Campanha de vacinação contra a Covid-19 completa um ano em Juiz de Fora

Durante o período, imunizantes mostraram-se eficazes na redução de casos graves e óbitos na cidade


Por Carolina Leonel

20/01/2022 às 07h00- Atualizada 20/01/2022 às 09h25

Há exatos 12 meses, Juiz de Fora dava início à campanha de vacinação contra a Covid-19. À época, a cidade registrava quase 700 mortes causadas pela doença, que avançava rápido e fazia novas vítimas a cada dia. O imunizante, recém-aprovado para ser aplicado no país, trazia esperança e promessa da melhora do cenário epidemiológico. Em 20 de janeiro do ano passado, um evento simbólico marcou a data em que quatro pessoas foram escolhidas como as primeiras a receber a dose da vacina, tendo início pela técnica em enfermagem Denise Maria Rocha de Freitas. Na data, outros 43 profissionais vacinadores também receberam a primeira dose do imunizante para começarem o trabalho de imunização na cidade. No dia anterior, 19 de janeiro, a cidade recebia o primeiro lote de vacinas, contendo cerca de 30 mil doses da Coronavac.

O caminho a ser percorrido, entretanto, seria longo, devido à escassez de doses – inicialmente restritas a grupos prioritários. Um ano depois, apesar de a cidade, assim como o país, estar passando por nova alta de casos de Covid-19 em virtude da rápida proliferação da variante Ômicron, as vacinas mostraram-se efetivas na redução de casos mais graves da doença e da mortalidade. Em Juiz de Fora, por exemplo, o número de falecimentos pela doença diminuiu em mais de 50 vezes, comparando os índices de janeiro de 2021 e deste ano. As vacinas também provaram eficiência em relação a ocorrência de casos graves, diminuindo consideravelmente a taxa de ocupação de leitos intensivos na cidade.

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“Um ano que iniciamos esse processo que congrega os esforços do Estado de Minas e da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), para que nós conseguíssemos, ao longo desse ano, chegar a mais de 80% da população de Juiz de Fora totalmente imunizada. E, por isso, que nós estamos reconquistando as condições de retorno à normalidade. Ainda não voltamos plenamente, até porque a variante Ômicron está circulando e é um risco, e nós temos lidado com responsabilidade com essa situação. Mas temos avançando muito e estamos reconquistando o direito de viver a cidade”, avaliou a prefeita Margarida Salomão (PT) durante solenidade ocorrida nesta quarta-feira (19), que celebrou um ano da campanha e marcou simbolicamente o início da imunização para crianças com idades entre 5 e 11 anos na cidade.

Nesta quinta, serão vacinadas todas as crianças desta faixa etária com comorbidades e crianças de 11 anos nascidas entre janeiro e junho.

Dados

O avanço da vacinação contra a doença é apontado por autoridades em saúde e especialistas como o principal fator para a diminuição do número de falecimentos, não só em Juiz de Fora, mas também no país. Levantamento realizado pela Tribuna, com base nas informações disponibilizadas pela PJF, mostra que a evolução da imunização na cidade, principalmente após o aumento de segundas doses aplicadas, está diretamente relacionada à queda de mortes e da taxa de ocupação de leitos Covid.

De acordo com os dados, em junho, quando o Município dava início à imunização por idade em pessoas com menos de 60 anos e já havia aplicado a segunda dose em profissionais da saúde e idosos, a curva que representa o quantitativo de pessoas vacinadas, proporcionalmente, passou a ser maior do que a de óbitos causados pela doença. Em agosto, a Juiz de Fora caminhava para a conclusão da aplicação da primeira dose na população adulta. Na época, a curva que representa o quantitativo de pessoas vacinadas, proporcionalmente, passou a ser maior do que a de mortes e taxa de ocupação de leitos Covid. (ver gráfico).

De julho de 2021 para cá, o número de falecimentos causados pela doença na cidade registrou queda e, atualmente, apresenta-se estável. Até o momento, janeiro é o mês com menor ocorrência de óbitos relacionados à Covid-19 desde o início do ano passado. Levantamento feito pela Tribuna mostra que, até o último dia 18, foram registradas quatro mortes na cidade. A verificação feita pela reportagem considerou os falecimentos com base nas datas de ocorrência, e não de confirmação da morte.

Mais de um milhão de doses aplicadas

Ao fim do mês de dezembro de 2021, Juiz de Fora chegou à marca de um milhão de doses de vacinas contra a Covid-19 aplicadas, entre primeiras, segundas e doses de reforço, e já aplicou cerca de outras 55 mil este ano. “Isso é resultado do trabalho dos servidores municipais de saúde, da ciência, que possibilitou a existência da vacina, e do Sistema Único de Saúde (SUS). Foi um ano de muito trabalho, muito esforço”, destacou a secretária de Saúde da PJF, Ana Pimentel, em vídeo publicado nas redes sociais à época em que a cidade atingiu a marca.

O município já recebeu 1.162.547 doses de vacina do Ministério da Saúde e repassadas pelo Governo de Minas Gerais em cerca de 80 remessas. Até o momento, mais de 465 mil primeiras doses foram aplicadas; 428 mil segundas doses e 159 mil doses de reforço. De acordo com o último balanço divulgado pela Prefeitura, Juiz de Fora já tem mais de 90% da população vacinada com a primeira dose, cerca de 82% com a segunda dose e 23% com a dose de reforço.

Desafios

Juiz de Fora chega, após este primeiro ano de vacinação, celebrando o começo da aplicação de doses em crianças com idades de 5 a 11 anos para ampliação da cobertura. O início desta última etapa da campanha já era aguardado desde o fim do ano passado. Em entrevista à Tribuna para balanço de gestão e exposição de metas e desafios para 2022, publicada em 1° de janeiro, a secretária de Saúde da PJF, Ana Pimentel, falou sobre a expectativa de vacinar o público infantil

“Uma grande expectativa para 2022 é, de fato, conseguir concluir o enfrentamento da pandemia e, nesse sentido, precisa ter a imunização das crianças. Se a gente conseguir chegar, no próximo período escolar, em fevereiro, já com as crianças vacinadas ou com o começo da campanha bem encaminhado, teremos uma segurança muito grande de concluir o enfrentamento da pandemia”.

A secretária, entretanto, pontuou a necessidade de manter as medidas não farmacológicas aliada à campanha de imunização.

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Nesse sentido, médicos e especialistas em saúde também destacam a necessidade da manutenção do uso de máscaras e demais medidas sanitárias de prevenção do vírus, além da exigência do passaporte vacinal. Com o avanço da Ômicron, o infectologista Mário Novaes defende ser preciso, além da vacinação, intensificar os cuidados e evitar a exposição ao contágio, principalmente por conta da variante Ômicron, que apesar de ser aparentemente menos letal, tem uma capacidade de transmissão muito maior que a variante Delta.

“A primeira coisa que a população deve fazer é se vacinar e ir tomar todas as doses que estão disponíveis. É importante que as crianças também sejam vacinadas, porque elas também podem se contaminar e transmitir. Não há nenhum efeito adverso mais grave em crianças do que em adultos, mas é preciso que todos se vacinem e intensifiquem o uso de máscara, a higienização das mãos e procurem manter o distanciamento social e, na medida do possível, o isolamento social “.

Tópicos: coronavírus / vacina

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