Policial suspeito de matar colega no interior do posto da PRF será transferido

Decisão da Justiça foi baseada na impossibilidade de permanência do policial em Juiz de Fora


Por Vívia Lima

11/12/2019 às 21h11

A Justiça determinou que o policial rodoviário federal suspeito de matar a tiros o colega de trabalho Cristiano Scapin Teixeira seja transferido de forma imediata para a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada à Tribuna pela 4ª Vara Federal Cível e Criminal. Desde o dia 24 de novembro, quando ocorreu o crime, por se tratar de policial, o suspeito estava no 2º Batalhão da Polícia Militar, em Santa Terezinha, Zona Nordeste, onde permanecia acautelado à disposição da Justiça Federal.

Assinada pelo juiz Rafael Franklim Bussolari em 9 de dezembro, a decisão “atende ao disposto na referida lei, bem como à conveniência da instrução criminal, considerando a impossibilidade de sua transferência para o Ceresp de Juiz de Fora em razão de sua segurança pessoal, na qualidade de Policial Rodoviário Federal, e a inviabilidade apontada pela Corregedoria Geral da Polícia Militar de Minas Gerais para sua permanência no 2º Batalhão da Polícia Militar em Juiz de Fora”.

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Outra solução, segundo a decisão, seria a transferência do preso para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), município localizado a 280 km de Juiz de Fora, conforme requerido, alternativamente, pelo Ministério Público Federal. No entanto, segundo a avaliação do juiz, a alternativa não é considerada a mais adequada. O suspeito deverá ficar recolhido em sala especial da repartição, “sob a responsabilidade do seu dirigente, sendo-lhe defeso exercer qualquer atividade funcional, ou sair da repartição sem expressa autorização do Juízo”.

Apesar da decisão judicial, a defesa do acusado argumentou que a manutenção do custodiado em Juiz de Fora favorece as investigações, “pois, desde que esteve na Polícia Federal (24.11.2019), coopera”, e “também deve ser mantida em virtude da sua família residir aqui e para ter acesso, com maior rapidez, aos seus advogados”, diz o texto. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do policial para obter mais informações.

Discussão que terminou em tragédia

Conforme o boletim de ocorrência, registrado na data do crime, Cristiano Scapin Teixeira estava de plantão junto com outros dois policiais, incluindo uma mulher. O suspeito de atirar relatou ter ido até o posto para aguardar outro colega, que viajava de Contagem para o Rio de Janeiro. Eles seguiriam juntos para o encontro de chefes de delegacia, previsto para acontecer no segunda-feira seguinte na capital fluminense. Ao chegar na unidade operacional, o suspeito viu as luzes internas apagadas e disse ter achado não haver ninguém. Mesmo assim, bateu à porta e foi atendido por Scapin, que teria lhe perguntado em tom agressivo: “Que você está fazendo aqui?”.

Após ser informado que iria encontrar-se com um inspetor vindo de BH, Scapin teria permanecido parado obstruindo a entrada, inclusive após pedido de licença, mas acabou permitindo que o policial entrasse. Ainda conforme as declarações do homem preso em flagrante, ele pediu para usar o computador a fim de fechar sua parte do plantão do dia anterior, e o colega teria respondido de forma ríspida. Os ânimos teriam ficado exaltados após o policial rodoviário, que estava fora de seu horário de serviço, dizer que iria acender a luz interna. Segundo ele, a vítima teria gritado para ele não acender por se tratar de posto de polícia, alegando que os usuários não poderiam ver lá dentro.

Antes de atirar, o profissional teria pedido calma a Scapin, que teria falado mais uma frase hostil e levado bruscamente a mão à cintura, “num movimento típico de saque de arma”. O policial preso afirmou ter agido “em reflexo de legítima defesa”, sacando sua pistola e efetuando dois disparos contra o colega. Ninguém teria presenciado a discussão. O suspeito recebeu os colegas e solicitou que acionassem o serviço médico. Em seguida, o autor dos disparos entregou sua arma e disse que se apresentaria espontaneamente na Polícia Federal. As quatro pistolas Glock calibre 9mm, pertencentes ao suspeito, à vítima e aos dois policiais de plantão no dia foram apreendidas pela PF.

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Tópicos: polícia

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