A política por trás da economia – novamente

Por Por Wilson Rotatori, João Victor Rezende, Vinicius Nardy, Ísis Lira e Luís Felipe Massei

23/01/2018 às 09h56 - Atualizada 23/01/2018 às 09h56

Após um ano com inúmeras turbulências no âmbito político, o Brasil conseguiu terminar 2017 com números promissores para economia. A inflação despencou e terminou o período abaixo do piso da meta do Copom, em 2,95% a.a. Com isso, houve espaço para inúmeros cortes na taxa Selic, fazendo com que esta iniciasse 2018 em seu menor nível na história: 7% a.a.

A inibição da pressão inflacionária e a diminuição dos juros permitiram que um horizonte mais límpido fosse enxergado pelos brasileiros, encorajando o consumo e novos investimentos. Assim, o desemprego caiu e a taxa voltou aos 12% de dezembro de 2016. Da mesma forma, o IBC-Br, o índice de atividade econômica do Banco Central, alcançou alta de 1,06% frente ao ano anterior, fator que corrobora a projeção do ano de 2017 terminar com crescimento de 1% do PIB frente a 2016.

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Embora os números da economia nacional mostrem-se animadores, ainda existem algumas incógnitas em outros cenários, principalmente o político. Com as eleições presidenciais marcadas para outubro, a incerteza é palavra predominante no país. Se, por um lado, as mesmas podem ser positivas quando se trata da mudança de rumo em relação às reformas estruturais (tributária e previdenciária) ainda travadas, por outro, têm o potencial de novamente dividir a nação como em 2014, fato que pode ser prejudicial ao trabalho do presidente que virá a ser eleito, dado que uma base política fragmentada torna-se um empecilho ao ato de governar.

Quando se leva a análise para o âmbito internacional, um fato que merece destaque é a reforma tributária aprovada nos Estados Unidos no fim de 2017, que pode trazer consequências ao Brasil no decorrer do ano. Com a diminuição da alíquota do imposto de renda para pessoa jurídica por lá, há um incentivo ao investimento dentro das terras norte-americanas, o que pode tornar a relação entre os dois países mais custosa devido ao potencial encarecimento relativo das exportações brasileiras. Vale ressaltar que 12,34% do total exportado pelo Brasil em 2017 teve como destino final os EUA.

O cenário mais realista para o Brasil em 2018 se apresenta com a inflação e taxa de juros controladas, e é esperado que o PIB continue apresentando crescimento neste ano: segundo o Boletim Focus do Banco Central, a previsão é de uma variação positiva de 2,7% ao final do ano. É importante ressaltar, porém, que, se as reformas não forem aprovadas, a taxa de desemprego não diminuir e a depender da reação do mercado ao presidente eleito, a economia brasileira pode reagir de maneira que atrapalhe o progresso esperado.

Por outro lado, se o país conseguir controlar a situação interna e observar um cenário externo favorável, os números podem ser bem melhores que os previstos. Portanto, 2018 chega se apresentando como um possível ano em que a economia brasileira volte a patamares anteriores de crescimento, com fatores que necessitam de acompanhamento próximo para que não atrapalhem o progresso.

E-mail para cmc.ufjf@gmail.com

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