FliMinas leva 160 atrações a Rio Novo

Com um dia a mais de atividades, quinta edição da Festa Literária de Minas Gerais tem início nesta quarta


Por Júlio Black

04/09/2018 às 18h25

Jornalista Humberto Werneck participa de mesa nesta quinta-feira (Foto: Divulgação)

A quinta edição da FliMinas – Festa Literária de Minas Gerais tem início nesta quarta-feira (5), a partir das 19h30, no Centro Cultural Professora Maria Pinto, em Rio Novo. No total, serão cinco dias dedicados à literatura – entre lançamentos de livros, mesas de debates, contação de histórias, oficinas, e ainda com espaço para outras atrações, como peças de teatro, espetáculos de dança, exibição de filme, exposições e shows musicais. Toda a programação pode ser conferida no site cavaleirosdacultura.org.br.

Com um dia a mais de atividades, o evento prossegue até domingo e tem como homenageado o escritor Fernando Sabino (1923-2004). De acordo com a organização do evento, realizado pela Associação Cavaleiros da Cultura, a expectativa é ultrapassar o público da edição passada, estimado em cerca de 20 mil pessoas, graças ao dia a mais de atrações – que devem ultrapassar as 160 nos cinco dias. Além disso, a FliMinas de 2018 terá os casarões históricos da Praça Prefeito Ronaldo Dutra Borges recebendo os encontros com autores.

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Atrações em cinco dias de festa

Nesta quarta-feira, as atividades serão todas realizadas a partir das 19h30 no Centro Cultural Professora Maria Pinto. Após a abertura oficial, será feita uma homenagem a Fernando Sabino, com a presença de seus familiares, escritores e artistas. Depois, a apresentação de balé clássico pelo Corpo de Baile do Studio Viva Dança e abertura da exposição fotográfica “Visões da roça”, de Márcia Valle, com imagens captadas ao longo dos anos nos arredores de Juiz de Fora, destacando aspectos geográficos, as fazendas, casinhas de colonos, porteiras, lagoas, aves, animais e pessoas em geral.

A festa para valer tem início na quinta-feira (6), a partir das 9h, com a entrega de livros às escolas locais e visitantes. O saguão da Casa de Leitura terá no mesmo horário a abertura da Exposição “Encontro Marcado com Fernando Sabino”. Dentre as atrações literárias, a FliMinas terá a presença dos escritores Artur Laizo, o Grupo Hupokhondría, que promove seu livro “Pôquer a seis”, Marisélia Souza, Guilherme Ferreira, Júlio Emílio Braz, Dalila Roufi, Carlos Porto, Mary e Eliardo França, Francisco Gregório Filho, Surley Jardim, Marilande Bertoline, Aline Bastos, Alice Gervason, Andreia Collen, Ivan Ferreira, Roseane Biason, Celso Sisto, Vanda Ferreira, Rogério Tadeu, Ellen de Paula Moreira Abreu, Nelson Cezar Reis, Lu Freesz e Paulo Guilhon, entre outros.

Na sexta-feira (7), às 18h30, o fotógrafo de imprensa há quase quatro décadas, Custodio Coimbra, que passou pelos principais jornais impressos do Rio, faz bate-papo com projeções ao lado da jornalista Cristina Chacel, sobre o livro de ambos – ‘Guanabara Espelho do Rio’ (FGV Editora, 2016) – no Centro Cultural Profª. Maria Pinto. Após o encontro, haverá sessão de autógrafos.

Na parte musical, a FliMinas agendou as apresentações, entre outras, da Orquestra Retocando, Coral Jesuítas, Orquestra Música do Interior e Orquestra Jovem Música Viva; e shows da Banda Abracadabra, Me Gusta Xagusta, Gilbert Salles, Trupicada, Ramon e Rosado, Lúdica Música, 3, 2, Único, Alice Santiago e Natan Santos, Só Parênt, Grupo Visceral, Daniel Monerat, Parangolé Valvulado e Paulinho do Violão. No teatro, o evento terá diversas peças para o público adulto e infantil, além de contação de histórias.

