Juiz de Fora, de Princesa a Capitã

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

27/09/2016 às 07h00 - Atualizada 26/09/2016 às 22h01

Ao lermos os planos de governo dos candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora, pudemos verificar que há nos mesmos a menção de fomentar a integração de Juiz de Fora aos demais municípios da região. Podemos afirmar que essa notícia é muito positiva. Explicamos: não é possível e sustentável, do ponto de vista econômico regional, Juiz de Fora ser uma ilha de prosperidade cercada por municípios com atividade econômica incipiente.

Atualmente, a busca pela redução das desigualdades regionais está centrada em ações conjuntas e integradas no espaço. As cidades não podem ser pensadas como um agente único e isolado no sistema de rede urbana, ou seja, a discussão passa pelo conceito de cidades-região, por integração espacial do processo produtivo e, portanto, crescimento mais equilibrado e encadeado entre os diversos municípios de uma região.

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Ter essa preocupação na agenda de nossos candidatos ao cargo de prefeito é, portanto, um ativo. Não precisamos sair do Estado de Minas Gerais para perceber porque esse tema é tão importante e deve constar nos planos de governo de nossos candidatos. A fragmentação e, por que não dizer, a fraqueza da rede de municípios da Zona da Mata quando comparada à rede de municípios do Triângulo/Alto Paranaíba e do Sul/Sudoeste de Minas Gerais é evidente. Isso tem consequências imediatas.

Uma rede de municípios com nível de atividade econômica baixa gera menor capacidade de consumo, menor potencial produtivo, menor capacidade de oferta de bens e serviços, perda de talentos – migração, pequena criação de postos de trabalho e, portanto, um ciclo vicioso no crescimento regional.

Os dados do Indicador de Atividade Econômica Municipal – IAEM, para maio de 2016, calculados pela Faculdade de Economia da UFJF, evidenciam a fraqueza econômica da Zona da Mata. Dentre os 50 municípios mineiros que apresentaram maior nível de atividade econômica em maio de 2016, as regiões do Triângulo/Alto Paranaíba e Sul/Sudeste de Minas Gerais apresentavam, cada uma, sete municípios entre os 50 primeiros colocados no referido indicador. Por outro lado, a Zona da Mata apresentava apenas um, o município de Juiz de Fora. Esses resultados mostram claramente uma hierarquia regional no Estado.

Dada a situação, os leitores podem estar perguntando: seria possível transformar esse cenário? Nós acreditamos que sim. Nos países desenvolvidos, as regiões se organizam baseadas em três aspectos: a solidariedade existente entre os agentes públicos e privados; a organização em torno de um centro; e a atuação de forma conjunta. Tomando por base esses três aspectos, Juiz de Fora tem o papel de centro polarizador que, portanto, pode liderar ações e/ou arranjos institucionais que permitam a integração e/ou complementariedade da estrutura produtiva dos municípios da região. Nesse cenário, Juiz de Fora teria todas as condições para capitanear a integração e o crescimento dos demais municípios da Zona da Mata.

Por Fernando S. Perobelli, Inácio F. Araújo Junior, Ramon Goulart Cunha, Leandro V. Pereira, Joyce A. Guimarães e Adryse V. Lima. Email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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Luciane Faquini

Luciane Faquini

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