Mandetta não relaxa isolamento, mas diz que cidades são afetadas distintamente

Segundo ele, a ideia foi definir parâmetros, uma vez que as cidades não são afetadas da mesma maneira


Por Agência Estado

07/04/2020 às 21h15- Atualizada 07/04/2020 às 21h35

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, negou nesta terça-feira (7), que tenha relativizado a importância do isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus ao definir critérios para que estados e municípios relaxem regras de distanciamento. Mandetta explicou que as orientações foram formalizadas a pedido de gestores locais. Segundo ele, a ideia foi definir parâmetros, uma vez que as cidades não são afetadas da mesma maneira.

“A última quarentena foi em 1917. Não existia uma porção de coisas que existem hoje. Então, são dadas algumas coordenadas. Temos cidades com nenhum caso e que fez uma paralisação total de suas atividades”, disse, na entrevista diária. As instruções são para que as regiões troquem o isolamento amplo pelo isolamento seletivo (restrito a pessoas dos grupos de risco) se menos da metade da capacidade de atendimento tiver sido comprometida”.

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A avaliação e a transição ficarão a critério dos prefeitos e dos governadores. O secretário de vigilância do ministério, Wanderson de Oliveira, disse que mesmo cidades sem pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) estão adotando medidas restritivas. Para abrir mão delas, porém, os gestores precisam estar seguros de que as redes de saúde à disposição estão providas de leitos, equipamentos e profissionais para atender a demanda de infectados em momento crítico da epidemia.

“Estados e municípios têm toda a capacidade de avaliar seu contexto e iniciar gradualmente, com segurança, desde que tenham cumprido o critério que é: que condicionantes necessárias para responder ao período mais crítico da epidemia estejam presentes. Isso vale para o Brasil inteiro e a gente vem falando constantemente”, disse o secretário.

Saúde acompanha estudos sobre eficácia de cloroquina e hidroxicloroquina

O ministro também afirmou nesta terça-feira (7) que o órgão acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20. Ao todo, cinco mil pacientes com quadros clínicos variados farão parte dos protocolos de pesquisa. Enquanto isso, o ministro recomenda cautela na prescrição do medicamento.

Mandetta esclareceu que o droga já está disponível nos hospitais para pacientes com quadros moderados e graves. Fora desse grupo, o ministério não recomenda a utilização. “Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo. Nós estamos analisando para casos anteriores aos leves, que é onde pode haver algum tipo de senão. Isso ainda existe um pouco de dúvida, por conta de efeitos colaterais”, disse.

Mandetta afirmou também que pediu ao Conselho Federal de Medicina para que colha observações clínicas dos profissionais sobre administração das substâncias. O ministro frisou que cabe à entidade recomendar ou não os medicamentos. O ministro frisou que, enquanto isso, o médico pode explicar os riscos da prescrição dos medicamentos e assumir a responsabilidade.

“A prescrição médica no Brasil… a caneta e o CRM (número de registro do profissional) estão na mão dele. Se ele quiser comunicar o paciente que não tem evidência, que poderia usar o medicamento, com tais riscos, e se responsabilizar individualmente, não tem óbice”, frisou. Na segunda-feira, Mandetta afirmou ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração dos medicamentos, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico.

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Tópicos: coronavírus

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