Polícia desarticula esquema de venda de crack em apartamento na região central

Irmãos e suposto funcionário foram presos em flagrante no imóvel, onde moravam com mais cinco familiares


Por Marcos Araújo

09/10/2019 às 20h00- Atualizada 09/10/2019 às 20h02

Porção da droga foi encontrada dentro da parede, escondida atrás de uma tampa de tomada; segundo delegado, a pedra renderia cerca de 300 unidades (Foto: Divulgação Polícia Civil)

Dois irmãos, uma mulher de 27 anos e um homem de 22, foram presos pela Polícia Civil por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos no início da noite desta terça-feira (8). A dupla é suspeita de comandar um esquema de tráfico de drogas, que funcionava em um prédio na Avenida Olegário Maciel, na altura do Bairro Paineiras, na região central da cidade. Além dos irmãos, um homem, 21, que seria funcionário do esquema também foi preso. As prisões foram realizadas durante ação batizada pela polícia como “Operação A Grande Família”. O nome, de acordo com o titular da Especializada Rafael Gomes, deve-se ao fato de que toda a família dos dois irmãos envolvidos no crime moravam no local. O apartamento servia de moradia para a mãe da dupla, outros dois filhos dela e para duas crianças com idade entre 2 e 4 anos, filhos da mulher presa.

A investigação que culminou na desarticulação do esquema durou cerca de um mês e foi iniciada depois que a equipe de policiais recebeu denúncia de que havia uma movimentação suspeita no local. “A apuração mostrou que foi montado um verdadeiro esquema de tráfico de drogas para a venda de crack, no qual o usuário de droga chegava na rua e, de frente para o prédio onde a família morava, assobiava como forma de acionar os traficantes, que apareciam na janela. Com as mãos, o usuário sinalizava quantas pedras queria comprar. Assim, o traficante descia do prédio e se dirigia para a mata existente próximo ao local ou para a esquina da Rua Padre Café, sempre observando a existência de câmeras de monitoramento eletrônico, e ali fazia a entrega do entorpecente”, explicou o delegado.

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Ainda segundo Rafael Gomes, a mãe dos irmãos disse que tinha conhecimento do que acontecia na sua residência, mas não tinha forças para impedir a situação. “Nossas investigações revelaram que a mãe, realmente, não tinha envolvimento. No apartamento, localizado no segundo andar, eles montaram um esquema que permitia a observação do movimento dos usuários e a aproximação da polícia. Caso chegassem policiais, quem estava no apartamento podia dispensar a droga estocada, por exemplo, no vaso sanitário, a fim de escapar do flagrante. Quando eles desciam do prédio para fazer a entrega da droga, levavam uma pequena quantidade de crack”, destacou o policial, que ressaltou: “Para nosso espanto, constatamos que o volume de venda do grupo era grande, pois, quando chegamos ao local, havia uma fila de usuários à espera da entrega do entorpecente. No que diz respeito à forma de agir, eles não deixavam prontas as pedras para venda. A droga ficava bruta e, de acordo com o pedido, era usada uma tesoura para picotar pedrinhas e entregar ao usuário. A droga era levada na mão com o propósito de caracterizar uma situação de uso e facilitar a sua dispensa em caso de uma abordagem policial”.

Segundo o titular da Especializada, o flagrante aconteceu quando o irmão e o funcionário do esquema desceram para fazer o atendimento dos usuários, e a mulher permaneceu no apartamento. “A abordagem foi realizada junto aos dois e eles tentaram fugir, mas foram alcançados e imobilizados. Enquanto isso, parte da equipe se dirigiu ao apartamento, onde fez a abordagem da mulher. Na residência foi encontrado, dentro de uma tampa cega de tomada, uma pedra bruta de crack, que servia para ser fracionada e poderia render até cerca de 300 unidades. Cada pedra era vendida no valor de R$ 10”, disse o delegado.

A origem do entorpecente ainda será investigada, pois o objetivo é chegar a quem seria o fornecedor do grupo. Também foram apreendidos no local uma balança de precisão e uma pequena porção de maconha. Um usuário chegou a ser conduzido para a delegacia de Santa Terezinha com o propósito de servir como testemunha, sendo ouvido e liberado. “O volume de usuários à espera no local era grande e não tinha como conduzir todos para a unidade policial”, destacou Rafael. O delegado também afirmou que os moradores daquela área estavam cansados do movimento suspeito durante toda a noite e da presença de usuários, pois o local havia se tornado referência para usuários de todas as regiões da cidade.

Os presos tiveram a prisão ratificada por tráfico de drogas e associação para o tráfico e levados ao Ceresp, sendo a mulher encaminhada para a penitenciária Ariosvaldo Campos Pires. Os dois homens, como informou a polícia, já tinham antecedentes criminais por tráfico de drogas. Ambos, inclusive, tinham deixado a prisão em fevereiro deste ano.

 

 

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Tópicos: polícia

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