Polícia elucida homicídio na Olavo Costa com reflexo no Bom Pastor
Catador de recicláveis foi executado por ser parente de rival de grupo ligado ao tráfico; um dos tiros atingiu apartamento
A Polícia Civil realizou uma operação na manhã desta quarta-feira (17) para combater os crimes violentos contra a vida na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste de Juiz de Fora. Dos 14 assassinatos ocorridos este ano na cidade, cinco aconteceram naquele bairro, dois deles na semana passada. Com o objetivo de reprimir essa violência, a Delegacia Especializada de Homicídios cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados a três jovens, de 19, 20 e 24 anos. Eles são suspeitos de executarem Walberson Aparecido da Silva Venerando de Paula, 39, no dia 17 de fevereiro, na Rua Joaquim Tibúrcio Alves, próximo ao Guaruá. O homem era catador de recicláveis, e as investigações apontaram que ele foi morto apenas por ser parente de um rival do trio, ligado ao tráfico de drogas.
A vítima sofreu duas perfurações no queixo, duas no tórax, duas nos braços e uma no ouvido. Um dos múltiplos disparos efetuados pelos três envolvidos armados ainda perfurou a janela da área de serviço de um apartamento na parte alta do Bom Pastor e atingiu uma geladeira. “Há exatos dois meses, três autores efetuaram inúmeros disparos. Não só acertaram um inocente, mas também um imóvel, expondo inclusive a vida de terceiros a perigo. Não praticaram apenas o homicídio, mas esse outro crime também”, enfatizou o delegado Rodrigo Rolli, responsável pelas investigações.
O delegado também destacou que a vítima não estava ligada ao tráfico de drogas. “O Walberson era, simplesmente, padrasto de um dos envolvidos com a venda de drogas. Os autores são da parte de baixo da Olavo e subiram até a parte alta a fim de represália. Não acharam ninguém ligado ao tráfico, mas não quiseram descer de ‘mãos vazias’ e executaram esse homem, que é catador de recicláveis, só porque ele teria ligação familiar com um dos rivais deles. Esse crime acaba demonstrando, de forma peculiar, que eles matam parentes, conhecidos e amigos de seus desafetos”, escancarou Rolli.
Os dois suspeitos mais jovens estão presos desde março, mas o terceiro envolvido, que teria dirigido o veículo no dia do crime para chegar ao local, ainda não foi localizado. De acordo com o delegado, todos eles tiveram suas prisões temporárias convertidas em preventivas, conforme mandados expedidos pela Justiça. “O crime já estava apurado em 12 de março, e representamos pela prisão dos três. No dia seguinte, a PM conseguiu localizar um deles, e o segundo já havia sido preso em flagrante por porte de arma de fogo no dia 21 de fevereiro.”
Rolli também reforçou que os outros casos ocorridos este ano na Olavo Costa estão em apuração, incluindo o duplo assassinato da semana passada, motivado por disputa por ponto de venda de drogas, segundo a polícia. Três suspeitos estão identificados. “Hoje (quarta-feira) fizemos essa operação como repressão aos crimes de homicídio. Praticamente um terço dos casos deste ano aconteceram naquele bairro. Não tivemos êxito em encontrar arma de fogo, mas não deixaremos de lado. Sabemos que a localidade clama e estamos dando resposta. As investigações continuam e ainda vamos capturar todos os envolvidos.”
Suspeito de homicídio na Cidade Alta é preso em Cataguases
Também nesta quarta-feira, a Polícia Civil divulgou a conclusão do assassinato de Wallace de Paula Batista de Oliveira, 28 anos, executado com tiros em via pública ao sair de um salão de cabeleireiro no Bairro Santos Dumont, na Cidade Alta. O crime aconteceu em 16 de setembro de 2017 na Rua Geraldo Timóteo de Oliveira. Um suspeito, 27, foi capturado pela equipe da Delegacia Especializada de Homicídios, no fim de março, em Cataguases, a cerca de 120 quilômetros de Juiz de Fora.
“Há várias ocorrências deste homem ameaçando a PM, e ele estaria planejando executar um policial militar daquela região, na Cidade Alta. Representamos pela prisão temporária dele em março, e o mandado foi expedido no fim do mês. Ele fugiu de Juiz de Fora, mas as informações davam conta de que ele estava em Cataguases, e conseguimos prendê-lo no dia 29”, explicou o delegado Rodrigo Rolli.
Wallace era morador da Rua Pedro Germano Caniato, no mesmo bairro, e estava pintando o cabelo no salão. Ao terminar, ele teria ficado sentado em uma cadeira no interior do estabelecimento, mas decidiu sair correndo ao perceber que o atirador estava na calçada, próximo ao local. Ele acabou sendo alvejado por vários disparos pelas costas e não resistiu, caindo sem vida do outro lado da rua. “Testemunhas veladas demonstraram a dinâmica dos fatos”, acrescentou Rolli.
Segundo o delegado, o suspeito está no Ceresp, e o inquérito foi relatado à Justiça, indicando dívida de drogas e disputa por pontos de tráfico como motivação. “Representamos pela preventiva, que já foi convertida. É uma demonstração de que existem provas nos autos de que ele é o autor e executor do crime. Podemos demorar um ano, dois anos, mas não deixamos nenhum caso de lado”, assegurou.
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