Testes rápidos feitos em farmácias têm resultado positivo em 15% dos casos

Minas Gerais é o segundo estado onde mais exames foram realizados; em todo o país, total é próximo de 100 mil


Por Agência Estado

28/06/2020 às 07h00

Quase 15% dos testes sorológicos rápidos realizados nas farmácias desde o fim de abril tiveram resultados positivos para Covid-19, segundo levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Amapá e Ceará, com 38% e 32,9%, respectivamente, foram os estados com mais infectados. No extremo oposto estão Mato Grosso do Sul (3,3%) e Santa Catarina (3,4%), com a menor incidência da doença. São Paulo, com 13,8% de resultados positivos, foi o estado que em que foram aplicados mais testes (29.517), seguido por Minas Gerais (25.623). E, de todas as unidades da federação, só em dois estados as farmácias não oferecem o serviço: no Rio Grande do Norte e em Roraima.

“Estamos avançando bem rápido nesses testes”, afirma o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto. Desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou os exames rápidos, de 28 de abril até 21 de junho, foram realizados 97.486 nas farmácia em todo o país. Destes, 14,87% tiveram resultado positivo e 85,13%, negativos.

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Mena Barreto explica que nem todas as farmácias estão aptas a fazer o teste rápido, cujo resultado é conhecido em cerca de 15 a 20 minutos. A aplicação do teste requer profissional treinado e um ambiente de coleta exclusivo. Das 8.900 farmácias associadas à Abrafarma, três mil têm salas para prestação de serviço e, destas, 569 estão aplicando os testes. “Tem uma parcela delas que não conseguiu a licença, há um descompasso entre o que a gente quer e a burocracia permite.”

Os resultados obtidos nos testes rápidos aplicados pelas farmácias confirmam, na opinião do presidente da Abrafarma, o que está acontecendo nas diferentes regiões do Brasil, com grande incidência da doença em estados do Norte e Nordeste, por exemplo. Ele pondera, no entanto, que a amostra tem viés, porque quem busca o teste já está desconfiado que teve contato com o vírus.

Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), diz que os resultados agregados desses testes são importantes, pois revelam a dimensão do problema. Já o médico infectologista Alexandre Barbosa, membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), não vê serventia nesses exames. Ele diz que o índice de resultado de falso negativo e de falso positivo é muito alto, em torno de 50% a 60%. “A maioria dos testes sorológicos, mesmos os feitos em laboratórios, é muito ruim, serve para jogar dinheiro fora.”

O infectologista explica que os testes sorológicos disponíveis são de primeira geração. Isso quer dizer que os anticorpos detectados ainda são anticorpos descobertos agora, no começo da pandemia, e não são tão específicos ou sensíveis para detectar realmente a presença do Sars-COV2.

A única utilidade desses testes sorológicos, na opinião do médico, seria fazer um inquérito epidemiológico. Isto é, saber a incidência da doença em determinada localidade. Neste caso, explica, seria necessário fazer uma modelagem matemática que corrigisse os resultados de falso negativo e de falso positivo.

“Lamento e discordo dessa posição”, diz Gouvêa, da CBDL. A entidade que ele preside e outras sociedades médicas e laboratórios, com o apoio da Abrafarma, estão “testando os testes” rápidos disponíveis no mercado brasileiro.

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Segundo ele, os resultados obtidos mostram que os testes rápidos têm surpreendido positivamente. “Talvez aqueles que foram produzidos logo de cara não fossem tão bons, mas o que estamos vendo agora talvez não sejam de primeira geração e sejam produtos melhorados.” Segundo o presidente da CBDL, 80% dos testes têm performance adequada. Segundo ele, esses testes cumprem o papel, desde que aplicados pelo profissional adequado e na fase certa da doença.

Tópicos: coronavírus

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