feira (24) uma série de indicações diárias de opções de lazer sem sair de casa. Serão três filmes, livros, quadrinhos, séries que podem estar ao alcance de todos ou quase todos – sempre que possível, daremos sugestões 100% grátis”, pois sabemos que mesmo um streaming por R$ 9,90 pode estar fora do alcance de quem não sabe sequer como vai pagar a conta de luz.

Comecemos, pois, com dicas cinematográficas que estão nas plataformas de streaming ou de graça no YouTube, caso das produções que entraram em domínio público.

Bom filme, e boa sorte. Estamos precisando.

“Amnésia”

Onde assistir? Netflix

Christopher Nolan ganhou fama com a trilogia do Batman na década passada, e depois dirigiu filmes como “A origem”, “Interestelar” e “Dunkirk”. Mas o cineasta inglês chamou a atenção dos cinéfilos em 2001 com o intrincado “Amnésia”, o famoso “filme que é contado de trás para frente”.

Lançado em 2001, o longa tem como protagonista o personagem interpretado por Guy Pearce, que passou a sofrer de amnésia anterógrada – que o impede de memorizar eventos recentes – depois que dois homens estupraram e mataram sua esposa. Por isso, ele precisa registar tudo que acontece em sua investigação por tatuagens no próprio corpo ou com fotografias.

“Amnésia” tem sua história mostrada em duas linhas que vão convergir ao final: uma em ordem cronológica e outra de forma reversa. Apesar do desfecho ser mostrado logo no início, o espectador só vai entender toda a trama ao final do filme, que foi indicado aos Oscars de roteiro original e edição.

“Ela”

Onde assistir? Prime Video

Talvez não seja a melhor das dicas sugerir um filme sobre pessoas solitárias em tempos de pandemia, mas o longa de Spike Jonze (“Quero ser John Malkovich”) é também uma história de amor de sensibilidade única – e que acredito que pode mais aproximar as pessoas que o contrário. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, e venceu a categoria de roteiro original.

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Joaquin Phoenix (Oscar de melhor ator por “Coringa”) interpreta Theodore Twombly um especialista em escrever cartas de todo tipo para outras pessoas, mas que ao mesmo tempo sofre pelo fim de um relacionamento em que – veja só – a dificuldade de diálogo foi um dos motivos para o rompimento. Um dia, ele instala um novo sistema operacional dotado de voz (e é a voz de Scarlett Johansson, senhoras e senhores) e inteligência artificial, capaz de organizar sua vida, dar conselhos, conversar como uma pessoa de verdade, fazer piadas, demonstrar empatia, bom humor…

Daí que o introvertido e solitário Theodore se apaixona pelo sistema operacional, e é correspondido, e o longa de Spike Jonze emociona ao tratar essa relação com uma delicadeza que faz o espectador repensar seu ponto de vista quanto ao romance virtual que deixa aquele coleguinha tão animado. O amor, ora pois, tem suas próprias razões que fogem à razão.

“A noite dos mortos-vivos”

Onde assistir? YouTube

Não bastasse indicarmos um filme sobre a solidão em tempos de isolamento, agora chegou a vez da recomendarmos um longa sobre… o apocalipse zumbi, subgênero surgido a partir de sua criação. Mas é que vale a pena. Lançado em 1968, “A noite dos mortos-vivos” é um dos clássicos de George A. Romero, mestre do cinema de terror que, curiosamente, teve uma de suas produções mais famosas imediatamente em domínio público porque a distribuidora esqueceu de colocar o copyright na obra.

Polêmico à época de seu lançamento e cheio de referências e críticas à sociedade americana do final da década de 1960. A história se passa em uma fazenda nos cafundós do estado da Pensilvânia, onde um grupo de pessoas precisa sobreviver ao ataque de pessoas mortas que foram reanimadas misteriosamente.

Com um custo de apenas US$ 114 mil e valendo-se da imaginação de Romero para tornar factível uma história em que a maquiagem era elemento fundamental, “A noite dos mortos-vivos” influenciou gerações de cineastas e desde 1999 está no Registro Nacional de Filmes da  Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por conta da sua importância histórica para a cultura.

Tópicos: coronavírus

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