Mulher é presa em JF por envolvimento com quadrilha que pirateava cursos preparatórios
Ela era filha de um dos suspeitos de integrar o grupo; a mulher, o pai e mais seis pessoas foram presas durante Operação Black Hawk
A Polícia Civil de Juiz de Fora informou, nesta quarta-feira (22), por meio do delegado Samuel Neri, que foi cumprido mandado de prisão em desfavor de uma mulher, de 35 anos, em Juiz de Fora, em decorrência da Operação Black Hawk, deflagrada nesta terça (21) nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ela é filha de um homem apontado como o hacker que invadia páginas de cursos para roubar conteúdo. A ação tinha o objetivo de cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão para investigar um grupo criminoso envolvido na reprodução ilegal de cursos preparatórios e que controlava a maior plataforma virtual de conteúdos pirateados do Brasil.
A ação foi desencadeada nas cidades mineiras de Juiz de Fora e Borda da Mata, além da capital do Rio de Janeiro e municípios de Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Saquarema e Araruama. Os cursos preparatórios, cujos valores oscilam entre R$ 500 e R$ 10 mil, eram pirateados e vendidos pelos investigados em site próprio por até 10% do valor do conteúdo original. Segundo a imprensa nacional, além da mulher presa em Juiz de Fora, mais oito pessoas tiveram seus mandados de prisão cumpridos ao longo da operação.
Um dos alvos da operação em Minas Gerais, que foi preso em Borda da Mata, no Sul do estado, tem 71 anos, e possui conhecimentos avançados em tecnologia da informação. Ele era o responsável por quebrar a criptografia do streaming de vídeo dos cursos oficiais e transferir os arquivos para um servidor particular, no qual as aulas eram disponibilizadas para os clientes das plataformas virtuais. A filha dele é que foi presa em Juiz de Fora.
As plataformas eram gerenciadas pelo principal suspeito de liderar o grupo, de 35 anos, preso no Rio de Janeiro, ex-aluno da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Ambos os investigados atuavam nessa atividade criminosa há quase 20 anos.
Entre os demais suspeitos estão outros quatro homens, incluindo um policial militar, com idades entre 20 e 44 anos, e mais duas mulheres, de 42 e 56 anos, todos presos no estado do Rio de Janeiro.
Prejuízo estimado em R$ 65 milhões
As apurações foram conduzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, e a operação foi realizada em conjunto com a Polícia Civil mineira. Entre os delitos imputados aos suspeitos estão lavagem de dinheiro, furto qualificado, violação de direitos autorais e associação criminosa.
Questionada pela Tribuna sobre as prisões nesta quarta, a Polícia Civil do Rio Janeiro afirmou que não ainda não tinha informações para divulgar a esse respeito.
Já a Polícia Civil de Minas Gerais informou que, utilizando modernas técnicas de investigação, os agentes descobriram que o grupo comercializou milhares de materiais preparatórios pirateados, inclusive para concursos de carreiras policiais, fiscais e jurídicas, causando um prejuízo estimado em R$ 65 milhões aos cursos oficiais. Já o esquema criminoso teria gerado faturamento ilícito estimado em R$ 15 milhões.
Um dos clientes identificados na investigação é funcionário do Tribunal de Contas de um estado e utilizou a rede (IP) do próprio órgão para adquirir um curso pirata. Os compradores identificados na investigação estão sujeitos a responder pelo crime de receptação, com pena de até quatro anos, podendo ser desclassificados do certame.
Ocultação de valores
No decorrer dos levantamentos, os agentes descobriram que, para ocultar a grande movimentação financeira de origem ilícita, o líder do grupo utilizava seus parentes como laranjas. No período investigado, foi apurado que a mãe dele, que possui um salão de beleza, teve movimentação bancária de R$ 1,5 milhão e ganho líquido próximo a R$ 500 mil em operações de bolsas de valores.
Outro artifício utilizado para ocultar o capital obtido de forma criminosa era manter os bens adquiridos em nome dos vendedores (dos cursos). Com essa mesma finalidade, os investigadores identificaram também uma empresa fantasma, sediada em um shopping de luxo, na capital paulista.
Durante a ação, os policiais também fizeram o levantamento do patrimônio dos envolvidos no esquema criminoso, a fim de identificar os bens adquiridos com dinheiro de origem ilícita e embasar posterior sequestro judicial dos recursos.
Mais de cem agentes da Polícia Civil de Minas Gerais participaram da ação, por meio das Delegacias Regionais em Pouso Alegre e Juiz de Fora, bem como do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), além do apoio logístico do 4º Departamento de Policiamento de Área(DPA), que integram as Forças de Segurança do Rio de Janeiro.
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