Reunião de domingo!

Por Jose Anisio Pitico

04/12/2022 às 07h00 - Atualizada 02/12/2022 às 15h04

Minha fome e minha sede de comer e de beber da presença de algumas pessoas vêm de longe, vêm de pequeno, vêm de pitico que sou. Eu começo em Porciúncula, cidade que me escolheu para ser o seu berço. Nasci no Hospital Municipal sob as mãos de um anjo protetor que atendia pelo nome de Dr. Antonio Jogaib. Deus o tenha!

Os sete anos de idade – de 1961, ano do meu nascimento, ao ano de 1968 – é o marco da nossa viagem para a aventura de descobrir o mundo e realizar o nosso futuro: o dos meninos em idade tenra e o dos pais na ascensão material. Esse foi o tempo que fiquei com a família nessa cidade pequena de nome comprido. E foi o período suficiente para aprender – já na cidade grande – sobre minhas necessidades afetivas trazidas na mudança do caminhão do Jair Madureira e que estão comigo a vida inteira, nessa trajetória que estou construindo.

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De Porciúncula, eu carrego na alma a necessidade de me expressar, comunicar e de me relacionar com as pessoas, começando dentro de casa com as pessoas da família. O que ficava evidenciado nas reuniões familiares natalinas, próprias desse dezembro que se iniciou nessa semana, e que estão coladas à minha memória, desde há um bom tempo, quando tínhamos as presenças dos meus avós, seu Doca e dona Nilta. Não tem como seguir adiante sem essa gostosa marca e doce lembrança.

Trago também na mala da vivência da passagem do tempo em mim a necessidade cada vez maior de celebrar o encontro com pessoas queridas, com familiares, aqueles que são íntimos – mais do que pela pura casualidade ou não – da consanguinidade – e com amigas e amigos. O exercício do trabalho profissional me deu oportunidades para selar amizades, que levo para dentro de casa. O futebol, no meu caso, também me deu amigos. Aliás, me deu o melhor amigo do mundo: o meu pai.

O “Rivelino” do asfalto. Foi com a bola no pé que eu o tive. Na tabelinha do afeto e da intimidade de nossas vidas. Eu jogava bola com ele na Rua do Quartel do 10° Batalhão de Infantaria, no Bairro Fábrica, nas tardes de sábado, quando ele chegava de viagem. O futebol sempre foi e é motivo de realizar encontros. São jogadas para além do gol.

No tempo presente, persisto na caminhada pela promoção de velhas e novas formas e maneiras de celebração da vida, afinal de contas, como na impecável interpretação musical do imortal João Gilberto, “é impossível ser feliz sozinho”, canção do genial artista Antonio Carlos Jobim.

Fui conhecer o ritual que é fazer um churrasco em casa aqui em Juiz de Fora, mesmo convivendo nos açougues que os meus tios tinham. É uma outra poderosa estratégia para reunir. Para mim, quanto mais demorar, durar, melhor é. Semelhante a pescar. Quanto mais eu demoro a pescar, mais eu aprendo coisas da vida. Religiosamente, aos domingos, na varanda terapêutica, reúno-me aos meus familiares, na casa dos meus pais, hoje, moradores, para sempre, na nossa espiritualidade.

Naturalmente, caro leitor e leitora, cada um de vocês, cada uma, se desejar, vai ativar encontros familiares e de amigo/as, de acordo com as culturas existentes nos círculos de vocês. Penso que o mais importante mesmo é ter motivos para estar com as pessoas, aquelas que a gente ama, trocar energias, jogar conversa fora, “perder tempo” falando da vida e falando de nós: criar oportunidades e aparelhos de conversas. É o que vale.

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Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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