Espaço para debates

Uma das atrações da FliMinas este ano continua sendo as mesas de debate, todas no Centro Cultural Professora Maria Pinto. A primeira delas acontece na quinta-feira (6), às 11h30, e terá como tema o Projeto Turístico “Descaminhos do Ouro”. No sábado (8) acontecem as outras quatro. A primeira, marcada para as 10h, será sobre “Cidade, Patrimônio, Literatura e Audiovisual”, com César Piva, do Instituto Fábrica do Futuro/Polo Audiovisual da Zona da Mata, o escritor José Santos e Cristiane Inês de Carvalho. Mais tarde, às 13h, acontece a mesa “Jornalistas escritores em Minas Gerais”, com a presença dos escritores Humberto Werneck e Rogério Faria Tavares, integrante da Academia Mineira de Letras, e o Secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo Araújo Santos.

Os jornalistas Daniela Arbex, da Tribuna, e Marcelo Canellas, da TV Globo, participam, às 15h, da mesa “O papel do jornalismo investigativo na construção da memória de um país”; a última mesa está marcada para as 17h e terá como tema a adaptação para o cinema de “O menino no espelho”, de Fernando Sabino, com as presenças do diretor do longa, Guilherme Azenha Fiuza, do diretor executivo do Polo Audiovisual da Zona da Mata, Cesar Piva, e o escritor José Santos.

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A jornalista Daniela Arbex participa da mesa de debates no sábado, sobre seu livro “Todo dia a mesma noite”, ao lado de Marcelo Canellas, da Globo (Foto: Divulgação)

Ajudando a preservar e a construir a memória

Presente pelo terceiro ano no evento, Daniela Arbex desta vez participa de uma mesa de debates com Marcelo Canellas, que escreveu o prefácio de seu mais recente livro, “Todo dia a mesma noite”, a respeito da tragédia na Boate Kiss, em que um incêndio provocou a morte de 242 pessoas em 27 de janeiro de 2013. Os dois já participaram de outra mesa, em janeiro deste ano, quando houve o lançamento do livro em um teatro na cidade do interior gaúcho – uma pequena “maratona” de autógrafos que durou quase quatro horas.

“É muito bom participar da FliMinas. Sou sempre recebida com muito carinho. No ano passado, participei de uma mesa sobre a ditadura mediada pelo Ancelmo Gois (jornalista de “O Globo”). Há uma troca e contato grande com o público. É algo que os livros trouxeram e que você geralmente não tem com o jornalismo cotidiano. As pessoas dizem o quanto o livro impactou suas vidas, trazem não apenas o ‘Todo dia a mesma noite’, como também os livros anteriores”, conta Daniela.

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O mais recente trabalho de Daniela Arbex é sobre um trágico evento que aconteceu há poucos anos, enquanto os outros dois – “Holocausto brasileiro” e “Cova 312” – tratam de histórias que foram recorrentes por décadas e que só vieram à tona por conta de um árduo trabalho de pesquisa – que inclui vasculhar documentos antigos que podem se perder no tempo, entre outros motivos, pela negligência que o brasileiro costuma ter em relação ao passado.

É o que se viu, no último domingo (2), com o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, transformando em cinzas parte considerável da memória nacional. Ao ser perguntada sobre a importância de seu trabalho, que coleta e condensa em suas páginas momentos importantes de nossa história, a jornalista acredita que os três livros, mesmo com temas diferentes, acabam por se encontrar e ajudam na construção de uma memória coletiva para o país. “Infelizmente a memória vira cinzas. No caso da Boate Kiss, por exemplo, em que morreram 242 pessoas, houve toda aquela comoção no início, e depois viramos a página. Agora, com o Museu Nacional, o que vemos? Que nada mudou”, lamenta. “Por isso é preciso contar essas histórias. Para que elas não sejam esquecidas, para que não se repitam, e não tenhamos que perder outros museus no futuro.”

FliMinas – Festa Literária de Minas Gerais
De quarta-feira (5) a domingo (9), em Rio Novo

Tópicos: literatura

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