Bolsonaro diz que mandou cancelar protocolo para compra da Coronavac

Após declaração do presidente sobre vacina chinesa, Anvisa afirmou que busca imunizante com eficácia, independente do seu país de origem


Por Agência Estado

21/10/2020 às 18h51

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (21) que mandou “cancelar” o protocolo de intenções assinado na terça-feira (20), pelo Ministério da Saúde, para a aquisição de 46 milhões de vacinas da farmacêutica chinesa Sinovac. Bolsonaro destacou que está “perfeitamente afinado com o Ministério da Saúde trabalhando na busca de uma vacina confiável”.

Segundo o presidente, qualquer afirmação fora deste sentido seria “especulação” e “jogo político”. O presidente parou para dar entrevista nesta quarta-feira durante visita ao Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), em Iperó (SP).

PUBLICIDADE

“Nada será despendido agora para compraremos uma vacina chinesa, que desconheço, mas parece que nenhum país do mundo está interessado nela. Pode ser que tenha algum país aí. Agora, as vacinas têm que ter comprovação científica, diferente da hidroxicloroquina”, declarou.

Bolsonaro afirmou ainda que “números têm apontado que a pandemia está indo embora” do Brasil. “Toda e qualquer vacina está descartada. Ela tem que ter validade do Ministério da Saúde e certificação por parte da Anvisa”, acrescentou.

Mais cedo, o Ministério da Saúde se manifestou em nota e em coletiva do secretário-executivo Elcio Franco reforçando que não “há intenção de compra de vacinas chinesas”. Segundo a pasta, a fala do ministro Eduardo Pazuello foi mal interpretada. Em crítica, Bolsonaro reforçou esse discurso dizendo que o governador João Doria (PSDB) distorceu a fala de Pazuello.

Anvisa nega influência externa

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra, negou nesta quarta que a autarquia possa passar por influências externas nos processos de avaliação de eficácia das vacinas contra a Covid-19.

Barra afirmou ainda não haver data predefinida para conclusão dos estudos clínicos ou concessão de registro a qualquer uma dos quatro imunizantes em desenvolvimento no país contra o novo coronavírus.

“A Anvisa não participa de compra feito pelo Governo federal, de nenhum medicamento ou insumo, como também das políticas públicas que são de competência do Ministério da Saúde, então, para nós pouco importa de onde veio a vacina e qual é seu país de origem. Nosso dever constitucional é fornecer a resposta de que esses produtos têm ou não têm qualidade, segurança e eficácia”, disse.

“Processo de avaliação não sofre nenhuma alteração, influência ou ação de qualquer outra situação que não a ciência e o apego à boa técnica. Não há influência externa nesse sentido”, respondeu ainda ao ser questionado sobre as declarações de Bolsonaro de que não vai comprar a “vacina chinesa”.

O conteúdo continua após o anúncio

As declarações de Barra foram dadas após uma reunião de quase duas horas com o governo de São Paulo, João Doria, e parlamentares. Doria disse que saiu confiante da reunião e disse ainda que sua intenção é que a vacina que vem sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã seja distribuída pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

O governador paulista afirmou ainda que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, saiu “fortalecido” dos episódios envolvendo a vacina ocorridos entre terça e esta quarta. Para Doria, Pazuello saiu em defesa da vida.

Tópicos: coronavírus

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.