Vidas idosas importam!

Por Jose Anisio Pitico

09/10/2020 às 07h00 - Atualizada 08/10/2020 às 20h21

Diariamente a TV e a internet mostram casos e mais casos de mortes de pessoas em atos violentos, motivados, na maioria das vezes, por uma onda crescente de ódio, configurada em perversos preconceitos de cor, idade, definição sexual, etnia, gênero e condição financeira. Bolhas humanas que não se misturam e não se toleram. A violência, na verdade, atinge a todos nós, basta estarmos vivos nessa sociedade dominada pelo medo e que apresenta incerteza de futuro, diante de tanta falta de valorização da vida humana. Hoje nossa vida está por um fio. Crianças abandonadas, jovens sem ofertas de sonhos, velhice desamparada. Que país é esse?

Novo mundo é possível e necessário. Pela política podemos mudar nosso destino. Começando pelo amanhã de nossa cidade com eleições municipais daqui há pouco mais de um mês. E daqui há dois anos, eleições presidenciais. Vou sugerir aqui novamente meu pedido para que você, prezado leitor e leitora dessa Coluna, se tiver mais de 70 anos, não deixe de votar no próximo dia 15 de novembro. Saia de casa, logo pela manhã, e demonstre sua participação. Pela sua escolha, você apostará em um tipo de cidade que deseja para si e para os outros.

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Compare a trajetória e a proposta – plano de governo – das candidatas e dos candidatos ao Executivo Municipal. Essas eleições são atípicas em função da pandemia que alterou completamente a nossa rotina em todos os quadrantes de nossa vida. Não tenham medo de comparecer às seções eleitorais, teremos toda proteção à nossa saúde com a disponibilização de equipamentos de segurança sanitária no período da votação.

Por falar na existência da pandemia, é preciso considerar que a população idosa teve mais visibilidade, apareceu um pouco mais no noticiário físico e virtual de nossa comunicação social. Redes sociais. Uma presença vista, negativamente. Desprezados e desvalorizados no contexto social, denotando situação de gerontofobia (ojeriza aos mais velhos). Recusa às pessoas pela idade delas, mesmo que elas tenham competência e conhecimento no desempenho de sua carreira profissional em qualquer setor. Isso tem nome. É etarismo. Ageísmo. Expressões que significam todo e qualquer preconceito contra as pessoas idosas pelo número de anos que elas possuem.

Para enfrentar essa situação presente de muitos preconceitos em relação aos idosos nas sociedades, não só aqui no Brasil, mas também fora do nosso país, a SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, de mãos dadas com outras entidades e organizações científicas da Geriatria e Gerontologia do mundo inteiro, lançou em setembro, uma campanha de sensibilização global sobre os direitos das pessoas com 60 anos ou mais. Concretizada na expressão “Old lives matter”. Algo assim, em livre tradução, como sendo, “A vida do idoso importa”!!! Com grande repercussão, essa campanha não deseja ter dia para terminar, porque seu objetivo é permanente: chamar atenção do mundo sobre a importância das Pessoas Idosas. Nosso maior patrimônio.

A atenção pública da cidade às pessoas idosas vai bem no ritmo do movimento das águas do Rio Paraibuna, “devagar e quase parando”. Embora há mais de 30 anos, na esteira da filosofia necessária de Albert Camus, como em seu “O Mito de Sísifo”, venho comunicando sobre a existência das pessoas idosas na cidade. Na esperança de que cada dia mais, a presença das pessoas idosas seja notada e que faça parte da agenda pública da cidade, na luta incessante por seus interesses e necessidades sociais e de saúde.
A organização política dos idosos se faz necessária diante de um enorme contingente de pessoas com 60 anos ou mais em Juiz de Fora. São mais de 100 mil pessoas. Organização que pode se dar através da participação deles e delas, por exemplo, no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa ou na Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. Nas Associações Comunitárias dos bairros. Conselhos Locais de Saúde. Grupo de idosos dos CRAS. Movimentos religiosos. E outros.

O principal gesto de cidadania da população idosa, portanto, estará consagrado, com a presença em massa, das eleitoras idosas e eleitores idosos no dia 15 de novembro nas eleições municipais. Seu voto pode mudar o futuro da cidade. Não deixe de votar.

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Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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