Funcionários dos Correios não descartam paralisação por receio de Covid

Segundo sindicato, colaborador de Juiz de Fora teria testado positivo, e agência de Matias Barbosa ficou fechada nesta segunda para averiguação


Por Sandra Zanella

13/07/2020 às 16h45- Atualizada 14/07/2020 às 12h24

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Comunicação Postal de Juiz de Fora e Região da Zona da Mata e Vertentes tornou pública, nesta segunda-feira (13), a insatisfação da categoria, que considera insuficientes as medidas adotadas pelos Correios para evitar a disseminação do coronavírus entre seus funcionários. Segundo informações da entidade, pelo menos uma agência de Juiz de Fora já teve colaborador que testou positivo para Covid-19 e, nesta segunda, a unidade do município de Matias Barbosa permaneceu fechada, também por suposta contaminação de trabalhador. Para o sindicato, a distribuição de máscaras realizada pela empresa não supre a demanda, e as orientações para precaução da doença também não estariam atendendo as expectativas. Diante do descontentamento, a classe não descarta a possibilidade de paralisação das atividades nos próximos dias.

Só em Juiz de Fora, há cerca de 300 pessoas atuando nos Correios, conforme o sindicato. “Possivelmente poderemos vir a fazer uma paralisação. Não é certo, temos que cumprir um protocolo, mas não está descartada a hipótese. Infelizmente os trabalhadores estão cobrando do sindicato uma atitude mais veemente contra o descaso da empresa, no sentido de proteção na questão da Covid-19”, disse o presidente do sindicato, João Ricardo Guedes. Segundo ele, um caso suspeito na agência da Rua Espírito Santo, no Centro, exaltou ainda mais a preocupação. “Hoje distribuímos máscaras para os funcionários e ficamos sabendo de um que testou positivo. Outro já havia sido afastado com suspeita, mas deu negativo. Os trabalhadores estão em desespero. É serviço em cima de serviço, sem segurança.”

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Segundo o sindicalista, um movimento do tipo “greve ambiental” está sendo estudado para “forçar atitudes mais concretas de proteção ao trabalhador”. “Estão faltando máscaras, porque tem um mês que a empresa disponibilizou duas para cada trabalhador. Até hoje não fez a renovação. O funcionário tem comprado com o próprio dinheiro, porque as duas fornecidas não deram vazão.” Ainda sobre um ambiente adequado de trabalho perante a pandemia, João Ricardo disse que o distanciamento mínimo entre as pessoas não estaria sendo respeitado dentro das unidades.

De acordo com o sindicato, não haveria, por parte da firma, intervenção de profissional da saúde para tranquilizar o colaborador. “Há gestores querendo repassar o que está dentro do protocolo da empresa. Mas o que o trabalhador quer é uma segurança profissional para desempenhar seu trabalho. Só isso.”

Matias Barbosa

Em meio às queixas da categoria, o sindicato também recebeu informações, nesta segunda, sobre o fechamento da agência de Matias Barbosa, devido a possível contaminação. “Todos os cerca de seis ou sete funcionários estão de atestado. Infelizmente, houve suspeita lá, e alguns vão fazer exame amanhã.”

Em sua página na internet, os Correios destacam algumas medidas preventivas adotadas pela empresa, “em atenção à saúde de seus profissionais e do público”, para evitar o contágio pelo coronavírus. “Além do trabalho remoto por empregados classificados como grupo de risco, há controle do fluxo de atendimento e organização dos clientes para manter a distância recomendada. Existe ainda reforço nos procedimentos de limpeza e cuidados extras de higiene, além de métodos para evitar o contato físico, como a desativação de totens de senhas e o não compartilhamento de objetos.” Ainda conforme os Correios, com o intuito de evitar aglomerações, foi estabelecido um calendário para a solicitação do cadastro do auxílio emergencial nas agências, conforme o mês de nascimento do cidadão.

As iniciativas se somam às demais já adotadas no início da pandemia, como a redução de jornada das áreas administrativas e disponibilização de álcool em gel nas agências e áreas comuns de seus prédios administrativos, além da distribuição de máscaras aos colaboradores.

Sanitização nas unidades

Em nota enviada na manhã desta terça-feira (14), a Superintendência dos Correios de Minas Gerais rebateu as informações do sindicato. “Desde março, os Correios vêm acompanhando a situação de saúde dos seus empregados, prestando o apoio necessário e, também, atuando para garantir o bom funcionamento das atividades operacionais. As orientações da empresa relacionadas a casos suspeitos de Covid-19 permanecem válidas, segundo as orientações sanitárias”, afirmou a empresa, por meio da assessoria.

Questionada sobre a possível contaminação de um trabalhador em Juiz de Fora e da suspeita de Covid também em agência de Matias Barbosa, a empresa disse que,  “seguindo o valor institucional de respeito às pessoas, os Correios não fornecem ou expõem informações relacionadas ao efetivo, pois geram, de maneira desnecessária, insegurança à população e aos empregados. Eventualmente, tais dados podem ser repassados apenas à autoridade médica dos órgãos responsáveis pelo monitoramento da situação de emergência e saúde pública.”

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Os Correios afirmaram, ainda, que têm realizado ações de sanitização nas unidades e que todos os empregados receberam máscaras laváveis e álcool em gel. “Nos guichês das agências, foram instaladas barreiras acrílicas, com o objetivo de preservar os empregados e os clientes, e no fluxo de atendimento, está sendo realizado o gerenciamento de filas. Ocorrendo a suspeita de contaminação entre os empregados, a empresa providencia ações de sanitização em todo o ambiente da unidade e o afastamento imediato da pessoa que possa estar infectada”, garantiu.

“Os Correios permanecem firmes na estratégia de proteger seus empregados e continuar servindo à população. Algumas das nossas unidades precisaram ser fechadas por decisões judiciais, mas continuamos trabalhando e tomando todas as medidas preventivas para funcionarmos com a capacidade máxima”, finalizou.

Tópicos: coronavírus

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