Bloco do Beco e Pintinhos de Ouro: ‘O importante é manter a tradição’

Sem recursos da Prefeitura, Bloco do Beco e Pintinho de Ouro desfilam nesta sexta (1), descendo o Calçadão com novidades


Por Roberta Heluey, estagiária sob supervisão da editora Isabel Pequeno

01/03/2019 às 06h30

Integrantes do Beco se preparam para a folia nesta sexta-feira (Foto: Divulgação)

Nesta sexta-feira (1º de março), Juiz de Fora recebe dois blocos tradicionais: Pintinho de Ouro e Beco. Com 46 anos de existência, o Bloco do Beco teve início na Galeria Phintias Guimarães e hoje desfila pelo Calçadão da Rua Halfeld, oferecendo muito alegria para as centenas de foliões que o acompanham. O sambista Armando Fernandes Aguiar, conhecido como Mamão e integrante do bloco, deixa claro que “o importante é comemorar esses anos de história. A preparação está ótima, dentro da medida do possível. Esse ano a Prefeitura não ajudou, e está todo mundo se virando sozinho. É muito difícil porque a gente tem que levar bateria, pagar músicos, contratar carro de som, e essa despesa caiu toda no nosso ombro, mas o bloco vai sair assim mesmo, porque o importante é manter a tradição. O bloco saiu todo esse tempo ininterruptamente, nunca perdemos um carnaval, é uma marca relevante e que tem que continuar”.

O Bloco do Beco conta com cerca de 50 integrantes da bateria, e estão sendo distribuídas de 300 a 400 camisas para os outros componentes. “Quando começamos há quase meio século, a gente saía da galeria do beco e fazia o carnaval para nós e agora a gente faz para o povo. Isso nos motiva, eu estou fazendo 80 anos e ainda tomo conta de bloco de carnaval, vale a pena!”, explica Mamão. O sambista ainda conta que para este ano resolveu homenagear a cidade de Juiz de Fora no samba-enredo. “Com meu parceiro e amigo Leão, escrevemos sobre a cidade iluminada por homens iluminados, como foi Henrique Halfeld, Bernardo Mascarenhas, os prefeitos que passaram, Itamar Franco e também os poetas e compositores iluminados e imortais.” Além disso, o samba-enredo faz referência, com a palavra iluminada, à primeira hidrelétrica da América Latina, a Usina de Marmelos Zero.

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Integrantes do bloco Pintinho de Ouro ensaiaram a bateria na Toca da Raposa (Foto: Divulgação)

Branca de Neve e os 99 pintinhos

Já o Pintinho de Ouro tem como sua força e inspiração para o carnaval a madrinha do bloco, Dona Wilma, com 83 anos e presente desde o primeiro desfile. O desfile manterá a tradição e contará com os 99 pintinhos, a bateria e, é claro, Dona Wilma, que no enredo deste ano acabou virando a Branca de Neve. Para o responsável das relações públicas do bloco, Luiz Fernando Sirimarco, a ajuda da Associação dos Blocos foi imprescindível para a realização da festa. “A gente tem uma boa estrutura e se programa durante o ano inteiro. É lógico que essa falta de apoio da Prefeitura dificulta um pouco nosso trabalho. É importante ter a logística, estrutura. O próprio recurso que era dado não era uma valor muito alto mas ajudava. Temos gastos com fantasias, carro alegórico e outras ações que desprendem recursos. A gente lamenta, a Funalfa neste ano realmente teve um descaso muito grande com os blocos. Se não fosse a Associação assumindo, provavelmente não teríamos o carnaval de rua na Halfeld.”

O Pintinho de Ouro recria um dos mais famosos contos de fadas: Branca de Neve, que agora trocou os anões por 99 pintinhos. “Nós do bloco sempre tentamos pegar uma história e transformá-la de um jeito irreverente e humorístico. Na nossa visão, a Branca de Neve saiu da floresta e veio para a cidade, deixando os anões para trás. Chegando aqui, encontrou e adotou os 99 pintinhos, que viveram felizes para sempre e estão comemorando essa união neste carnaval.”

O primeiro bloco a desfilar será o Pintinho de Ouro, com concentração no Parque Halfeld às 16h, para, em seguida, descer o Calçadão da Halfeld até a Praça da Estação.

Às 18h30, o Bloco do Beco irá concentrar também no Parque Halfeld, em frente à Câmara Municipal, de onde parte pelo Calçadão até o destino final, a Rua Batista de Oliveira.

Folia com hora marcada

Segundo os organizadores de ambos os blocos, este ano a Prefeitura estipulou o horário de término às 21h30, o que gerou insatisfação dos integrantes. “Este ano, nós temos um agravante, porque segundo as autoridades e a força tarefa, tudo tem que acabar às 21h30, a gente vai ter apenas duas horas para chegar ao destino final”, reclama Mamão. Para Luiz Fernando, este horário atrapalha o desenvolvimento do desfile e limita o decorrer dos blocos: “Termina às nove da noite, é claro que não pode ir até muito tarde, mas esse horário é sem nexo, pelo menos até 22h. Essa limitação realmente atrapalha e não dá para entender.”

Pintinho de Ouro
Concentração às 16h no Parque Halfeld, para descer o Calçadão da Halfeld até a Praça da Estação

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Bloco do Beco
Concentração às 18h30 no Parque Halfed, para descer o Calçadão até a Rua Batista de Oliveira

Tópicos: carnaval 2019

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