Prevenção ao suicídio na velhice!

Por Jose Anisio Pitico

11/09/2022 às 07h05 - Atualizada 09/09/2022 às 19h46

Tem sido comum no nosso calendário anual associar cores aos nossos desafios sociais e de saúde, para chamar a atenção da cidade sobre algum tema da nossa convivência. Por exemplo: mês que vem teremos o Outubro Rosa para o câncer. Depois, Novembro Azul para a próstata. E assim vai. É sobre o “Setembro Amarelo” que desejo compartilhar essas linhas de hoje. Na referência ao suicídio, ao autoextermínio de vida. Respeitadas as recomendações específicas para a sua publicação nos meios de comunicação, é um assunto que é muito pouco falado e comentado publicamente. Mesmo na literatura especializada, de um modo geral, esse assunto passa batido na rotina dos serviços de saúde. No ambiente da geriatria e da gerontologia, estudos científicos demonstram a grande prevalência desse evento no grupo das pessoas idosas.

É nesse ponto que eu desejo desenvolver um pouco mais. É muito comum no nosso relacionamento dentro de casa com as nossas pessoas idosas, desconsiderar suas queixas, mágoas e falas de tristezas e de angústias. Naturalizamos. Desprezamos. É assim mesmo. São coisas da idade. São manias. Não liga, não. Temos que ligar, sim! Urgentemente. Temos que dar ouvidos e atenção. Ele ou ela estão pedindo socorro. Não é brincadeira. Uma diferença de comportamento entre os mais velhos e os mais jovens diante das falas suicidas, ideações; é que os mais novos ensaiam, ensaiam, e, muitas vezes, não chegam a termo; enquanto que as pessoas idosas com determinação fazem o que falam. Mais uma vez, eu penso. É preciso estar por perto e ajudar, buscar intervenção profissional, enquanto há tempo. Para que os familiares, amigas e amigos não sintam, como é muito comum, remorsos e culpas futuras diante do fato consumado.

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E os motivos para uma pessoa idosa desejar seu fim, são muitos e bem variados. Consciente ou inconscientemente. Trilhando por um campo mais estreito e apertado da bioética, existem aqueles que desejam a sua terminalidade à frente de um quadro inexorável de progresso de uma doença. Outros, que a pretexto de se livrarem de suas dores terríveis _ visíveis ou invisíveis – acabam por subtraírem a própria vida. São universos particulares de muita luz e de muitas sombras. Outros e outras que são suicidados. Mortos em vida pela indiferença social e pública. Quais são as candidatas e candidatos à próxima eleição, há menos de um mês de sua realização, que apresentam projetos políticos de defesa da vida das pessoas idosas, que se encontram à beira de um precipício de sua morte? Sem saúde, sem comida e sem proteção social.

Para casos de sofrimento mental, suicídio e outras situações que perturbem a nossa vida, é interessante conhecer e procurar o importante serviço do CVV. Centro de Valorização da Vida, que faz um trabalho voluntário extraordinário nesses casos. E, às vezes, é pouco conhecido. O telefone de contato é o 188 e, em JF, tem.

Entendo que essa sensibilização sobre a prevenção ao suicídio em qualquer idade deve acontecer o tempo todo. Porque sabemos que a ocorrência desse evento existe em várias etapas da nossa vida: adolescentes, jovens e adultos. O que eu trouxe aqui é chamar a atenção da comunidade sobre o número considerável e alto de pessoas idosas que saem de cena, deliberadamente, muitas vezes com a nossa permissão. Pela nossa passividade e pela falta de compaixão humana. Será esse o nosso fim?

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Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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