Fora da Política, não há salvação!
O título da Coluna de hoje me conduz a uma afirmação muito importante e interessante no movimento religioso e que não devemos(eu) esquecer nunca: fora da caridade não há salvação! E não há mesmo! Eu acredito pra valer nessa grande verdade. E entendo que ela deve ser praticada no nosso dia a dia nas relações com as pessoas, porque o registro bíblico já nos adverte: a fé sem obras é vã. Muitas das vezes, é necessário ter caridade com a gente mesmo. É preciso saber contar com esse recurso espiritual pelo amor-próprio e pela compaixão. Fazer a caridade é um belíssimo gesto. Mas se alcança notoriedade gratuita para outros interesses, ela cai e perde a sua luz, na minha opinião. Fazer caridade para aparecer é uma ilusão. O que a sua mão direita faz, a esquerda não precisa saber.
Na relação política, que por sinal, ainda estamos frescos dela, saindo do resultado das urnas das eleições municipais, o princípio franciscano do é “dando que se recebe” ganha realidades cínicas e meramente interesseiras, desrespeitosas com a ética pública, convenientes com a aposta estabelecida pela maioria dos agentes políticos. Acredito que não seja com todos. No exercício do fazer política, ainda temos relações sujas e enlameadas, mas que aos poucos, a cada eleição, acredito, vão se depurando, tornando-se menos comum a prática dessa caridade enviesada para fins pessoais e eleitoreiros, menores.
Sobre o que surgiu das urnas com o fim das eleições municipais realizadas em todo o país, o cenário aponta que foi muito expressivo o número de eleitores que não votaram. O que para alguns analistas políticos justifica-se pela pandemia. E também, convenhamos, há um descrédito muito grande da população, de um modo geral, nos agentes políticos. Mas como percebo que a sociedade é dinâmica e acredito que a história da humanidade não está dada e nem concluída e que o sonho não acabou, tivemos boas surpresas. Surpresas, não. Momentos históricos. Resultados de muitas lutas – “dando e recebendo cotoveladas” – e persistências. Como o que aconteceu em nossa cidade. Pela primeira vez, passados 170 anos, Juiz de Fora será liderada, a partir do mês que vem, por Margarida Salomão, primeira mulher a ocupar a Prefeitura. Depois de 12 anos de tentativas. Desejo e espero que teremos uma cidade para todas as idades.
Outro sinal que veio das urnas no domingo passado é sobre o conceito de que a política é terra arrasada, “ninguém presta”, “todo mundo rouba”; portanto, o candidato ou a candidata concorrente a um cargo público tem ser uma pessoa nova, ou uma pessoa, de preferência, que não seja um político, como se isso fosse possível. Tanto não é possível que os eleitores e as eleitoras escolheram políticos já inseridos no ambiente público e com experiência e conhecimento na área. Como se deu aqui. Dessa vez, os outsiders, os calouros, não lograram sucesso. A população deseja ter alternativas e soluções para os seus problemas. E é pela ação pública – política – que uma nova cidade pode ser construída. Ou um outro país pode ser construído. E para a pavimentação dessa estrada política é fundamental ter a participação das pessoas, de todas elas, sem que ninguém fique de fora. Por isso que eu acredito que fora da política não há salvação! A nossa vida passa por essa via. E aqui reitero minha recomendação para que as pessoas idosas não deixem de participar dos espaços públicos de tomada de decisões. Exemplo contundente dessa realidade foi a participação expressiva de Luiza Erundina, que os seus 87 anos, não a impossibilitou de concorrer à Prefeitura de São Paulo. Provando e comprovando que a idade não impede ninguém de realizar seus sonhos. De que velhice não é doença. Aqui perto de nós, como fiz referência na semana passada, tivemos a eleição do prefeito mais longevo do país. 95 anos. José Braz. Da vizinha e acolhedora cidade de Muriaé.
Para a nossa cidade, espero com muita fé, que o novo governo municipal, promova um investimento político na mobilização social para a participação das pessoas idosas em fóruns públicos de participação social. Como o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. A Câmara Sênior da Câmara Municipal. E a própria Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara de Vereadores.
Parabéns, Prefeita eleita Margarida Salomão!