Você está preparado para conversar com o seu futuro?

Por Jose Anisio Pitico

12/03/2021 às 07h00 - Atualizada 11/03/2021 às 17h07

No anúncio de uma Companhia de Seguro Saúde, que faz parte da edição comemorativa dos cem anos do jornal Folha de São Paulo, publicada no fim de semana passado. A mensagem comercial estampa duas imagens – fotos – do ator Rodrigo Santoro. Uma, ele tem 45 anos. Na outra, 75 anos. Aí vem essa pergunta. Que dá o título, na íntegra, “ipsis litteris”, nos mesmos termos, tal como está escrito na página, a essa Coluna de hoje. Dado o devido crédito e com o conhecimento público da fonte, permito-me a algumas reflexões, contando sempre com a sua importante e necessária participação, caro leitor e leitora.

Ainda pelo título do anúncio na Folha, achei muito interessante. E que sacada maravilhosa tiveram os criadores dessa peça publicitária! É a reprodução, me faz lembrar de outra propaganda, do efeito orloff, da vodka, “eu sou você amanhã”. Só que aqui é a própria pessoa ou o próprio personagem que se vê, ou se deve ver no futuro. No mínimo, muito instigante e provocativo. Gostei. A ponto de me sentir motivado e explorar, no bom sentido, as derivações que me vêm dessa pergunta: alguns impactos para o nosso cotidiano de vida. De fato, estamos preparados para o nosso futuro? Nesses tempos de pandemia, entra outra pergunta, como será o amanhã? Só sei, do muito pouco que sei, que da mesma forma, como canta Caetano, na música do Peninha, que “você não me ensinou a te esquecer”, nossa educação social, não nos prepara para o futuro de nosso caminho na existência. O que conta, o que é ensinado e que recebe estímulo são os valores de e para o mercado. Não vejo nada de errado nisso. Ganhar dinheiro, ter dinheiro não é pecado. Mas viver para o dinheiro nos deixa muito pobres. Eu penso e desejo que devemos ter espaços na sociedade para falarmos mais sobre as nossas perdas, nossos fracassos. Nossas mortes. Começando no ambiente de casa.

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Escrevi aqui na crônica da semana passada, que meu pai se identificou mais com a cigarra do que com a formiga, na fábula que trazemos de pequenos, no que diz respeito a ter uma visão de futuro. Ele não teve. Vivia o hoje, do que conseguia ter de grana. Na comercialização de suas obras artesanais feitas em madeira. Ele não teve cabeça para a necessária atenção no aspecto material. Fazer uma reserva financeira para enfrentar, por exemplo, alguma emergência de tratamento de saúde. Mas, a gente pode aprender. Eu tô aprendendo. Para não repetir nossos pais. E não tem para onde correr. É aquela velha história. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Resumindo: temos que agir. Fazer planos e ter atitudes concretas na direção de promover mudanças nos nossos comportamentos.

No futebol, o ex-técnico de futebol, Muricy Ramalho, tem a máxima, de que “a bola cobra”, eu digo, que a vida cobra. Assim como o jornal Folha de São Paulo atingiu o seu centenário, nós também podemos. A literatura nos apresenta muitas possibilidades. Mas depende muito da nossa vontade. Disciplina e persistência. Estamos vivendo cada vez mais. E precisamos viver melhor. Com qualidade de vida. Você deve estar cansado de ouvir essa expressão, mas, ela tem que deixar de ser um enfeite gramatical e semântico e ganhar realidade de vida no nosso cotidiano. É preciso desde já estabelecer essa conversa com o nosso futuro, sim. Quanto mais cedo, melhor. Mas, se não for possível começar cedo, vamos começar agora, com a idade que a gente tiver. Vida é movimento.

Nossa cidade tem responsabilidade social e pública sobre a criação de ambientes de conversas sobre como chegar bem aos 100 anos, assim como chegou a Folha de São Paulo. Nossa Rede Tribuna de Comunicação já emplacou os seus 40 anos. Na oportunidade, expresso aqui meus parabéns e desejos de vida longa no registro dos fatos com reportagens sobre o que acontece no mundo, no país, na região e na nossa cidade.

O exercício dessa conversa com o nosso futuro não pode ser procrastinado, como fazemos mecanicamente. Amanhã, eu vejo isso. Segunda-feira, eu começo meu regime para emagrecimento. Se der eu passo lá. Pode ser tarde para te dizer o quanto que você é importante para a minha vida. Coragem. Melhor feito do que perfeito!

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Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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