Ação e reação
Um dos instrumentos econômicos mais utilizados pelos Bancos Centrais é a taxa de juros básica. Por meio de sua manipulação é possível influenciar alguns importantes índices como a inflação e a atividade econômica de um país. Durante a pandemia, as autoridades monetárias de todo o mundo reduziram a níveis históricos suas taxas de juros para que pudessem reaquecer a economia. Entretanto, isso vem causando consequências nos dias de hoje.
No auge da pandemia, os Estados Unidos baixaram sua taxa básica de juros para a banda de 0,25% a 0%. A União Europeia seguiu o mesmo caminho e o Banco Central Europeu impôs como meta 0% de juros.
O Brasil, conhecido pelos altos juros, não fez diferente. Colocou os juros, que antes eram de 6,50% (já baixos para padrões brasileiros), para históricos 2% entre agosto de 2020 e março de 2021. Com isso, a autoridade monetária tentava reduzir a capacidade ociosa da indústria brasileira e aumentar a demanda, facilitando a aquisição de crédito para consumo e investimento a taxas mais baixas.
No entanto, as consequências disso estão chegando, pois com o aumento considerável na liquidez da economia, os países vêm enfrentando graves crises provocadas pela inflação. Os Estados Unidos, antes acostumados com taxas de inflação baixas, agora encaram um aumento de 8,50% no índice de preços, um recorde nos últimos 41 anos.
Nesse momento, ao se depararem com essas consequências, os Bancos Centrais tentam não mais estabelecer uma retomada da economia, mas sim domar uma inflação aquecida pelas sucessivas reduções no juros e catalisada por eventos que afetaram a conjuntura mundial, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. Assim, iniciaram movimentos de alta dos juros, como os Estados Unidos, que, na última quarta-feira, aumentaram seus juros para valores entre 0,75% e 1%, o maior aumento em 22 anos.
O Brasil também voltou a aumentar abruptamente seus juros, indo, no intervalo de março de 2021 a maio de 2022, de 2% até os 12,75% também definidos na última quarta-feira. Vale lembrar que é a taxa mais alta desde 2017. A situação global dos juros nos mostrou que os Bancos Centrais estão bastante receosos com a inflação, que está corroendo o poder de compra de seus habitantes.