Megaoperação da Polícia Civil desmantela organização criminosa no São Benedito
Cerca de 120 agentes participaram da ação, que terminou com 26 presos, entre eles dois dos três conhecidos como “Irmãos Metralha”. Entre o material apreendido, estavam drogas, R$ 120 mil e carros de luxo
Vinte e seis pessoas, entre elas quatro mulheres, foram presas, no início da manhã deste sábado (9), durante megaoperação que desmantelou organização criminosa da cidade que dominava o tráfico de drogas no Bairro São Benedito e região. Entre os presos nos bairros JK, Ipiranga, Aeroporto, Granbery e São Benedito estão dois dos três homens conhecidos como “Irmãos Metralha”, apontados pela Polícia Civil como donos de um patrimônio milionário, que inclui casas de alto padrão localizadas em áreas nobres da cidade e carros de luxo, inclusive importados, dez deles apreendidos na ação desencadeada pela Delegacia Antidrogas. O terceiro irmão já estava preso na capital mineira por crimes anteriores e sairia da prisão nos próximos dias com tornozeleira eletrônica, o que não vai mais acontecer. No total, 120 policiais do 4º Departamento de Polícia Civil em Juiz de Fora e também de Belo Horizonte cumpriram mandados de busca e apreensão e de prisão. O trabalho teve o apoio de dois cães farejadores e de drones. As prisões atingem não só os chefes do tráfico, mas filho, sobrinhos, entre outros parentes. A ação é resultado de mais de um ano de investigação – que incluiu o rastreamento de bens e interceptações telefônicas. O levantamento permitiu identificar a participação de cada um na estrutura criminosa. O delegado regional de Juiz de Fora, Armando Avolio, ressaltou o êxito da operação e espera que o conjunto probatório reunido sobre a prática de crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico, receptação e porte ilegal de arma de fogo resulte em mais de 20 anos de prisão.
“Foi mais uma operação exitosa da Delegacia Regional, através da Delegacia Antidrogas. É muito importante que a gente consiga retirar não só a droga de circulação e os traficantes, como o patrimônio deles, possibilitando, assim, que não voltem a traficar ou a dominar certos bairros de Juiz de Fora. Prendemos os cabeças dessa organização, que comandavam o Bairro São Benedito e adjacências, e ainda temos mais diligências para fazer. Eles controlavam aquele bairro, e a população ficava refém. Retirando-os de circulação, nós apoiamos não só a sociedade, como aquele bairro específico que ficará sem o domínio do tráfico de drogas”, afirma Avolio.
Rogério Woyame, titular da Delegacia Especializada Antidrogas, diz que, mesmo tendo sido presas anteriormente, as pessoas que trabalham nessa organização criminosa continuaram atuando e utilizando o dinheiro que ganharam com o tráfico de drogas. “O nosso trabalho foi não só de identificar os donos da droga, que eram as pessoas que comandavam o bairro e efetivamente se enriqueceram com o tráfico, mas também investigar a lavagem de dinheiro, para atingir o patrimônio desses chefes do tráfico. Conseguimos identificar que eles estavam vendendo droga para outros bairros e existem informações de que eles estavam conseguindo mandar droga para outras cidades, até talvez para o Estado do Rio de Janeiro. Isso demonstra o tamanho da organização. Temos diversos bens que já foram relacionados para a Justiça para serem apreendidos e sequestrados. O objetivo é atingir, justamente, o patrimônio da organização criminosa”, detalhou. Um núcleo da quadrilha que atuava no Bairro JK também foi desmantelado. “Desmantelamos por completo todo esquema de venda de entorpecentes naquela parte da cidade”, acrescentou.
Indiciamento
Segundo a delegada geral Patrícia Ribeiro de Souza Oliveira, a quadrilha atuava há anos no tráfico de drogas e tinha envolvimento com homicídios. “A maioria dos presos será indiciada em organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, associação para o tráfico. A investigação é toda baseada no trabalho de inteligência, usando recursos não só da nossa agência, como do Laboratório de Lavagem de Dinheiro, em Belo Horizonte. Além das prisões, apreendemos drogas, mais de R$ 120 mil em dinheiro e dez veículos. A maioria dos presos tem vários bens, porém eles não possuem uma ocupação lícita comprovada. A gente acha que vai enfraquecer o poder econômico deles e vai impactar na diminuição do tráfico de drogas na cidade.”
Os presos na megaoperação, iniciada de madrugada, a partir das 4h de sábado, foram encaminhados para o Ceresp. Ainda sem acesso aos autos, três advogados de parte do grupo preso preferiram não se manifestar.
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