JF, cidade amiga da pessoa idosa?

Por Jose Anisio Pitico

28/08/2022 às 07h00 - Atualizada 26/08/2022 às 17h49

Entre tantas transformações trazidas pela nova ordem mundial, o envelhecimento populacional é uma delas. Em repetidas palavras escritas por mim: o mundo está envelhecendo! Não precisa ir muito longe, é só observar a presença de pessoas longevas e centenárias próximas de nós, na nossa família, no nosso bairro, na nossa cidade, no noticiário. Vamos viver muito e já estamos vivendo. Estudos científicos demográficos sérios apontam que, em breve tempo, e de uma forma muito rápida, teremos cada vez mais pessoas idosas no contexto social e urbano. É o que vivenciamos na nossa cidade. 

Números extraoficiais indicam a presença de mais de 100 mil pessoas com idade igual ou maior a 60 anos. Por um lado, essa realidade vem com um dado muito interessante e positivo, que é o de vivermos mais tempo. Mas, por outro lado, será que essa longevidade cronológica vem acompanhada de medidas políticas concretas e reais que fazem esses anos valerem a pena? Não. Estamos vivendo mais e podemos viver mais sem medidas públicas de proteção social e sem políticas públicas robustas para garantir um envelhecimento ativo e saudável para toda a população? 

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Em JF, temos excelentes programas e serviços pioneiros destinados para a parcela da população idosa. Principalmente à fração etária de pessoas idosas autônomas e independentes. Mas, como o envelhecimento é um processo humano diverso e muito complexo, é preciso que outros serviços sejam oferecidos aos que envelhecem de outra maneira, por exemplo, com mais dependência e menos autonomia para a gestão de suas vidas.  

Nessa direção há um grande desafio de custo socioeconômico a ser ultrapassado: quem vai cuidar das pessoas idosas dependentes? Sabendo que essa mesma longevidade, tão desejada por nós, pode vir com muitos custos para a sua manutenção, não só financeiros, mas também emocionais e psicológicos para o cuidado diário familiar e institucional. 

Se, de um modo geral, o país com nossas cidades não tem uma cultura pública de atenção às pessoas idosas, com o envelhecimento frágil e dependente, aí que a situação fica pior. É o caso, por exemplo, de JF. A realidade não é diferente: como sobrevivem, principalmente, nesse tempo de pandemia ou “pós-pandemia”, as Instituições de Longa Permanência para Idosos, que tradicionalmente não entram na agenda do Poder Público. 

Vivemos em um outro mundo. Em constantes mudanças. Se até então, nossa expectativa de vida era menor, morria-se muito novo; hoje, em pleno século XXI, uma nova realidade está diante de nós e vivemos nela. Um novo futuro nos abraça. Para tanto, é fundamental que a nossa cidade se encontre nesse caminho – o de seu envelhecimento, da longevidade de suas cidadãs e cidadãos. A título de uma pequena contribuição, que é o meu propósito nessa militância, de anos, junto a outros/as colegas, apresento as seguintes pautas para a plataforma política das nossas candidatas e candidatos à Assembleia Legislativa Mineira e Nacional: 

1) Elaborar o Plano Municipal Intersetorial de Políticas Públicas para o envelhecimento ativo e saudável;

2) Organizar um fluxo de denúncias de violência contra as pessoas idosas; 

3) Elaborar um diagnóstico sociodemográfico da população idosa da nossa cidade;

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4) Capacitar sistematicamente a rede de atendimento às pessoas idosas.

Para um novo tempo, a atenção às pessoas idosas é um grande diferencial na conquista de civilidade e de uma cultura cidadã em nossas relações políticas e sociais. E aí, eu tenho a esperança e a certeza de que JF não vai demorar muito para ser, efetivamente, uma cidade amiga da pessoa idosa. Vale o bordão: “O futuro é agora!”

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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