Nota 10!

Por Jose Anisio Pitico

13/03/2020 às 07h30 - Atualizada 12/03/2020 às 18h43

Na agenda da cidade, o envelhecimento das pessoas (o nosso) vem ganhando relevância e importância. Sinal dos tempos. Como diria o grande artista Arnaldo Antunes, “não há nada mais moderno do que envelhecer”. Ele está com a razão. Nossa cidade, certamente, mesmo sem falar em dados oficiais, já conta com mais de 90 mil pessoas com idade igual ou maior de 60 anos, segundo a trilha da velocidade do crescimento do envelhecimento populacional brasileiro. Juiz de Fora tem muitas pessoas idosas. É uma realidade! Trata-se de um contingente humano muito expressivo. E é muito bom perceber que essas pessoas estão entrando na pauta dos gestores públicos e empreendedores sociais. Uma nova configuração social-política-econômica vem sendo construída com o envelhecimento de nossa população.

No campo social, as pessoas idosas demandam por novos serviços e produtos. Novas relações estão sendo criadas a partir de suas necessidades e desejos. Na esfera política, os idosos vão à luta. Participam de fóruns coletivos de discussões e debates sobre as suas condições de vida. Ativamente estão presentes a reuniões da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. Semanalmente, estão frequentes às reuniões do Conselho da Pessoa Idosa. Criaram a Câmara Sênior, em que batalham pela promoção, garantia e defesa dos seus direitos sociais na cidade. Na questão econômica, a população idosa – parte dela – é forte no consumo de bens e serviços. O mercado está de olho em suas capacidades financeiras e vende produtos para a melhoria da qualidade de vida, visando a autonomia e independência deles. Turismo, lazer, serviços de saúde que o digam. Nesses itens, os maiores clientes consumidores são as pessoas idosas. E também, por outro lado, alguns idosos estão vendendo serviços e aumentando sua renda com o baixo vencimento da aposentadoria.

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O crescente protagonismo de alguns idosos na cidade levam as instituições sociais e educacionais a refletirem sobre as condições de vida na velhice. A geriatria e gerontologia vem ganhando expressão e reconhecimento social. Prova disso foi a realização do I Simpósio Multidisciplinar de Geriatria e Gerontologia da Zona da Mata Mineira, nos dias 2 e 3, no início desse mês. Promoção louvável e corajosa do/as estudantes da Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia da Faculdade Suprema. Um evento científico de altíssimo nível, que teve a participação brilhante de palestrantes de diferentes matizes profissionais, dentro de uma abordagem multidisciplinar, com conteúdos como: “O papel do geriatra na sociedade”; “Promoção de Saúde do Idoso”; “Terminalidade e Espiritualidade no Envelhecimento”; “Sexualidade na Terceira Idade”; “Síndromes Demenciais”; “Quedas”; “Atividades Físicas” e “Ambiente Construído”.

Pautas que provocaram nos participantes momentos de muita reflexão e sensibilização para um tema que culturalmente ainda fica distante da realidade do surgimento de um novo mundo: o das pessoas idosas. E os novos profissionais, recém-graduados das instituições de ensino superior, devem ter preparação científica suficiente e com qualidade para suas intervenções junto às pessoas idosas, que, com certeza, vão frequentar seus consultórios e salas de unidades de saúde. Mesmo que necessariamente não se tornem geriatras e/ou gerontólogos, com pessoas idosas, algum dia, vão se deparar no seu trabalho profissional.

Um ponto que desejo destacar na realização desse simpósio, promovido pela Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia da Faculdade Suprema, foi a participação dos profissionais convidados. Exceto o palestrante que abriu os trabalhos iniciais, que é de Belo Horizonte, toda a programação seguinte à abertura e a do dia posterior teve a contribuição de profissionais da cidade. Ou seja, nosso time cresceu e é muito bom perceber também, que mais profissionais estão somando conhecimentos e pesquisas à causa do envelhecimento das pessoas idosas em nossa cidade. Outro aspecto positivo a considerar foi o apoio institucional muito importante oferecido pelo corpo docente da Suprema, nas pessoas dos professores Dr. Djalma, Dr. Bechara e Dr. Antonio Godinho, que apostaram no sucesso do evento. Nota 10!

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Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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