Coronavírus: especialista alerta para ‘distanciamento social’

Infectologista Guilherme Côrtes publicou vídeo orientando a população sobre cuidados que devem ser adotados


Por Leticya Bernadete

16/03/2020 às 10h27- Atualizada 16/03/2020 às 16h43

Após a confirmação do primeiro caso de coronavírus em Juiz de Fora no último sábado (14), o infectologista Guilherme Côrtes gravou vídeo que teve grande repercussão nas redes sociais, alertando para o distanciamento social como medida efetiva para minimizar o impacto da pandemia da doença na cidade. Em entrevista à Tribuna na manhã desta segunda-feira (16), o especialista explicou que a apreensão quanto a esta tomada de decisão “drástica” foi parte do que o motivou a divulgar o vídeo.

“Existe alguma subjetividade na decisão e qual o momento adequado de fazer isso. Mas tem uma certeza: esse momento tem que ser precoce o suficiente para ter impacto”, explica. “Eu entendo o peso político e o peso econômico da decisão, mas esse ônus da epidemia vai surgir. É o que estamos vendo na Itália, de qualquer jeito. A questão é que, agindo agora, talvez consigamos ter esse impacto de uma forma mais branda, tanto no que diz respeito nos ônus sociais, ônus econômicos e, principalmente, na vida das pessoas.”

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O isolamento já é uma medida adotada por outros países, especialmente na Europa, que buscam evitar o que ocorreu na Itália, segundo o especialista. “Nós estamos falando de uma epidemia explosiva. Todo mundo acompanhou o que aconteceu na Itália. Em três semanas, a Itália inteira ficou infectada. Nós não temos esse tempo. Ou agimos agora, ou temos chance de ver a Itália acontecer aqui.”

Transmissão

De acordo com o especialista, a situação da pandemia tem levado a dois pólos de pensamento: um de que o isolamento seria “histeria” e outro de que o mesmo não seria necessário. “Existe uma evidência científica que é a importância do isolamento social para minimizar o impacto da epidemia. Isso já está sendo feito em todos os países da Europa”, aponta. “Não é histeria. Nós temos que nos isolar, realmente. Tem que evitar o contato, a propagação. O vírus é muito contagioso, de uma pessoa vai para duas ou três, e de cada dessas, mais duas, três, e o tempo dessa incubação é de uma semana. Nós não conseguimos ter os resultados dos exames em tempo real, então temos a leitura do número de pessoas que pegaram na semana passada.”

Ainda conforme Côrtes, há uma deficiência na vigilância epidemiológica para diagnóstico dos casos, o que ocasiona demora para verificar evidências de transmissão local. “A expectativa da Organização Mundial da Saúde é que o pico da epidemia chegue em quatro semanas. Eu vi um comunicado, de um sindicato de escola, de que a intervenção será feita no pico da epidemia, o que não faz absolutamente o menor sentido. O pico da epidemia é quando está no máximo e começa a descer. Então nós temos que fazer antes”, alerta, afirmando que as ações devem ser feitas mesmo antes de evidências de transmissão comunitária.

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Tópicos: coronavírus

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