AstraZeneca comunica Anvisa sobre interrupção de estudos para vacina da Covid-19

Decisão engloba todos os países que participam dos testes e foi tomada após um paciente do Reino Unido apresentar efeito colateral grave


Por Agência Estado

09/09/2020 às 08h56- Atualizada 09/09/2020 às 09h48

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta terça-feira (8) que recebeu comunicado do laboratório britânico AstraZeneca sobre a interrupção de estudos, que envolvem a Fiocruz, para desenvolver vacina contra a Covid-19. Desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, esta vacina é a aposta do governo Jair Bolsonaro (sem partido) para imunizar a população.

A agência disse que aguarda mais informações da AstraZeneca para se pronunciar oficialmente sobre a interrupção dos estudos. A decisão do laboratório britânico ocorre no dia em que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que em “janeiro a gente começa a vacinar todo mundo”.

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Os estudos envolvem diversos países e serão interrompidos também no Brasil. O governo federal abriu crédito de cerca de R$ 2 bilhões para a Fiocruz receber, processar, distribuir e passar a fabricar sozinha a vacina.

De acordo com fonte da Anvisa, o laboratório apenas enviou um comunicado à agência sobre a interrupção, sem detalhar que tipo de efeito colateral foi notado em participante do estudo, por exemplo, que levou a travar os trabalhos. Técnicos da Anvisa, agora, buscam mais informações da AstraZeneca.

“A decisão de interromper os estudos foi do laboratório, que comunicou os países participantes. A Anvisa já recebeu a mensagem e vai aguardar o envio de mais informações para se pronunciar oficialmente”, disse a Anvisa em nota.

Suspensão de testes da vacina de Oxford contra covid-19 não é revés, diz Londres

A interrupção dos ensaios clínicos da vacina contra a covid-19 realizados pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca não é um retrocesso e não é a primeira vez que isso acontece, afirmou o ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, nesta quarta-feira (9).

Falando à SkyNews, Hancock admitiu que a interrupção é “obviamente um desafio. Mas, na verdade, não é a primeira vez que isso acontece com a vacina Oxford e é um processo normal em testes clínicos”. De acordo com o ministro, os próximos passos dependerão do que os pesquisadores “encontrarem quando fizerem a investigação” do caso.

A AstraZeneca não divulgou informações sobre o estado de saúde do voluntário que adoeceu, mas a mídia destacou nesta quarta que sua recuperação é esperada.

Acordo brasileiro
A vacina de Oxford estava sendo testada no Brasil em cerca de 5 mil pessoas. Participam ainda dos estudos os Estados Unidos e a África do Sul, além do Reino Unido, primeiro país a testar o produto. O estudo brasileiro, iniciado em junho, está sendo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Procurada, a instituição informou que os testes foram suspensos em todos os centros no mundo, inclusive no Brasil, e afirmou que a pausa segue os padrões de segurança preconizados no protocolo do estudo da vacina de Oxford.

O acordo do governo brasileiro com a AstraZeneca garante acesso a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das quais 30 milhões de doses seriam entregues entre dezembro e janeiro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.

Outras vacinas em testes

Em seu relatório mais recente, divulgado no último dia 13, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que havia 167 vacinas sendo desenvolvidas para combater o novo coronavírus. Dessas, 29 estavam em avaliação clínica, ou seja, iniciaram os testes em seres humanos.

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São cerca de 90 mil voluntários, por enquanto, que vão receber as doses. Seis das vacinas estavam na fase 3, a última antes da conclusão.

Por ser o segundo país com mais infectados no mundo e também ter laboratórios de referência, o Brasil tem sido bastante requisitado para auxiliar no desenvolvimento de algumas dessas vacinas. Quatro das 29 que iniciaram a fase clínica estão sendo testadas aqui: a da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca e a Fiocruz (inglesa), cujos estudos foram suspensos, a da Sinovac em parceria com o Instituto Butantã (chinesa), a da BioNTech/Pfizer (alemã/americana) e, mais recentemente, a desenvolvida pela Janssen Pharmaceuticals (belga/americana), do grupo Johnson & Johnson.

Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo são algumas dos Estados que contam com voluntários participando dos testes.

Além destas já em teste, o Brasil também demonstrou interesse pela vacina russa. O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) anunciou no último dia 27 a intenção de testar o imunizante em pelo menos dez mil voluntários. O protocolo para validar a fase 3 dos estudos clínicos deve ser submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Assim como o Paraná, a Bahia pretende iniciar estudos clínicos no Estado. No último dia 12, a Embaixada da Rússia no Brasil disse que está negociando um acordo sobre a vacina com o governo do Estado.

Tópicos: coronavírus

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