Sua vida – e suas finanças – na palma da sua mão
Os jovens de 40 certamente se lembram do tempo em que “entravam na internet”. Hoje ninguém mais entra na internet. A internet é parte integrante da vida de quase todo mundo; estamos conectados, antenados, plugados o dia inteiro, 365 ou 6 dias por ano. Todo e qualquer desconhecimento da causa, e do efeito, só dura os minutos do buscador retornar a resposta, com detalhes, fotos, áudios e tais. Absolutamente tudo virou app, há opções para todos os tipos e gostos. Desde o livro de receitas da vovó, imóveis, ingressos para shows, dicas variadas e, claro, serviços financeiros.
Nesse mundo dinâmico, as FinTechs _ nome dado às startups que oferecem os mesmos serviços que os bancos convencionais _ vêm ganhando espaço rapidamente. De acordo com a empresa de pesquisas Venture Scanner, existem em todo o mundo cerca de 1.379 FinTechs, capazes de “abocanhar” aproximadamente US$ 4,7 trilhões de receitas dos bancos segundo levantamento do gigante financeiro Goldman Sachs. No Brasil, algumas dessas empresas já são conhecidas do público, oferecendo compras e pagamentos, investimentos e crédito: ContaSuper, Paypal, Pagar.me, Biva, Broota, Catarse e Intoo. Até a “vaquinha” para o churrasco do fim de semana já pode ser feita via alguma delas. O cadastro do usuário envolve a mesma burocracia que a criação de uma conta de e-mail, ou seja, praticamente nenhuma, e o pagamento pelo serviço ocorre na transferência de valores.
O sucesso dessas empresas vem da combinação de alguns ingredientes importantíssimos para a geração digital: rapidez, eficiência e baixo ou quase nenhum custo. Usando exatamente essa fórmula, já opera no Brasil um banco inteiramente digital. O Nubank é um banco totalmente livre de anuidades e tarifas, com receitas obtidas de duas maneiras: quando o cliente realiza uma compra com o seu cartão, o banco recebe do estabelecimento vendedor um pequeno percentual desse valor ou, quando o cliente opta por financiar parte do valor da fatura, os juros incidentes sobre o valor financiado são receita auferida pela companhia. As únicas restrições para se obter um cartão do banco 100% digital são idade mínima de 18 anos, ser residente do Brasil e possuir um smartphone que seja compatível com os aplicativos para Android. Ou seja, também quase nada.
Nesse “novo” modo de gerir finanças pessoais tudo é rápido e de fácil acesso. É possível consultar o saldo, fazer aplicações, transferir recursos, pagar contas enquanto se espera na fila para o restaurante. Do lado das empresas, não há mais custos elevados para se manter agências, pessoal e estrutura. Enquanto aguardam o fim do seu ciclo de negócios convencionais e a rendição definitiva dos “últimos entrantes”, empresas maduras também estão se adaptando. Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil são exemplos de empresas tradicionais em busca do cliente 100% digital. Para tal, já oferecem serviços com tarifa zero para operações 100% on-line.
Quem ainda não descobriu a maravilha que pode ser comprar e pagar absolutamente tudo de qualquer lugar, a qualquer hora, a dúvida de sempre é: esses “novos” métodos são seguros? Bom, para começar, viver não é 100% seguro. Dinheiro (cash) sempre pode ser roubado, contas bancárias convencionais hackeadas, cartões “magnéticos” clonados, mesmo com o cliente pagando altas taxas e anuidades. Por outro lado, uma conta totalmente on-line, com isenção de taxas, também pode ser segurada, o smartphone pode ter senhas de segurança (como o cartão físico) e sempre é possível instalar antivírus atualizados. Só uma coisa não pode acontecer: ignorar que o mundo está evoluindo. Claro que também é possível resistir a isso, escolher pensar que tecnologias representam riscos à saúde, à segurança financeira e aos empregos. E há a outra opção: entrar na onda (nunca mais na internet!) e entender que capacitação e inovação podem representar ganhos aos usuários (de tempo, de qualidade de vida _ afinal, para que perder tempo na fila quando se pode assistir ao filme de casa ou com o ingresso on-line? _ e de dinheiro), empregos e salários melhores e, principalmente, produtividade econômica. Ao invés de dez pessoas para uma tarefa, dez tarefas simplificadas para uma pessoa é, indubitavelmente, um ganho econômico substancial. Para isso, educação de qualidade, como sempre, é fundamental. E, essa sim, insubstituível.