Polícia Federal deflagra operações contra o tráfico em JF e outras cidades de Minas

Alguns dos alvos das ações foram policiais civis investigados em esquemas de corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro


Por Sandra Zanella

28/06/2022 às 21h05- Atualizada 28/06/2022 às 21h07

A Polícia Federal deflagrou duas operações em cidades mineiras, inclusive em Juiz de Fora, nesta terça-feira (28). Em uma delas, batizada de Forseti, os alvos foram investigados por esquemas de corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Cinco pessoas, entre elas três policiais civis, foram presas na manobra, que contou com a participação da Corregedoria-Geral de Polícia Civil de Minas Gerais e do Ministério Público.

Já a operação Terceiro visou desmantelar organização criminosa, com sede operacional em Juiz de Fora, ligada ao tráfico de drogas e de precursores químicos e à lavagem de dinheiro decorrente dessas ações. A Força Tarefa de Segurança Pública, coordenada pela PF e composta pelas polícias Civil, Militar e Penal, esteve à frente da ação, que resultou na captura de quatro suspeitos. A PF não informou se houve prisões em Juiz de Fora, mas só no município foram apreendidos cinco carros, uma moto, uma lancha e um jet ski. Na capital foram recolhidos um carro e três motos.

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No caso da Forseti, foram cumpridos mandados expedidos pela 2ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro de Minas Gerais, sendo sete deles de prisão preventiva, 20 de busca e apreensão, seis afastamentos da função pública de policiais, bloqueio de valores em 23 contas bancárias de investigados e envolvidos, além do sequestro de 33 imóveis e de diversos veículos. As ordens judiciais foram cumpridas, simultaneamente, em Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Ibirité, Sarzedo, Sete Lagoas e Juiz de Fora, mobilizando 76 policiais federais e 28 civis. Balanço divulgado à tarde confirmou apreensão total de 17 armas, 24 carros, duas motos e um quadriciclo.

Questionada sobre o resultado da investida em Juiz de Fora, a assessoria da PC disse não ter informações sobre prisões ou afastamento de policiais na cidade, acrescentando que os mandados foram cumpridos na capital e Região Metropolitana (Nova Lima, Betim e Contagem). “A ação é resultado de investigações relacionadas à prática de crimes contra a Administração Pública, entre outros.” Ainda conforme a PC, os servidores presos foram recolhidos na Casa de Custódia da Polícia Civil, onde estão à disposição da Justiça.

Carros, motos, armas, jet ski e quadriciclo foram apreendidos pelos agentes da Polícia Federal, e também houve sequestro de imóveis e bloqueio de contas bancárias (Foto: Divulgação PF)

‘Policiais receberam vultosos valores’, diz PF

De acordo com a PF, no decorrer das investigações da operação Forseti, voltada para desarticular grupo criminoso envolvido em corrupção, tráfico e outros crimes relacionados, “foram encontrados fortes indícios de que policiais da Delegacia de Repressão ao Furto, Roubo e Desvio de Cargas (Depatri), da PCMG, receberam vultosos valores para esvaziar o procedimento investigativo sobre um indivíduo preso na cidade de Ribeirão das Neves.” O homem citado teria sido flagrado com 36kg de cocaína no interior de uma residência utilizada como espécie de laboratório para o armazenamento, preparo e corte de drogas.

“Conforme apurado, a negociação envolveu tanto a soltura do preso quanto a devolução da carga ilícita apreendida aos criminosos. O aprofundamento das investigações revelou, ainda, o envolvimento dos policiais investigados com outros esquemas de corrupção, de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro, nos quais há a utilização de interpostas pessoas, físicas e jurídicas, para ocultação dos valores obtidos como produto dos crimes”, detalhou a PF.

Segundo a polícia, o nome da operação “está relacionado à figura mitológica nórdica caracterizada pela representação da justiça e do conhecimento interior”. Os presos ficaram à disposição da Justiça e vão responder por tráfico de drogas, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Se condenados, podem cumprir até 37 anos de reclusão, além da multa.

Base operacional de tráfico em JF

Segundo informações da PF, as apurações da operação Terceiro – batizada em referência ao chefe da organização criminosa, significando “terceiro filho” – começaram com a descoberta de um esquema de corrupção no qual o alvo principal, por meio de seu advogado, corrompeu equipe policial que havia flagrado um de seus laboratórios de processamento de drogas, situado em Ribeirão da Neves, na Região Metropolitana.

“As investigações revelaram o pagamento de suborno de mais de R$ 500 mil para a soltura de um comparsa e a devolução da carga apreendida. Também foi descoberto que a organização criminosa negociou produtos químicos suficientes para produção de duas toneladas de cocaína.” Ainda foram detectados registros de movimentações patrimoniais e financeiras de cerca de R$ 19,3 milhões em um intervalo de dez meses.

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Sessenta policiais federais e 16 militares cumpriram, em Belo Horizonte, Esmeraldas, Ribeirão das Neves e em Juiz de Fora, três mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. Também foi determinado o bloqueio de valores em 20 contas bancárias de investigados e envolvidos, o sequestro de um imóvel de alto padrão e de diversos veículos envolvidos na lavagem de dinheiro. Os presos também vão responder por tráfico de drogas, corrupção ativa e lavagem de dinheiro, podendo cumprir até 37 anos de reclusão.

Apesar das coincidências entre as duas operações desencadeadas na mesma data, a PF não deixou claro se foram as investigações da Terceiro que resultaram na Forseti. Questionada sobre essa relação e sobre possíveis prisões na cidade, a assessoria da PF não retornou com os esclarecimentos até o fechamento desta matéria.

Tópicos: polícia

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