Retomada de procedimentos eletivos em JF eleva taxa de ocupação da rede privada

Índices tiveram variação de cerca de 31% ao longo do mês, enquanto utilização por pacientes com Covid-19 chegou a cair para o menor patamar desde o início da pandemia


Por Carolina Leonel

04/08/2021 às 07h23- Atualizada 04/08/2021 às 09h31

Ao longo de julho, dois índices contrastantes chamaram atenção no boletim de leitos divulgado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) diariamente: ao passo que o sistema de saúde da cidade registrou queda acentuada na taxa de ocupação de leitos destinados ao tratamento de pacientes com a Covid-19, houve aumento significativo no índice de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede privada – destinados ao tratamento de enfermidades em geral. Em julho, o percentual de utilização destes equipamentos oscilou de 58,97% no último dia 9, quando foi registrada a menor taxa do período, para 89,91% no último dia do mês, conforme levantamento da PJF, mostrando uma variação de cerca de 31%.

Ao mesmo tempo, quando se considera a ocupação de leitos destinados ao tratamento de pessoas com Covid-19, a variação foi negativa, com queda nas taxas: o índice chegou ao seu menor patamar desde o início da pandemia na cidade no dia 20 de julho, quando foi registrado índice de 29,76% de ocupação nos leitos de UTI Covid. No dia 1º daquele mês, entretanto, a taxa era de 69,64%, maior percentual verificado em julho. Comparando os dois dados, observa-se uma variação de cerca de 40%. No último dia 31, a taxa registrada pela PJF foi de 37,84% de ocupação nos leitos de UTI Covid.

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Em julho, percentual de utilização desses equipamentos oscilou de 58,97% no último dia 9, para 89,91% no último dia do mês (Foto: Divulgação/PJF)

Apesar de os dados apontarem para a diminuição da necessidade de leitos de UTI para pacientes acometidos pelo coronavírus, também preocupam por mostrarem maior utilização destas unidades na rede privada, o que levou a Tribuna a questionar as unidades hospitalares que integram a rede sobre a disponibilidade de leitos. Ao jornal, os hospitais afirmaram que tal aumento no índice de ocupação da rede está relacionado, principalmente, à retomada das cirurgias eletivas e de procedimentos que foram suspensos ou adiados durante a fase mais crítica da pandemia e vêm sendo retomados de forma gradual.

Em nota, a assessoria do Hospital Monte Sinai confirmou que a demanda atual por leitos UTI geral na unidade tem sido maior. “Este movimento vem acontecendo, segundo observam os coordenadores da Unidade de Terapia Intensivo Adulto, em razão, especialmente, da retomada de cirurgias, muitas adiadas em função da pandemia, e necessidade de tratamentos retornados pelo mesmo motivo, além de acidentes, com o aumento da circulação das pessoas. Há, ainda, muitos casos de agravamento de doenças não acompanhadas durante a crise de saúde causada pela Covid-19.”

Já o Hospital Albert Sabin informou que, apesar da alta nos índices, o perfil atual das UTIs da unidade “faz parte do cenário de normalidade do hospital, com pacientes clínicos e cirúrgicos de diversas especialidades, sem correlação direta à Covid”. Conforme o Sabin, com a queda na taxa de ocupação por Covid, a procura por cirurgias eletivas ficou maior, por isso o aumento na taxa de ocupação nas UTIs gerais. O Hospital ainda informou que não reduziu leitos para pacientes Covid. “Os leitos foram mantidos e estão disponíveis de acordo com a demanda. O Hospital Albert Sabin montou uma estrutura que permite atender o volume necessário de pacientes com agilidade e qualidade, independente da etapa que a pandemia se apresenta na cidade.”

O Hospital Unimed informou que a ocupação na UTI Covid permanece estável, sem aumento nas últimas semanas – na unidade, a ocupação da UTI Covid no Hospital Unimed caiu em 50% em relação ao período de pico da doença. Por outro lado, a UTI geral do hospital também tem registrado aumento na ocupação em virtude do aumento do número de cirurgias e casos mais graves que chegam ao pronto atendimento, no serviço de urgência 24h da unidade.

Com queda, PJF orienta reversão de leitos

Também procurada pela Tribuna, a Secretaria de Saúde informou que com o avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 na cidade, tem orientado aos prestadores a reversão de leitos UTI Covid para leitos de UTI para atendimento geral. Até semana passada, conforme a pasta municipal, 20 equipamentos haviam sido revertidos, e era aguardada a reversão de mais nove leitos.

“Isso foi possível graças ao sucesso da campanha de vacinação contra a Covid-19 e de outras medidas tomadas pela PJF no combate à pandemia, que fizeram com que os números de internações por conta de complicações decorrentes da Covid-19 caíssem de forma consistente”, destaca a Secretaria de Saúde.

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Em relação à reversão, a pasta informou que atende às demandas emergenciais do momento, “visto que a secretaria está ciente sobre o problema de longa data a respeito da falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva no município”. Conforme a Saúde, a Administração municipal tem trabalhado desde o primeiro dia de gestão para diminuir a falta de leitos intensivos na cidade. “Com a pandemia, desde janeiro, foram criados 77 novos leitos na cidade, sendo 68 UTI-Covid e nove UTI-Covid infantil, que eram a demanda urgente naquele momento. A Secretaria de Saúde seguirá trabalhando para atender às demandas da população juiz-foranas relacionadas à saúde pública de forma de forma geral, e este aumento no número de leitos de UTI é mais um passo nessa direção.”

Tópicos: coronavírus

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